A fuga da deputada federal Carla Zambelli (PL) do País é a cereja de um bolo fermentado por ela mesma e que agora explode na cara da deputada. Condenada a dez anos de prisão por envolvimento em invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli passou, nesta semana, ao status de foragida, tornando-se símbolo do esgotamento de uma estratégia política que se retroalimenta de confrontos institucionais e desinformação.
Rifada pelos seus outrora aliados bolsonaristas, Zambelli agora está escanteada em algum lugar da Itália, torcendo para se livrar de uma eventual retorno forçado ao Brasil. O marido, o cearense Cel. Aginaldo, acompanhou a amada na empreitada, deixando vácuo na pasta da segurança pública de Caucaia, assumida por ele neste ano e, agora, interinamente por outro nome.
As posturas de Zambelli e Aginaldo falam um pouco sobre suas prioridades. Ao longo dos anos, estiveram dentro de um guarda-chuva narrativo que abarcava suposto patriotismo, defesa dos interesses nacionais e luta contra um fantasma comunista (inexistente) - prática que não é novidade mundo afora. Zambelli e Aginaldo e outros similares estão num grupo de ditos patriotas que abandonam o país para se autopreservar, abandonando obrigações e tudo aquilo que não os interessa. Quando a situação aperta, somem e priorizam o particular.
Zambelli esteve por anos na linha de frente de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também se tornou réu em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Agora está condenada, foragida e atenta, olhando por cima dos ombros, do outro lado do Atlântico.