O ex-presidente Jair Bolsonaro disse ontem que depositou R$ 2 milhões para ajudar a custear as despesas de seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) que está nos Estados Unidos e é alvo de inquérito pela suspeita de incitar o governo norte-americano a adotar medidas contra autoridades brasileiras.
Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal (PF). Na saída, ao ser questionado por jornalistas, o ex-presidente disse que o repasse foi feito a pedido de Eduardo e que o dinheiro veio dos R$ 17,2 milhões recebidos via Pix em sua conta pessoal nos primeiros seis meses de 2023.
"Vocês sabem que, lá atrás, eu não fiz campanha, mas foram depositados na minha conta R$ 17 milhões. Eu botei R$ 2 milhões na conta dele [Eduardo]. Lá fora, tudo é mais caro. Eu tenho dois netos, repito, um de 4 e o outro de 1 ano de idade. Ele [Eduardo] está lá fora, eu não quero que ele passe dificuldades. É muito? É bastante dinheiro. Lá nos Estados Unidos pode ser nem tanto, dá uns 350 mil dólares, mas eu quero o bem-estar dele", argumentou Bolsonaro.
A investigação foi aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que vê na atuação de Eduardo Bolsonaro o cometimento de crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigações sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado de Direito.
O depoimento de Bolsonaro foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Ele quer esclarecimentos sobre Bolsonaro ser "diretamente beneficiado" pelas ações de seu filho.
O ex-presidente negou qualquer tipo de 'lobby' ou ação de Eduardo para que o governo dos Estados Unidos adote sanções contra autoridades brasileiras.
"Eu converso com o meu filho de vez em quando. O trabalho que ele faz lá é por democracia no Brasil. Não existe sancionamento de qualquer autoridade, aqui ou no mundo, por parte do governo americano por lobby. É tudo por fatos, então não adianta ninguém querer jogar para cima dele", disse.
O ex-presidente disse que não vê irregularidade na conduta do filho. "É uma perseguição, no meu entender", disse. (Agência Brasil)