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Brasileiro narra prisão em Israel e anuncia nova intenção de ir a Gaza
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Brasileiro narra prisão em Israel e anuncia nova intenção de ir a Gaza

Ativista relata momentos desde a interceptação, negociação, prisão, greve de fome até a deportação
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Ativista brasileiro Thiago Ávila em entrevista ao O POVO News  (Foto: Reprodução/YouTube)
Foto: Reprodução/YouTube Ativista brasileiro Thiago Ávila em entrevista ao O POVO News

Thiago Ávila, 38 anos, é um dos ativistas que foram presos por militares de Israel ao tentar criar um corredor humanitário na Faixa de Gaza. A embarcação que ele compunha junto a outros 11 ativistas, entre eles a sueca Greta Thunberg, foi interceptada em 8 de junho.

Deportado, ele desembarcou no Brasil na quarta-feira, 18. "De fato, houve muita violação, mas nada se compara ao que o povo palestino passa", contou Ávila em entrevista ao O POVO News 2ª edição na sexta-feira, 20.

"A gente passou por maus-tratos, pois existia um processo de tortura psicológica, privação de sono, ameaças, violência psicológica diversa", resume.

No momento da interceptação, Ávila agiu como um dos negociadores. Ele destaca que os militares israelenses atuaram diferentemente de outras missões da Flotilha da Liberdade.

"Por verem o tamanho da força de opinião pública que a nossa missão tinha, eles estavam, sim, armados com todos os fuzis, com todo o equipamento militar, mas eles não agiram com violência dentro do barco", relembra.

"Ao contrário, eles estavam filmando com grandes câmeras para criar um circo midiático de que estavam nos tratando bem. Entregavam uma garrafa de água e filmavam, entregavam um pedaço de pão, um sanduíche e filmavam", acrescenta o brasileiro.

"Fomos pressionados a assinar um documento que assumiria uma culpa de um crime que a gente não cometeu, de tentar entrar ilegalmente em Israel, porque nós estávamos tentando entrar no território palestino, cumprindo uma missão humanitária que era protegida pela Corte Internacional de Justiça, que Israel que estava proibido de impedir ajuda humanitária de chegar em Gaza. Depois, quando a gente se recusou a assinar, nos levaram para uma unidade prisional", relata.

Nesse local, ficou quatro dias com as oito pessoas que permaneceram na prisão. "Quando eu expliquei tudo isso e expliquei que estava em greve de fome e de sede, a juíza me mandou para a solitária. E aí na solitária as condições eram muito piores. Ratos, baratas, insetos, os percevejos estavam em todos os lugares, mesmo na outra unidade prisional. Muitos gritos, muito barulho de agressão na solitária, nos corredores, que eu não consegui identificar muito bem o que era", releva.

Foi neste momento que ele conta ter sido ameaçado de ser levado para um "centro de tortura". "Ainda pior do que o lugar que eu estava; ameaças de que me levariam para Gaza, que eu ficaria dias sem nenhuma comunicação com o mundo exterior, nem com o advogado, nem com ninguém".

No dia seguinte, Ávila esteve com um advogado e, depois, no outro dia, foi para o aeroporto e deportado.

Ávila revela que haverá uma nova missão da Flotilha da Liberdade, a sair "em breve".

"Para nós a missão não está completa, porque o corredor humanitário de Gaza ainda não foi criado; as pessoas ainda estão morrendo de fome, então a gente ainda precisa ir. A gente queria estar vivendo uma vida comum como qualquer outra pessoa, mas infelizmente os governos estão falhando e a gente precisa agir".

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