As pouco mais de 24 horas durante as quais Jair Bolsonaro (PL) esteve em Fortaleza, entre quinta-feira, 29, e sexta-feira, 30, da semana passada, redirecionaram as articulações da oposição para as eleições de 2026 no Ceará. O ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio saiu como alternativa preferencial para concorrer a governador, embora ainda haja divisões internas.
O senador Eduardo Girão (Novo) também tem defensores no núcleo do bolsonarismo. Mas, até se chegar a esse ponto, houve uma tarde de muitas conversas que entraram pela noite.
O ex-presidente chegou a Fortaleza no fim da manhã e seguiu direto para a churrascaria Nativas Grill, no Meireles, onde almoçou com apoiadores. À tarde, seguiu para o hotel Gran Marquise, na Beira Mar. Por volta de 16 horas, ele se reuniu com dez parlamentares do PL cearense: os vereadores de Fortaleza Bella Carmelo, Julierme Sena, Inspetor Alberto, Marcelo Mendes e Priscila Costa; o vereador de Caucaia Tancredo dos Santos; os deputados estaduais Alcides Fernades e Dra. Silvana e os deputados federais Dr. Jaziel e André Fernandes.
O assunto chegou às articulações da oposição para as eleições do próximo ano no Estado. Bolsonaro deu o aval para que a decisão seja tomada pelo grupo local. André Fernandes tomou a frente e perguntou aos presentes quem eles consideravam que seria o melhor candidato. A maioria dos presentes citou preferência por Ciro Gomes (PDT).
Então, Bolsonaro disse que queria falar com Ciro. Porém, foi informado que o ex-governador não estava em Fortaleza na ocasião. Foi feita referência, então, à declaração feita por Ciro, na véspera, de que não seria candidato a governador e que apoiaria Roberto Cláudio.
Mencionou-se também Eduardo Girão, que teria o apoio do colega de Senado, Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral nacional do PL e que, dias antes, havia descartado ao O POVO a hipótese de apoio do partido a Ciro. No encontro entre Bolsonaro e os parlamentares cearenses, não houve manifestações favoráveis a Girão como candidato. Um dos fatores apontados foi o desempenho na eleição para prefeito de Fortaleza no ano passado, quando recebeu 1,06% dos votos.
André Fernandes, então, perguntou se todos concordavam em apoiar Roberto Cláudio. Na ausência de Ciro no páreo, o grupo deu aval ao ex-prefeito, que havia anunciado poucas horas antes a desfiliação do PDT.
Bolsonaro passou quase todo o tempo de braços cruzados. Mais ouviu do que falou. O encontro terminou por volta de 17h20min.
A vereadora Bella Carmelo, que praticamente não se manifestou durante a reunião, foi a primeira a ir embora. O marido dela, deputado estadual Carmelo Neto, presidente estadual do PL, não participou daquele encontro.
Roberto Cláudio chegou no hotel às 17 horas. Desde o começo da semana, havia tratativas para que ele encontrasse Bolsonaro. Enquanto o ex-presidente ainda estava com os parlamentares do PL, o ex-prefeito permaneceu no restaurante, com Rogério Marinho. Carmelo foi encontrá-los.
Por volta de 17h30min, o ex-prefeito foi recebido pelo ex-presidente em um quarto do hotel que Carmelo havia reservado. No encontro, além dos dois, estiveram presentes Rogério Marinho, Carmelo e André Fernandes.
Roberto Cláudio comunicou que, com a saída do PDT, iria se filiar ao União Brasil. Não houve convite para filiação ao PL. A vaga que o partido pleiteia é uma das duas candidaturas a senador, com o deputado Alcides Fernandes, pai de André. Também não foi tratada da possibilidade de Ciro Gomes ser candidato ao governo.
O encontro serviu para Roberto e Bolsonaro se conhecerem. O ex-prefeito deverá ir a Brasília em breve para mais um momento de aproximação. A conversa foi classificada como "excepcional" por Carmelo. Eles trataram da importância de formar uma aliança da oposição contra o PT no Ceará.
Eduardo Girão também foi convidado para ir ao hotel, convite feito por Marinho e pelo próprio Bolsonaro. Ele chegou por volta de 18h30min, viu o ex-presidente descer do elevador. No saguão e de passagem, também encontrou Roberto Cláudio. De lá, eles seguiram para o restaurante Coco Bambu no Meireles, onde jantaram com apoiadores.
Conforme o deputado Carmelo Neto, Girão poderá deixar o Novo e se filiar ao PL para ser candidato a governador. Ele está, juntamente com RC, entre os pré-candidatos ao Executivo cearense pelo bloco da oposição, como apontou Rogério Marinho.