O PDT se reuniu na manhã deste domingo, 15, para definir os rumos da sigla no Ceará. Encaminhou-se que a legenda trabalhista deverá integrar base do governador Elmano de Freitas (PT), após convite formal feito pelo petista na última sexta-feira, 13. Informação foi confirmada pelo presidente estadual do PDT, deputado federal André Figueiredo, ao jornalista Carlos Mazza, colunista do O POVO.
"A reunião teve como intuito reafirmamos, desta vez institucionalmente, nosso apoio à gestão municipal, do prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), e dialogar com o governador Elmano. Uma vez que ele fez um convite formal na última sexta-feira para que o PDT pudesse apoiá-lo institucionalmente", explicou. Na Capital, o partido oficializou a entrada na base de Evandro, parte do projeto composto por Elmano.
No Estado, o PDT era base do governo até pouco antes das eleições de 2022, quando um racha na base, desmembrou a sigla em grupos. Uma ala era favorável a manter a proximidade com o Palácio da Abolição e outro optou por atuar como oposição ao governo estadual. Na eleição de 2022, tanto o PT como o PDT apresentaram candidatos. Com a vitória de Elmano, então filiados à sigla brizolista tentaram retomar a aliança. Entre divergências, diversos parlamentares deixaram o partido com destino ao PSB, por conta do imbróglio que se estendeu por todo 2023.
Sobre a adesão ao governo estadual, mesmo com parlamentares ligados à oposição em suas fileiras, André explicou que Elmano está ciente da situação. "Mesmo tendo a compreensão de que os quatro deputados do partido tem uma linha de oposição. Mas para ele (Elmano), pela história que o PDT representa em termos de campo democrático da esquerda, seria uma sinalização positiva caso o PDT viesse a apoiá-lo", declarou. A adesão deve ser formalizada em breve.
Atualmente o PDT conta com quatro deputados estaduais atuando na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), todos com atuação no campo da oposição. Os parlamentares são ligados à ala dos ex-prefeitos de Fortaleza Roberto Cláudio e José Sarto e do ex-ministro Ciro Gomes. RC, inclusive, anunciou que se filiaria ao União Brasil; evento está previsto para ocorrer em julho próximo.
A saída de RC, que se aproximou politicamente de antes opositores como Capitão Wagner (União Brasil) e André Fernandes (PL), nomes vinculados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é um dos motivos que possibilitou a retomada de relações entre petistas e a cúpula do PDT no âmbito estadual.
Os deputados pedetistas com mandato Antônio Henrique, Cláudio Pinho, Lucinildo Frota e Queiroz Filho devem deixar o partido na janela partidária, de olho nas eleições de 2026, quando a legislação eleitoral permitir que façam o movimento sem risco de perda de mandatos. Dois deles devem ir para o PL e outros dois para o União Brasil.
Ao O POVO, o deputado Cláudio Pinho, que participou da reunião interna no último domingo, reafirmou divergências dentro da sigla e disse que, durante o encontro, questionou a aliança municipal. "Questionamos como pode o PDT ser uma das maiores bancadas (em Fortaleza) e ter tão pouco espaço no governo municipal, que vive batendo no PDT".
Na questão estadual, Pinho declarou que o acordo que se desenha não envolve os quatro deputados de oposição. Apesar disso, reconheceu que o destino provável do partido, tanto na Capital quanto no Estado, é de formalizar a adesão à base do projeto liderado pelo PT. "O presidente André vai voltar ao diálogo com governador Elmano. Tende a fazer aliança. Esse acordo não nos envolve. Estamos livres, e vamos aguardar mais na frente para definições de futuro partidário (dos deputados)".
Sobre a eventual adesão ao Governo do Estado, Figueiredo projetou ainda que o eventual retorno à base favorecerá bandeiras prioritárias da sigla junto ao Abolição. "E lógico, vamos apresentar uma agenda para o governo. Uma agenda contendo nossas principais sugestões, em relação a determinadas posturas que o governo venha a ter; especialmente nos campos da educação e da saúde", concluiu.