Cabeto Martins, o Dr. Cabeto, foi o convidado do café da oposição na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) nesta quarta-feira, 28. O momento aconteceu no gabinete do deputado Cláudio Pinho (PDT) e contou com membros do PL, PDT e União Brasil.
Na ocasião, o ex-secretário da Saúde durante metade do segundo mandato do então governador Camilo Santana (PT) criticou a atual gestão do Executivo cearense. Uma das falas foi sobre a transferência do Hospital e Maternidade José Martiniano para a Polícia Militar do Ceará (PMCE). O movimento foi autorizado pelos deputados da Assembleia Legislativa (Alece), mas não foi concretizado por ser questionado por órgãos em ação judicial.
Em entrevista coletiva, Cabeto disse que a medida do governo de Elmano de Freitas (PT) é uma demonstração de "pouca eficiência" e parece estar fazendo mais um agrado a classe dos policiais.
"Acho que põe em risco a sistemática do SUS (Sistema Único de Saúde) e do financiamento. Depois, você tira equidade do processo. E aquele hospital não tem sequer a condição de atender a demanda que essa classe precisa, nem vai ter. Eu discordo da metodologia e eu acho que é mais do mesmo. Coisas emergenciais sem planejamento a médio e longo prazo", afirmou.
Prosseguiu: "Me parece muito mais um ato político do que um ato técnico. Não que o ato político seja ruim, mas precisa obedecer um critério de custo e efetividade se não você quebra o Estado. Não existe nada caro, existe coisa que não dá resultado e não é necessária".
O ex-gestor disse que o governo estadual está "sem norte e sem planejamento". Segundo ele, a gestão não deixa claro qual é o seu projeto para a área e tem "surtos de lançamentos". Ele citou que essa falha passa não só pela pasta específica, mas também pelo governador.
"O que pra mim tá muito claro é que o Estado está desnorteado. Ele não deixa claro para sociedade qual é o projeto, como ele vai medir isso para que as pessoas realmente percebam que tem possibilidade de melhora", declarou.
"Acho que a gestão de saúde, que não inclui só secretário, inclui governador, inclui a Casa Civil, ela vai muito mal. Principalmente quando não deixa claro qual é o projeto e a minha impressão é que esse governo não tem projeto. Ele tem surtos de lançamentos: 'Eu vou transformar o hospital para a Polícia' ou 'o Hospital da UECE virar Hospital Universitário do Ceará'", destacou Cabeto.
Questionado sobre as mudanças das políticas de quanto era secretário da Saúde para agora, o médico classificou não como alterações, mas como "cavalo de pau". Sua visão é que houve "destruição e deixou de existir".
"A regionalização morreu. A questão da valorização dos hospitais universitários e ampliação das residências não aconteceu. A eficiência e a forma de contratação não aconteceu, a Funsaúde foi extinta de uma maneira absurda", afirmou. Por essa fala, Cabeto disse ser o motivo de que um grupo político não pode se eternizar no poder.