A última sexta-feira, 13, marcou, ao que parece, o fim de um curto namoro entre PSDB e Podemos, que negociavam, nos últimos meses, uma eventual fusão, tendo em vista questões eleitorais e de sobrevivência dos partidos de olho nas eleições gerais de 2026. A pá de cal no relacionamento foi uma discordância entre as respectivas direções nacionais sobre quem passaria a comandar a nova sigla e qual modelo seria seguido para renovar o comando da legenda ao longo dos anos.
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) declarou que o Podemos teria demandado que a deputada federal Renata Abreu, atual presidente nacional do Podemos, comandasse o grupo por quatro anos. Segundo Aécio, a proposta do PSDB incluía um rodízio com mudanças semestrais e depois anuais, para que, em 2028, uma eleição fosse feita para eleger um diretório nacional.
No Ceará, uma eventual fusão poderia gerar ruídos, uma vez que o Podemos compõe a base do governador Elmano de Freitas (PT), enquanto lideranças locais do PSDB atuam ou estão mais próximas da oposição à gestão petista. Ao O POVO, o presidente estadual do Podemos e ex-prefeito de Aracati, Bismarck Maia, comentou a suspensão das negociações e avaliou o cenário estadual com o desfecho.
“Ficaremos onde estava sempre previsto, atuando na situação, na base do governador Elmano de Freitas”, disse. O dirigente afirmou que ainda não houve comunicado oficial sobre o fim das negociações. “Não, não houve. Mantemos somente diálogo permanente sobre os fatos”, complementou.
Sobre uma eventual fusão com os tucanos no Estado e se a situação poderia gerar imbróglios entre grupos com interesses divergentes, Bismarck minimizou e revelou, inclusive, que esperava outro destino para as negociações entre os partidos.
“Creio que não (haveria problemas), acho que manteríamos a situação atual. Pela boa relação que tenho pessoalmente com o senador Tasso (Jereissati) e, por outro lado, pela confiança no que tínhamos acertado com a direção nacional do Podemos. Particularmente, e por visão geral da melhor política, eu estava torcendo muito pela fusão. Torço ainda pela reversão dos últimos fatos”, declarou o ex-gestor.
O POVO entrou em contato com o prefeito de Massapê e presidente estadual do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, para comentar o fim das negociações e o futuro do PSDB no Estado, mas não obteve retorno até o fechamento.
No âmbito nacional, interlocutores do Podemos declararam ser natural que o partido pleiteasse o comando da sigla inicialmente, pois calculam que, com 15 deputados federais - e mais dois por se filiar -, a legenda teria preferência ante o PSDB, que conta com 13 parlamentares na Câmara. No Senado, o Podemos também tem maioria: quatro senadores, contra três tucanos.
O PSDB continua em federação com o Cidadania até 2026, quando se abrirá espaço para oficializar junções com outras legendas. O movimento ocorre, a exemplo de 2022, por questões de sobrevivência e a partir do afunilamento de regras eleitorais, como a cláusula de barreira. Além disso, o PSDB tem registrado diminuição de bancadas federais e pode ficar, inclusive, sem governadores eleitos em breve.