As eleições para as direções do PT no Ceará e em Fortaleza tiveram vitórias contundentes das candidaturas definidas pelo acordo feito pelo governador Elmano de Freitas, pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e pelo deputado federal José Guimarães.
O atual presidente do PT Ceará, Antonio Alves Filho, o Conin, foi reeleito nesse Processo de Eleições Diretas (PED). Ele obteve 44.899 votos, o equivalente a 90,5% dos válidos. A vereadora de Fortaleza, Adriana Almeida, recebeu 4.713 votos, totalizando 9,5%. Foram registrados 2.184 votos brancos e 609 nulos.
Na Capital, o vitorioso foi o ex-deputado estadual Antônio Carlos. Ele obteve 6.088 votos, o equivalente a 78%, contra 1.499 da vereadora Mari Lacerda e 219 votos do candidato Eudes Baima.
Elmano saudou os eleitos. "Tenho certeza que irão fazer um excelente trabalho na missão de fortalecer o nosso Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. É um orgulho fazer parte desse processo democrático há mais de 35 anos. Seguimos unidos e ao lado do povo, no Ceará e em todo o Brasil!", publicou nas redes sociais.
Conin celebrou o resultado: "Essa vitória é fruto de uma campanha feita com diálogo, respeito e muita presença nos diretórios municipais. Agora é hora de unir todas as forças do nosso partido, respeitando a diversidade de opiniões, para fortalecer ainda mais o PT nos municípios. Vamos construir com unidade um projeto vitorioso para o Ceará e para o Brasil em 2026", declarou.
O presidente reconduzido era secretário executivo da Regional 1 na Prefeitura de Fortaleza, cargo que ocupava desde o início da gestão de Evandro Leitão (PT). E pediu exoneração em maio para poder focar no PED.
Adriana Almeida, que esteve acompanhando parte da apuração dos votos na noite deste domingo, 6, afirmou que Conim precisa fazer uma análise da conjuntura atual do país. “Tem que compreender o processo que nós estamos vivendo hoje e colocar esse partido nas ruas. (...) Mesmo que ele (Conin) seja o vencedor das eleições, acho que ele precisa repensar o modelo em que ele gestou esse período. Ter um olhar mais cuidadoso para as filiações”.
Para o deputado federal José Guimarães, Conin deve “ser melhor do que o primeiro mandato" e que continuará com seu estilo de gestão, ao mesmo tempo que "acompanhando as mudanças que o PT Nacional precisa fazer para ganhar em 2026".
Antônio Carlos lembrou a história no partido e destacou o significado para ele de ter sido eleito. "É uma emoção para mim, que sou um militante que vem desde o movimento secundarista". Apesar das divergências internas, considera ter havido muita unidade e afirma que o programa político unifica o partido.
"O foco é continuar fortelecendo o PT junto às bases. Um partido com formação política, um partido com presença nos territórios. A relação com as lutas sociais, com a juventude, com as mulheres, LGBTQIA+, com a luta da classe trabalhadora. A defesa dos nossos projetos. Nosso objetivo maior é derrotar essa onda conservadora do País, esse fascismo que no Brasil tem nome, se chama bolsonarismo. Fortalecendo nosso projeto solidário, de inclusão, que está presente nos nossos governos", disse o presidente municipal eleito.
A ampla maioria obtida por Antônio Carlos na Capital sinaliza uma derrota interna para o Campo de Esquerda, grupo liderado pela deputada federal Luizianne Lins (PT). O bloco não se aliou com os dois outros campos do partido e optou por manter a candidatura da vereadora Mari Lacerda. Antônio Carlos já foi muito próximo à ex-prefeita de Fortaleza.
Luizianne criticou o aumento no número de filiados no partido, alertando que seu grupo corre o risco de ser "varrido do PT" em decorrência da prática.
O Campo Democrático, comandado pelo deputado federal José Guimarães, entrou em consenso com o Campo Popular, criado recentemente, mas com apoio de diversos parlamentares petistas, próximos ao governador Elmano de Freitas e do ministro Camilo Santana.
