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Danilo Forte quer União Brasil longe do PT: 'Descontentes se abriguem em outro partido'
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Danilo Forte quer União Brasil longe do PT: 'Descontentes se abriguem em outro partido'

|Cenário| Em nível nacional, o partido tem espaço nos ministérios, mas muitos filiados fazem oposição ao governo Lula
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DEPUTADO federal Danilo Forte, do União Brasil, defende o partido sem ligações com o PT (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal DEPUTADO federal Danilo Forte, do União Brasil, defende o partido sem ligações com o PT

O deputado federal Danilo Forte (União Brasil) vê seu partido caminhando em sentido oposto aos governos do PT, tanto no âmbito nacional, quanto no cenário local no Ceará. O parlamentar reafirma a identidade do União que, segundo ele, "busca a redução de impostos e a eficiência na gestão pública, rejeitando alianças com o PT e buscando alternativas para a governança".

"O União é um partido em construção, é um partido que vem em uma evolução, foi a fusão de dois partidos, o PSL e o DEM, abrigando inclusive outros segmentos que estavam descontentes com os quadros partidários daquele momento. Tem um projeto claro de reforma da economia, um partido liberal, reformista", apontou.

E seguiu: "Que quer dar uma atividade mais dinâmica à economia, tem como premissa básica redução de impostos, a eficiência da gestão pública. E, diante dessa situação, os quadros do partido têm que discutir quais os melhores caminhos". A fala foi dada ao O POVO, após uma edição do Café da Oposição, nesta terça-feira, 1º, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Sem ligação com o PT

Para Danilo, os melhores caminhos, para um partido com a vocação do União, passam por não se relacionar com o Partido dos Trabalhadores (PT). Para ele, não há como a sigla ficar contra o PT nacionalmente e, no Ceará, haver filiados próximos ao governo petista.

"Dentro dos melhores caminhos, eu acho primeiro que a vocação do União é não se coligar com o PT. Inclusive, está muito claro isso dentro do discurso, agora que foi feita a federação com o PP, não? O discurso, a nível nacional, ficou muito claro e fica muito feio o partido ter uma postura a nível nacional e outra postura no Estado. Não tem sentido um negócio desse", opina.

Apesar de não ser compromissado com a base do governo federal, o União foi contemplado com ministérios na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Descontentes, procurem outro partido

Sem citar nomes, Danilo falou ainda que os filiados que estiverem descontentes com o caminho crítico ao PT devem procurar abrigo em outras legendas.

"Se alguém estiver descontente, que se abrigue em um partido que tenha a vocação adesista ao projeto do PT. Eu não tenho, eu há muito tempo já venho dizendo isso. Eu acho que o projeto se perdeu, não é? Hoje a gente vê a dificuldade que é a governança do Brasil. Nós precisamos discutir a governança e essa governança precisa ser discutida dentro do novo modelo de uma nova roupagem que, infelizmente, cada vez mais, o PT não está dando", explica.

No Ceará, apesar de quase todos os quadros serem de oposição, o União tem alguns filiados com mandato que se colocam próximos ao governador Elmano de Freitas (PT), como o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, a deputada federal Fernanda Pessoa e o deputado estadual Firmo Camurça.

Forte defende que o partido finque claramente uma posição contrária ao governo e defina a postura a ser adotada pensando em 2026.

"O União tem que se sentar, tem que resolver o seu problema interno, tem que dizer qual é a postura que ele quer ter. Inclusive, falei com o presidente Rueda, nós vamos acelerar um processo de reuniões agora, vamos fazer uma pesquisa interna no Estado do Ceará e vamos ter uma definição muito clara com relação a isso. Respeito a todos, mas aqueles que não tiverem confortáveis, é a democracia, cada qual procura o seu caminho".

Em busca de alianças

O deputado defendeu que o União continue buscando construir um leque de alianças com os que estão "pensando parecido" com o projeto da sigla. "É muito bom o advento da possibilidade da vinda do Roberto Cláudio, que tem uma experiência vivida, de um Ciro Gomes. Eu nem toda a vida concordei com o Ciro Gomes, tivemos debates homéricos entre eu e ele, desde o tempo do movimento estudantil, mas você não pode chamar o Ciro Gomes de corrupto, não é?", argumenta.

