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Sarto diz que deixa o PDT se o partido continuar como 'puxadinho do PT'
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Sarto diz que deixa o PDT se o partido continuar como 'puxadinho do PT'

Ex-prefeito falou do futuro na política, pregou união da oposição e criticou a "hegemonia" petista
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CAFÉ da oposição com José Sarto, ex-prefeito de Fortaleza (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA CAFÉ da oposição com José Sarto, ex-prefeito de Fortaleza

O ex-prefeito de Fortaleza José Sarto afirmou que cogita deixar o PDT caso a sigla mantenha alinhamento atual com o Partido dos Trabalhadores (PT). Ele se colocou como parte da oposição, elogiou os aliados Roberto Claudio e Ciro Gomes e falou sobre o próprio futuro político. Sarto participou do Café da Oposição, na manhã desta quarta-feira, 9, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

"Cogito (deixar o PDT); desde que o partido que eu estou hoje não siga esse alinhamento que a gente pensa fazer, em nível nacional, estadual e municipal. Se o PDT continuar como um puxadinho do partido do governo (PT) hoje, aí a nossa ideia é de, no tempo devido, estudar, conversar com as pessoas que a gente está conversando, com os amigos, com os correligionários, para uma mudança de partido", explicou, lembrando ter tempo para definir isso, já que a eleição acontece apenas em 2026.

Recentemente, mesmo com deputados estaduais na oposição, o PDT no Ceará sinalizou integrar base do governador Elmano de Freitas (PT).

Sarto comentou a possibilidade de migrar para o PSDB, admitindo que ocorreram reuniões com aliados. "O senador Tasso (Jereissati), o ex-governador, eu tenho o privilégio de ter tido uma convivência muito harmônica. Nós temos nos reunido sistematicamente, o Ciro, o Tasso, Roberto (Cláudio), o (Capitão) Wagner, o PL, por vezes através do Carmelo (Neto), por vezes através do deputado André Fernandes. A gente tem se reunido para construir um consenso programático que se estabeleça contra essa hegemonia. Estamos discutindo".

O ex-prefeito, que foi vereador de Fortaleza e deputado estadual, confirmou que sairá candidato em 2026. No entanto, questionado se disputará novamente uma vaga na Assembleia Legislativa ou se tentará uma cadeira na Câmara dos Deputados, Sarto despistou.

"Eu sou candidato a construir essa oposição. Pode ser como jogador, como técnico, pode ser como gandula, pode ser plateia. Pode ser qualquer coisa, mas a minha ideia é construir essa oposição", brincou, ressaltando que essa não é uma decisão apenas dele.

O ex-prefeito de Fortaleza afirmou continuar tendo divergências de pensamentos com parlamentares bolsonaristas, com os quais teve embates, principalmente durante a pandemia. No entanto, lembrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível.

"Pelo que está estabelecido na legislação eleitoral, ele (Bolsonaro) é inelegível. Então, creio que não sendo candidato, eles vão apresentar uma candidatura que vai fazer o antagonismo ao petismo em nível federal e em nível estadual. Esse projeto deve ser discutido, porque também não adianta só apresentar um nome, primeiro tem que reunir as condições legais necessárias. Tem que ser elegível, defendo a tese que se vai construir uma candidatura que tenha chances reais de mudar a trajetória do poder no Brasil".

Sarto falou que é necessário superar divergências. "Para você ver em que ponto nós chegamos. Essa hegemonia (PT) é tão deletéria, tão prejudicial, que a gente precisa colocar de lado as nossas divergências pessoais. Porque, se eu ficar olhando pelo retrovisor, eu vou ficar vendo críticas que me foram feitas ou críticas que eu fiz, eu vou esquecer o Estado. O Ceará não suporta mais essa hegemonia".

O pedetista defendeu que se chegue a um consenso, pensando nas eleições, já que o grupo da oposição no Estado teria mais convergência hoje do que divergências.

"Vamos continuar tendo divergências. Eu continuo com o mesmo pensamento que sempre tive. Continuo tendo divergências, mas as nossas convergências hoje são maiores, são mais imperativas do que a divergência. Qual a nossa convergência? É colocar o projeto alternativo de poder, que devolva o Ceará para o cearense, que tome o comando da economia e combata a criminalidade".

O ex-prefeito também saiu em defesa da própria gestão na Prefeitura de Fortaleza (2021-2024), além de criticar seu sucessor, o atual prefeito Evandro Leitão (PT).

"Deixei ainda mais de R$ 600 milhões em caixa. Que banco aprovaria empréstimo, como foi aprovado para o Evandro (Leitão), com a Prefeitura quebrada como ele disse que estava?", questionou.

Sarto rebateu mais uma vez o discurso sobre contas que deixou em aberto e pagamentos não realizados no setor. Ele afirmou que toda gestão que chega ao fim deixa "restos a pagar", o que seria "absolutamente normal", segundo o prefeito. "A Luizianne deixou em torno de R$ 400 milhões para o Roberto Claudio. É algo natural na gestão", explicou.

Sobre a adminstração, Sarto citou alguns gestores, atualmente em cargos de chefia no Município, que já trabalhavam na gestão do PDT. "O núcleo duro da gestão da Saúde é pedetista", destacou.

O ex-prefeito negou que tenha entregado a cidade com falta de medicamentos nas unidades de saúde. Segundo ele, com exceção de "quatro ou cinco medicações que têm problema nacional", o estoque estaria normalizado, com centro de distribuição de medicação na Messejana. "Como que hoje está faltando remédio? A primeira secretaria de Saúde pediu demissão, por que será?"

Presenças

A reunião desta quarta-feira teve o menor quórum de deputados, desde o início dos encontros semanais da oposição. Estavam presentes os deputados Cláudio Pinho (PDT), Antônio Henrique (PDT), Felipe Mota (União Brasil) e Sargento Reginauro (União Brasil). No decorrer da conversa, o deputado Heitor Ferrer (União Brasil) se juntou ao grupo, alegando ter ido dar um abraço no antigo colega Sarto

Agendas

Sarto explicou as ausências afirmando que Queiroz Filho (PDT) estava no momento fiscalizando obra do Metrofor; Alcides Fernandes (PL) estaria em uma consulta médica e Carmelo Neto (PL) e Dra. Silvana (PL) estão de licença

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