Assim, o Campo Popular lançou apenas a candidatura de Antônio Carlos em Fortaleza, recebendo o apoio do Campo Democrático. Este, por sua vez, lançou o nome de Antônio Filho, o Conin, para a reeleição no diretório estadual, recebendo o apoio do Campo Popular. (Com Marcelo Bloc)
Recém-criado Campo Popular é o mais votado em Fortaleza
O recém-criado Campo Popular foi o mais votado no Processo Eleitoral Direto (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT) em Fortaleza, no último domingo, 6. A votação entre os filiados petistas definiu o comando dos diretórios municipais, estaduais e da nacional do partido.
Foi eleito presidente municipal Antônio Carlos de Freitas, que pertence ao Campo Popular e foi eleito com apoio do Campo Democrático, do deputado federal José Guimarães. Nas eleições para o diretório, porém, as correntes concorreram com chapas separadas.
O campo ao qual Antônio faz parte foi o mais votado. Obteve 43,39% (3.375 votos), enquanto o Campo Democrático conquistou 36,68% (2.853 votos).
Na sequência, ficou a chapa Partido Livre Democrático e de Esquerda, ligada ao Campo de Esquerda da deputada federal Luizianne Lins, com 17,23% dos votos (1.340). A chapa Virar à Esquerda obteve 2,68% (209 votos).
Em fim de mandato como presidente do PT na capital cearense, o deputado estadual Guilherme Sampaio explica que os campos Popular e Democrático lançaram chapas distintas apenas em Fortaleza, já que quando fecharam acordo que culminou no lançamento de apenas um candidato na municipal e um na estadual — já havia sido encerrado o prazo pra inscrição das municipais.
Dessa forma, Sampaio trata o resultado na Capital como uma grande vitória dos dois campos, que juntos conquistaram 80% das vagas. "O resultado traduz uma imensa vitória política e eleitoral da tese da unidade partidária, que se não foi unânime abrangendo todas as correntes e campos, alcançou uma imensa maioria, e dará muita estabilidade à condução de nossa executiva no próximo período", avaliou ao O POVO.
A eleição do PT em Fortaleza tem 50 vagas disponíveis, que são distribuídas entre as chapas de acordo com a votação conquistada.
Três grandes campos compõem hoje o PT no Ceará, todos com chapas distintas lançadas no PED em Fortaleza. Criado em abril de 2025, com a presença de uma série de parlamentares e prefeitos com mandato que são ligados ao governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT), o Campo Popular elegeu seu candidato e foi a chapa mais votada.
O Campo Democrático, que apoiou o candidato do Campo Popular na Capital, teve a segunda maior votação na Cidade. O grupo é comandado pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE).
Com pouco mais de 17% dos votos, a chapa Partido Livre Democrático e de Esquerda foi lançada pelo Campo de Esquerda, liderado pela deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT-CE). Na eleição à presidência, o campo lançou a vereadora de Fortaleza, Mari Lacerda. (Marcelo Bloc)
Resultado das eleições no PT
PT elege Edinho Silva como novo presidente nacional, apoiado por Lula
O PT escolheu Edinho Silva como presidente da sigla, em votação interna realizada no domingo, 6. O ex-prefeito de Araraquara teve apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Edinho conseguiu a vitória no primeiro turno. Ele teve 239,1 mil votos, ou 73,48% dos 342,3 mil votos de petistas de todo o País. O partido ainda precisa terminar de coletar as cédulas de Pernambuco, Bahia, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais, único estado que não realizou a eleição interna. O PT espera uma votação total de mais de 400 mil eleitores.
Candidato da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, Edinho teve dificuldade para conseguir o aval da ala no início da campanha, mas fez acordo ao ceder a indicação da tesouraria do partido. Ex-ministro da Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, ele defende um PT mais moderado e a ampliação das alianças políticas para o embate de 2026.
Edinho enfrentou concorrência de nomes mais à esquerda do PT, como o ex-presidente da sigla e deputado federal Rui Falcão (36,3 mil votos, ou 11,15% do total), o secretário de relações internacionais Romênio Pereira (36 mil votos, 11,06%), e Valter Pomar (14 mil votos, 4,3%), diretor na Fundação Perseu Abramo.
Os petistas foram às urnas em encruzilhada. Uma ala do partido defende que Lula rompa com o centrão e dê uma guinada à esquerda no governo. A outra, majoritária, tenta refazer alianças com a centro-direita, sob o argumento de que esse acordo é fundamental para Lula em 2026. (Agência Estado)