Cotado como candidato ao Governo do Estado em 2026, o senador Eduardo Girão (Novo) descartou apoio ao ex-prefeito Roberto Cláudio. Segundo Girão, a chapa da direita ano que vem, principalmente depois dos resultados de 2024 em Fortaleza, "deve ser puxada pelos autênticos conservadores, hoje representados pelo Novo e PL".
Ainda de acordo com ele, líderes dessas legendas "têm mais legitimidade" para representar esse bloco, "até porque não participaram das últimas gestões no Estado, não tendo suas ideias testadas a nível regional". Roberto Cláudio deve se filiar ao União Brasil.
Embora não cite diretamente RC, Girão se refere ao ex-prefeito, que compôs a base de sustentação nos oito anos dos governos de Camilo Santana, ex-chefe do Executivo estadual e hoje ministro da Educação.
Sem pretensões de concorrer a mais um mandato como senador, o congressista do Novo disse que essa ala à direita pode até "ter apoios durante esta caminhada de pujante construção partidária, mas a população quer e merece ver coerência para ter perspectiva de alternância de poder".
Para ele, no entanto, é importante "propor mudanças de fato sobre o grande desafio que o cidadão de bem vive hoje, especialmente no quesito saúde e segurança pública, fruto peçonhento de mais de uma década de desmandos da oligarquia de PT e PDT".
O parlamentar acrescentou que os "responsáveis por essa tragédia, que tem gerado medo e revolta em nossos conterrâneos, são aqueles que estavam juntos há poucos anos, quando, entre uma e outra eleição, apenas trocavam de nomes e as cores da camisa, embora a velha prática da barganha, cooptação e troca de favores sejam as mesmas".
Camilo e RC eram aliados durante todo o período em que governaram, passando pela reeleição do então prefeito, em 2016. Naquele ano, o governador petista aderiu à campanha do gestor municipal apenas no 2º turno - no primeiro, o PT havia apresentado Luizianne Lins como concorrente, tendo Elmano de Freitas como vice.
Quatro anos depois, Camilo e RC estariam novamente juntos, agora em torno da eleição de José Sarto (PDT) em Fortaleza. Mais uma vez, o PT e o governador se distanciariam na fase inicial da briga pelo voto do fortalezense. Com Sarto avançando ao 2º turno, porém, Camilo entrou em campo para ajudá-lo a derrotar Capitão Wagner, ferrenho opositor do bloco do qual RC fazia parte.
Esse quadro só se alteraria em 2022, quando PT e PDT romperam em meio ao processo de escolha do candidato que sucederia a Camilo.
O cenário agora voltou a se redesenhar, com a desfiliação de RC do PDT e a aproximação com o bloco de oposição na esteira dos reveses tanto de 2022 quanto de 2024 - o ex-prefeito foi às ruas emprestar capital político ao deputado federal André Fernandes (PL).