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Trump diz para deixarem "Bolsonaro em paz" em meio a pressão sobre Brics
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Trump diz para deixarem "Bolsonaro em paz" em meio a pressão sobre Brics

A declaração de Trump em apoio a Bolsonaro ocorre em meio à pressão sobre o bloco dos Brics. Um dia antes, o presidente dos Estados Unidos ameaçou com a aplicação de novas tarifas de 10% aos países que se alinharem às "políticas antiamericanas" do bloco
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PRESIDENTE Luiz Inácio Lula da Silva chega para foto da reunião de cúpula dos Brics (Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP)
Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP PRESIDENTE Luiz Inácio Lula da Silva chega para foto da reunião de cúpula dos Brics

O presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, afirmou que o Brasil "está fazendo uma coisa terrível" com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está sendo alvo de uma "perseguição" no país. Em declaração, nesta segunda-feira, 7, em sua rede social, a Truth Social, Trump disse que acompanha a situação e ainda pediu: "Deixem Bolsonaro em paz".

“Tenho acompanhado, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite”, escreveu. O republicano elogia o ex-presidente como "líder forte" e um "negociador muito duro" nas questões de comércio internacional. Segundo Trump, Bolsonaro “não é culpado de nada, exceto de ter lutado pelo povo”.

O presidente americano também afirmou que vai acompanhar de perto o que chamou de “caça às bruxas” no Brasil. “Estarei observando muito de perto a CAÇA ÀS BRUXAS contra Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores”, escreveu.

Trump disse ainda que as eleições de 2022, em que Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi "muito apertada". Acrescentou, sem apresentar números, que Bolsonaro lidera pesquisas eleitorais.

O líder da Casa Branca evocou paralelos com os julgamentos que ele próprio enfrentou na Justiça americana e sugeriu que o brasileiro é alvo de um "ataque a um oponente político".

"O único julgamento que deveria acontecer é um julgamento pelos eleitores do Brasil - chama-se Eleição. DEIXEM BOLSONARO EM PAZ!", concluiu.

Os dois políticos mantêm uma relação próxima desde que ambos estavam no poder. Impossibilitado de ir à posse de Trump, em janeiro de 2025, Bolsonaro chegou a participar de oração por chamada de vídeo. Um dos filhos do ex-presidente brasileiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), está nos Estados Unidos onde disse pretender atuar para "combater as ameaças à liberdade de expressão no Brasil".

A Procuradoria Geral da República (PGR) atribui ao deputado a suposta atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras, considerando uma possível campanha de intimidação e perseguição contra integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal envolvidos em investigações e processos contra bolsonaristas. 

A declaração de Trump em apoio a Bolsonaro ocorre em meio à pressão sobre o bloco dos Brics. Um dia antes, o presidente dos Estados Unidos ameaçou com a aplicação de novas tarifas de 10% aos países que se alinharem às "políticas antiamericanas" do Brics, enquanto o grupo de 11 países do chamado Sul Global celebra sua cúpula anual no Rio de Janeiro sob a presidência brasileira.

Enquanto lidera no Rio de Janeiro a cúpula do Brics, Lula rejeitou veementemente as palavras do americano.

"Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja", disse Lula em uma nota oficial.

"Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", acrescentou.

Jair Bolsonaro , por sua vez,comemorou o apoio do presidente americano. "Recebi com muita alegria a nota do Presidente Donald Trump", reagiu Bolsonaro.

O ex-presidente, de 70 anos, e sete ex-colaboradores poderiam enfrentar até 40 anos de prisão se forem considerados culpados. Bolsonaro afirma ser inocente e diz ser um perseguido político. Ele está inelegível até 2030 por ter questionado sem provas a confiabilidade do sistema eleitoral.

Mas insiste em querer se candidatar nas eleições presidenciais de 2026, às quais Lula, de 79 anos, também aspira à reeleição. (Com Agência Estado e AFP)

Trump acha que o Brics tenta minar interesses dos EUA, diz porta-voz

A secretária de Comunicação e porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente americano, Donald Trump, acredita que o Brics está "tentando minar os interesses dos EUA", em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 7, ao ser questionada sobre a tarifa ameaçada pelo republicano.

"Trump está garantindo que os EUA serão tratados de forma justa no cenário global", disse, ao pontuar que o presidente está "monitorando de perto" a cúpula do grupo que acontece no Rio de Janeiro. "Trump não acredita que o Brics esteja se fortalecendo", acrescentou.

Ainda sobre acordos comerciais e tarifas, Leavitt informou que aproximadamente outras 12 nações - ainda não informadas -, além do Japão e da Coreia do Sul, receberão hoje cartas sobre tarifas, que serão publicadas na Truth Social. "Haverá cartas adicionais além das 12 nações. Os EUA estão perto de outras acordos comerciais. Trump e os negociadores querem os melhores negócios para o país", disse.

A porta-voz afirmou que os documentos a serem enviados aos países "serão levados a sério" e que o presidente americano recebe ligações de líderes do mundo todo "implorando para alcançar acordos". "Trump assinará ordem executiva adiando prazo de tarifas de julho para 1º de agosto", informou. 

Reação

Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) optaram pelo silêncio diante das declarações de Trump. Nos bastidores, ministros da Corte avaliam que a defesa institucional do STF e do País cabe ao governo federal e à diplomacia

 

Retaliação

Em maio, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou que o país iria restringir a entrada de "funcionários estrangeiros e pessoas cúmplices na censura de americanos". O anúncio de Rubio foi feito no dia seguinte à decisão do STF de abrir inquérito para investigar Eduardo Bolsonaro por supostas movimentações para acuar o Supremo. A declaração de Rubio foi entendida no Supremo como um ataque à instituição. Na ocasião, os ministros também optaram pelo silêncio e deixaram o caso nas mãos do governo federal

Aliado

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que Bolsonaro "deve ser julgado somente pelo povo brasileiro", na eleição. Tarcísio é um dos pretendentes ao apoio de Bolsonaro

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