O ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, no sábado, 21, ampliou o alcance do conflito no Oriente Médio e elevou o grau de tensão internacional. A ofensiva marcou uma escalada significativa nos confrontos que já duram dez dias e provocou reações imediatas de Teerã, que prometeu retaliação.
A comunidade internacional, liderada pela ONU, expressa preocupação com o risco de agravamento da crise.
Enquanto o governo americano afirma que o objetivo é impedir que o país iraniano adquira armamento atômico, autoridades do país persa classificaram a ação como "ato de guerra".
Ainda assim, o presidente Donald Trump considerou a possibilidade de uma mudança de regime em Teerã, contrariando a versão oficial de que a ofensiva não buscava derrubar o governo dos aiatolás.
"Não é politicamente correto falar em mudança de regime, mas o atual governo iraniano não pode tornar o Irã grande novamente. Por que não haveria uma mudança de regime? MIGA!!!", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social, referenciando à sigla "Make Iran Great Again", em alusão ao seu slogan de campanha "Make America Great Again".
Pouco antes, em mensagem difundida pela agência oficial de notícias Irna, Ali Akbar Velayati, conselheiro do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que as bases utilizadas pelas forças americanas seriam consideradas "um alvo legítimo".
"Os americanos têm que receber uma resposta para sua agressão", advertiu, em tom desafiador, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
"Vingança, vingança!" gritavam manifestantes com os punhos erguidos enquanto o presidente iraniano tentava abrir caminho entre a multidão em uma praça central de Teerã.
No dia 21 de junho, a operação americana "Martelo da Meia-Noite" atacou principalmente as usinas nucleares de Fordow, Isfahan e Natanz. Para a ofensiva, foram utilizados sete bombardeiros B-2 Spirit e mísseis lançados por submarinos.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, declarou que "o programa nuclear iraniano foi devastado". Posteriormente, o chefe do Estado-Maior, general Dan Caine, considerou que seria "muito cedo" para avaliar com precisão o alcance da operação.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que Israel "se aproximou" mais de seus objetivos no Irã após o presidente dos Estados Unidos ordenar o bombardeio contra instalações nucleares no Irã.
Nesta guerra, "já conseguimos muito e, graças ao presidente Trump, nos aproximamos de nossos objetivos", disse Netanyahu em coletiva de imprensa televisionada. "Quando forem alcançados, a operação vai acabar", acrescentou.
Em resposta à operação americana, as forças armadas iranianas atacaram, com mais de dez bombas anti bunker, vários lugares em Israel, incluindo o aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas.
Como resultado do crescente conflito entre as partes, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu em caráter de urgência neste domingo, 22, à pedido da República Islâmica. Na reunião, os governos da Rússia, China e Paquistão anunciaram a apresentação de um projeto de resolução na ONU que propõe um cessar-fogo "imediato e incondicional" na região do Oriente Médio.
No mesmo dia, o governo de Vladimir Putin emitiu um comunicado oficial onde declarou: "a decisão irresponsável de submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas, independentemente dos argumentos utilizados, é uma violação grosseira do direito internacional, da Carta da ONU e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que já classificaram inequivocamente tais ações como inaceitáveis".
Já a China, assim como o Brasil, condenou com veemência os ataques norte-americanos à nação iraniana. Segundo o embaixador chinês, Fu Cong, "os atos cometidos pelos Estados Unidos violam claramente os princípios do direito internacional, assim como a soberania, a segurança e a integridade territorial do Irã".
Na reunião, o embaixador do Irã acusou os Estados Unidos de darem início a uma guerra com "pretextos absurdos", depois dos ataques às suas principais instalações nucleares.
"Os Estados Unidos, país-membro permanente deste Conselho, [...] recorreram mais uma vez à força ilegal, lançaram uma guerra contra o meu país, com pretextos absurdos e inventados: impedir que o Irã adquira armas nucleares", afirmou Amir Saeid Iravani durante a reunião.
Apesar da ofensiva, o governo Trump sustenta que deseja "paz" e reafirma que sua intenção é unicamente impedir a aquisição de armas atômicas por Teerã.
"Não estamos em guerra contra o Irã, estamos em guerra contra o programa nuclear iraniano", declarou à emissora ABC o vice-presidente, J.D. Vance.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, reiterou as falas de Vance. "Se o que querem são reatores nucleares para ter eletricidade, há muitos outros países no mundo que fazem isso e não precisam enriquecer seu próprio urânio, eles podem fazer isso", declarou Rubio à Fox News.
No meio dos impasses diplomáticos, os ataques e contra-ataques continuam. Nove integrantes da Guarda Revolucionária morreram neste domingo, 22, em ataques israelenses contra o centro do Irã, segundo a mídia local, e outras três pessoas após um ataque contra uma ambulância.
O Exército israelense também anunciou ataques contra instalações de mísseis no oeste do Irã.
Nos últimos dez dias, os bombardeios israelenses atingiram centenas de instalações militares e nucleares iranianas e mataram militares de alto escalão e cientistas envolvidos no programa nuclear. O Irã respondeu com mísseis e drones, a maioria interceptados pelos sistemas de defesa aérea israelenses.
Os ataques israelenses contra o Irã causaram a morte de mais de 400 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do país persa. As represálias iranianas, por sua vez, causaram pelo menos 25 mortes, segundo números oficiais israelenses.