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Moraes autoriza soltura de ex-ministro de Bolsonaro suspeito de tramar fuga de Mauro Cid
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Moraes autoriza soltura de ex-ministro de Bolsonaro suspeito de tramar fuga de Mauro Cid

|Pedido da PGR| Chefe do Ministério Público Federal, Paulo Gonet, alegou que uma fuga teria sido articulada com a proximidade do encerramento da instrução da ação do golpe no STF
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EX-MINISTRO do Turismo, Gilson Machado tinha sido preso preventivamente (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil EX-MINISTRO do Turismo, Gilson Machado tinha sido preso preventivamente


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que havia sido preso preventivamente na manhã desta sexta-feira, 13, sob suspeita de ajudar o tenente-coronel Mauro Cid a fugir do País.

Segundo Moraes, 'com as diligências realizadas pela Polícia Federal, a prisão preventiva não se faz mais necessária, podendo ser substituída por medidas cautelares alternativas'.

A PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeitam que Machado tentou conseguir um passaporte português para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Agentes fizeram buscas na casa de Cid, em Brasília.

Na última quarta-feira, 11, uma investigação autônoma foi aberta para verificar se Machado atuou para conseguir um passaporte para Cid. O inquérito tramita em sigilo no STF, sob a condução do ministro Alexandre de Moraes, que decretou a prisão do ex-ministro. Moraes também é o relator da ação penal do golpe, que tem Bolsonaro e Cid entre os réus.

Quando a informação sobre uma possível tentativa de fuga do tenente-coronel veio a público, Machado alegou que só entrou em contato com o consulado português, em maio, para ajudar o pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães, a renovar o passaporte.

No entanto, ao pedir a prisão preventiva do ex-titular do Turismo, a PGR afirmou que há "forte possibilidade" de que ele tenha tentado ajudar Cid em um plano de fuga do Brasil. No dia 12 de maio, Machado procurou o consulado de Portugal, na capital pernambucana. Para a Procuradoria, o objetivo era conseguir um documento para o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e, com isso, "viabilizar sua saída do território nacional". O passaporte não foi emitido.

Em manifestação a Moraes, o chefe do Ministério Público Federal, Paulo Gonet, disse haver indícios dos crimes de favorecimento pessoal e obstrução de investigação envolvendo organização criminosa. De acordo com Gonet, uma fuga teria sido articulada "tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual" da ação penal da trama golpista. Cid fechou delação premiada. Nesta semana, ele, Bolsonaro e outros réus do "núcleo crucial" do golpe foram interrogados no STF.

"A informação reforça a hipótese criminal já delineada pela Procuradoria-Geral da República e evidencia a forte possibilidade de que Gilson Machado e Mauro Cid estejam buscando alternativas para viabilizar a saída de Cid do País, furtando-se à aplicação da lei penal", escreveu Gonet em manifestação sigilosa ao STF.

O pedido foi enviado nesta quinta, 12, a Moraes. Gonet pediu "urgência". "A conclusão da fase instrutória da Ação Penal n.º 2 668/DF, na qual Mauro César Barbosa Cid é réu colaborador, e a proximidade de sua finalização com análise de mérito tornam premente a adoção de medidas mais gravosas, voltadas à garantia da aplicação da lei penal", justificou ele.

A PGR pediu também a prisão preventiva de Cid, mas Moraes ordenou apenas buscas e mandou o militar prestar depoimento.

A PF passou a monitorar a movimentação de Machado - que é sanfoneiro e tem uma banda de forró - desde que ele criou, em maio, por meio de seu perfil no Instagram, uma "vaquinha" para ajudar Bolsonaro a pagar despesas com advogados e médicos.

Um dos motivos que levaram a PF a abrir a operação de ontem foi a saída da família de Mauro Cid do Brasil. No último dia 30, os pais dele, Agnes Barbosa Cid e Mauro Lourena Cid, sua mulher, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, e uma das filhas do casal viajaram para Los Angeles, nos Estados Unidos. Eles não têm nenhuma restrição para deixar o País.

A defesa do militar disse que a família foi comemorar a formatura de um sobrinho e o aniversário de outra sobrinha do pai de Mauro Cid. A volta para o Brasil está prevista para 20 de junho. "Foram com passagens de ida e volta. E o passaporte supostamente requerido pelo Gilson Machado teria sido o português. Uma coisa não tem nada a ver com a outra", afirmou a defesa.

Machado: "Apenas pedi um passaporte para meu pai"

Ouvido pela Polícia Federal nesta sexta-feira, 13, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado negou ter ajudado o tenente-coronel Mauro Cid a planejar uma fuga do Brasil. Ele disse que "nunca procurou qualquer pessoa, em qualquer consulado ou embaixada de Portugal ou de qualquer outro país, buscando expedir passaporte para Mauro Cid".

Machado declarou que só entrou em contato com o consulado português para ajudar o pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães, que é idoso, a renovar o passaporte. O contato, segundo ele, foi feito por telefone, direto com o cônsul, e depois por meio de uma funcionária do consulado.

O ex-ministro afirmou que foi recebido pelos funcionários e "foi providenciada a expedição do passaporte do seu pai".

O ex-titular do Turismo disse que não tem contato com Mauro Cid desde 2022. Questionado sobre a data da última conversa com o ex-ajudante de ordens, Machado disse que não se recordava exatamente, mas que foi pouco depois das eleições, quando "prepararam juntos um documento para ser lido como discurso pelo então presidente em novembro daquele ano".

Ao chegar ao Instituto de Medicina Legal (IML), do Recife, para exame de corpo de delito, Machado se disse inocente.

"Venho a público reafirmar minha total inocência. Não cometi crime algum. Não matei, não trafiquei drogas. Apenas pedi um passaporte para meu pai, por telefone, no consulado português do Recife. Ele tem 85 anos. E o passaporte, se ele não recebeu, está para receber a renovação do passaporte português", afirmou o ex-ministro.

De acordo com o advogado de Machado, Célio Avelino, a defesa não teve acesso ao processo. "Ele (Machado) prestou depoimento, esclareceu o que perguntaram sobre se teria interferido para conseguir um passaporte para Mauro Cid."(AE)

 

Tenente-coronel Mauro Cid
Tenente-coronel Mauro Cid

Mauro Cid nega plano de fuga em depoimento

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL), negou nesta sexta-feira, 13, em depoimento à Polícia Federal (PF), em Brasília, ter montado um plano para fugir do Brasil. Ele foi ouvido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A ida de sua família aos Estados Unidos, no último dia 30, também colocou os investigadores em alerta. Os pais, a mulher e filha do tenente-coronel viajaram a Los Angeles.

Em depoimento, Mauro Cid negou a intenção de deixar o Brasil sem autorização judicial. Disse que tem cidadania portuguesa e lembrou que isso já havia sido comunicado ao STF em fevereiro. Na ocasião, os advogados se ofereceram para entregar a carteira de identidade portuguesa a Moraes.

Sobre a viagem da família, explicou que foram visitar parentes nos Estados Unidos, com data marcada para retorno.

Mauro Cid também foi questionado sobre as mensagens reveladas pela revista Veja, atribuídas a ele. Segundo a reportagem, o tenente-coronel usou um perfil no Instagram em nome de "Gabriela" para se comunicar com uma pessoa próxima ao círculo de Bolsonaro ao longo do processo de delação.

O ex-ajudante de ordens voltou a negar a autoria das mensagens. A primeira vez que ele foi questionado sobre os diálogos foi durante seu interrogatório na ação do plano de golpe. O tema foi levantado pela defesa do ex-presidente. (AE)

 

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