O ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) afirmou que "não tem porque" condená-lo, em intervalo durante as audiências para interrogar o político e outros sete colaboradores acusados de tentativa de golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. Os interrogatórios iniciaram nesta segunda-feira, 9, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao ser questionado sobre uma possível prisão, Bolsonaro responde: "Não tem preparação para nada. Não tem, não tem porque me condenar. Eu tô com a consciência tranquila".
Também nesta segunda-feira, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid confirmou que Jair Bolsonaro pediu o monitoramento da rotina do ministro do STF Alexandre de Moraes, relator da ação penal do golpe. Em coletiva de imprensa, o ex-presidente disse não ter problema com Cid.
O tenente-coronel do Exército serviu como auxiliar de Bolsonaro por quatro anos. Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Cid foi o primeiro réu do núcleo 1 da trama golpista a ser interrogado por Moraes. O militar também está na condição de delator nas investigações.
"Meus advogados não conseguiram acesso a todas as informações. Eu não vou confrontar o Cid aqui", acrescentou o ex-presidente.
Apesar da medida cautelar que proíbe a comunicação entre réus, Cid e Bolsonaro se cumprimentam durante os interrogatórios, após autorização especial do ministro do STF.
No depoimento desta segunda, Cid disse que o ex-presidente e o general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo e vice na chapa de 2022, esperavam encontrar uma fraude nas urnas para justificar uma intervenção militar no país.
Por esse motivo, segundo Mauro Cid, o ex-presidente pressionava o general Paulo Sergio Nogueira, ex-ministro da Defesa, a insinuar que não era possível descartar a possibilidade de fraudes na votação eletrônica.
"A grande expectativa era que fosse encontrada uma fraude nas urnas. O que a gente sempre viu era uma busca por encontrar fraude na urna. Com a fraude na urna, poderia convencer os militares, dizendo que a eleição foi fraudada e, talvez, a situação mudasse", declarou.
Bolsonaro é um dos réus no STF após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que narra uma suposta tentativa de golpe de Estado. Até o 13 de junho, o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, vai interrogar presencialmente os réus, entre eles, Bolsonaro e o general Braga Netto.
Ontem, além de Mauro Cid, foi ouvido Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A partir de hoje, os demais réus serão chamados, por ordem alfabética, para serem interrogados por Moraes. A sessão começa às 9 horas.
Com informações de João Paulo Biage, correspondente O POVO em Brasília