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OS Principais pontos do interrogatório de Mauro Cid
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OS Principais pontos do interrogatório de Mauro Cid

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"Bolsonaro revisou minuta"

O tenente-coronel Mauro Cid confirmou uma tentativa de golpe de Estado e que "presenciou grande parte dos fatos, mas não participou deles". O militar, contudo, negou que tivesse conhecimento prévio dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. O militar também negou ter sido alvo de qualquer tipo de coação para fechar a delação.

Cid afirmou que Bolsonaro recebeu no fim de 2022 a minuta de um decreto que previa a criação de uma comissão para organizar novas eleições. Esse rascunho também mencionava a prisão de ministros do STF e membros do Legislativo. Cid disse que Bolsonaro alterou esse trecho do documento e manteve apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes. "Ele enxugou o documento, basicamente retirando as prisões das autoridades. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso", disse Cid.

Envolvimento de militares

Cid afirmou que havia pressão sobre o comando das Forças Armadas para que fosse assinado um documento decretando Estado de Defesa ou Estado de Sítio. Mas, segundo Cid, o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi o único comandante militar que aderiu ao plano. O tenente-coronel também relatou que o general cearense Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres e réu no STF, afirmou a ele que o Exército iria cumprir uma ordem golpista de Bolsonaro caso o ex-presidente assinasse um decreto com as determinações. Cid também confirmou que recebeu do ex-ministro Braga Netto, general da reserva do Exército, uma caixa de vinho cheia de dinheiro vivo para entregar ao tenente-coronel Rafael de Oliveira — militar suspeito de liderar um grupo que planejava matar Moraes, Lula e Alckmin. Mauro Cid relatou que Braga Netto era o elo entre Bolsonaro e os acampamentos instalados em frente a quartéis pelo país.

Pressão para produzir relatório contra urnas

Mauro Cid também disse que Bolsonaro pressionou, em 2022, o então ministro da Defesa, o cearense Paulo Sérgio Nogueira, para produzir um relatório "duro" para lançar suspeitas sobre a lisura do processo eletrônico de votação. "A grande expectativa era que fosse encontrada uma fraude nas urnas". No entanto, o relatório entregue pelos militares não apontou fraudes no sistema. "No final, foi meio termo, nem como o Paulo Sérgio tinha rascunhado, nem como o presidente queria", disse Cid.

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