O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), considerou como “natural” a decisão do PDT de integrar a base da gestão estadual. Ele explica que o partido “tem um histórico no campo progressista” e reconhece que o governo deve ter um debate público com a ala da extrema-direita no Ceará.
Ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e do prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), o governador compareceu ao Seminário dos Gestores Públicos no Centro de Eventos do Ceará, nesta segunda-feira, 16. “Nós dialogamos, o PDT é um partido que tem um histórico no campo progressista, no Estado do Ceará, o que nós temos percebido claramente é que nós vamos ter um debate político, especialmente com a extrema-direita, como foi em Fortaleza”, afirma Elmano de Freitas.
Ele acrescenta: “Acho muito natural da história que o PDT tem, de quem foi Leonel Brizola, do André Figueiredo, da história que tem no Ceará e no Brasil, de caminharmos juntos”.
Desde 2022, o PDT passa por divergências e imbróglios. O governador reiterou o diálogo com a sigla. A saída do ex-prefeito Roberto Cláudio é um dos motivos que possibilitou a retomada de relações entre petistas e a cúpula do PDT no âmbito estadual.
O ex-pedetista se aproximou politicamente de Capitão Wagner (União Brasil) e André Fernandes (PL), antes adversários e nomes vinculados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e anunciou sua filiação ao União Brasil.
Na manhã deste domingo, 15, a sigla definiu alguns direcionamentos políticos para o Ceará. Após convite formal feito pelo próprio governador do Estado, encaminhou-se que a legenda trabalhista deverá integrar a base do governo. A informação foi confirmada pelo presidente estadual do PDT, deputado federal André Figueiredo, ao jornalista Carlos Mazza, colunista do O POVO.
Figueiredo também compareceu ao seminário nesta segunda-feira e disse considerar legítima a saída de Roberto Cláudio e de outros políticos já estava no horizonte. "Isso já era sinalizado há algum tempo. Então nós temos a compreensão de que é legítimo o posicionamento deles, eles nunca esconderam. Mas pra gente do PDT, e que faz o PDT há muitos e muitos anos, aliar com partidos que historicamente não são do nosso campo político, seria muito complicado", argumenta.
Sobre a relação entre PDT e o governo, Elmano afirma: “Desde que eu assumi como governador, eu procurei o PDT para conversar e fico muito feliz que nesse momento a gente possa aprofundar ainda mais".
"Temos mais conversas para realizar, sempre com muita humildade, ouvir do PDT aquilo que ele entende que é preciso aperfeiçoar, melhorar no nosso governo e vamos dialogar com muita humildade, buscando ter um partido importante, na minha opinião, do campo progressista do país e do Ceará para podermos aprofundar e avançar o nosso projeto”, acrescenta.
O governador ainda menciona ter dialogado com o União Brasil, futuro partido de RC, mas reconhece a divisão interna da sigla. “Nós já tivemos conversas com a União Brasil. Nós sabemos que no União Brasil tem uma divisão, tem parlamentares e lideranças que são da oposição, tem parlamentares que são da base do governo do presidente Lula, tem parlamentares da base do nosso governo. E nós vamos, evidentemente, dialogar permanentemente com todos os partidos que queiram colaborar”, explica.
Ao O POVO, o ex-prefeito Roberto Cláudio afirmou que Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil, reiterou o posicionamento da Federação UP, formada por União Brasil e Progressistas, de oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará. Apesar de hoje o Progressistas fazer parte da base do governo Elmano, RC já havia dito, em visita ao O POVO, que recebeu garantia de União Brasil na oposição.
Com informações de Rogeslane Nunes