Críticas à base do governo no CE

O deputado ainda abordou questões como a corrupção no Ceará, mencionando prefeitos envolvidos em suspeitas de escândalos e a inércia de partidos da base governista, em especial o PSB, em puni-los, enquanto defende um caminho independente para o União Brasil.

"Enquanto isso, os partidos aí que estão na base do Governo do Estado do Ceará estão com muito problema de corrupção e ninguém é capaz de dizer um ai. Tem partido até hoje com o prefeito preso, tem prefeito foragido e não tiveram a coragem de expulsar esse prefeito do quadro partidário. Qual foi a punição que o PSB no Ceará fez ao Bebeto Queiroz, que é foragido, ou aos dois que estão presos, inclusive outro até sendo comandante de gangue, de negócio de crime organizado. Qual foi a punição que o PSB deu ao prefeito? Nenhuma. Porque estão tudo com o rabo preso e é com esse o povo que querem juntar a gente. Não, eu quero um caminho livre, eu quero um caminho independente, um caminho pelo menos de alternância de poder", argumenta.

Críticas ao Governo Federal

O parlamentar ofereceu uma contundente crítica à situação política e econômica do Brasil, condenando a postura do Governo Federal, especialmente em relação à política fiscal e à relação com o Parlamento. "O governo federal tem que cuidar de resolver os problemas do governo. Em um momento que nem esse, há uma falta de diálogo muito grande. Está aí explícita a dificuldade, do ponto de vista fiscal, do governo federal, do ponto de vista do desequilíbrio das contas públicas, não é? Reclama do crescimento da taxa de juros, mas a taxa de juros nada mais é do que o reflexo da insegurança financeira e fiscal que o país está vivendo", avalia.

Forte chamou de "mais ridícula de todas" a postura do governo de tentar atacar o Parlamento. "Não tem democracia sem Parlamento. A base da democracia, o pulmão da democracia, é o Parlamento. Então, não é você agredindo o Parlamento que você vai resolver o problema. É no diálogo. Nós, desde o começo, pregamos o diálogo em cima de uma pauta construtiva. Só que a pauta construtiva era no primeiro momento da credibilidade, inclusive da própria gestão".

Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, o deputado disse que, naquele momento, foi criado um espaço de mobilidade dentro das contas públicas, para dar um conforto fiscal ao Governo Federal, mas criticou os rumos atuais.

"Estourou, criou um bocado de orçamento paralelo. Orçamento paralelo na Petrobras, orçamento paralelo em Itaipu, orçamento paralelo no Pé-de-meia, inclusive tudo questionado pelo próprio Tribunal de Contas da União e criou-se esse problema que a bolha está estourando agora e quer jogar o problema de volta para o Parlamento. Não, o Parlamento tem uma casa plural, democrática, de debate. Então, o Parlamento acerta quando vota contra o aumento de imposto e o IOF foi mais um", defende.

 

Café da Oposição

A conversa de Danilo Forte com O POVO se deu após a participação do parlamentar no Café da Oposição, nesta terça-feira, 1º, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Deputados estaduais que se opõem ao governo Elmano reuniram-se mais uma vez, desta vez tendo como convidado o economista, ex-presidente do BNB, fundador e primeiro presidente do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Marcos Holanda.

O acadêmico tratou com os parlamentares sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026, em uma perspectiva orçamentária-fiscal do Estado. Holanda elogiou a atitude da oposição em ter reuniões técnicas como aquela, o que demonstra a intenção de fazer oposição de forma propositiva no Estado.

Holanda sugeriu aos deputados a criação de uma carta de diretrizes do que seria um novo governo no Ceará, explicitando compromissos, como com cortes de impostos ou em ter menor estrutura governamental. "Balizaria o debate e mostraria à população o que pretendem fazer na prática", disse.

Assista também: Hugo Motta afirma que Congresso não traiu Governo Federal em derrubada do IOF

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