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PT fala em cassar Eduardo Bolsonaro e oposição culpa STF e Lula por tarifaço de Trump
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PT fala em cassar Eduardo Bolsonaro e oposição culpa STF e Lula por tarifaço de Trump

A notícia do tarifaço foi recebida com festa na direita. Nos bastidores, porém, políticos de direita se disseram preocupados, porque o tarifaço prejudica atividades econômicas, como o agronegócio, que tem representantes que apoiam Bolsonaro
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A sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros, imposta pelo governo Donald Trump, virou combustível no discurso de petistas contra bolsonaristas, que responsabilizam o ex-presidente e o filho dele Eduardo Bolsonaro. Do lado oposto, a oposição coloca a culpa no Supremo Tribunal Federal (STF) e no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo tarifaço.

O PT entrou nesta quinta-feira, 10, com uma nova representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pedindo a cassação de Eduardo Bolsonaro por "atuação reiterada no exterior contra interesses da República".

Esse pedido, encabeçado pelo líder do partido na Casa, Lindbergh Farias (RJ), e pelo presidente em exercício da sigla, senador Humberto Costa (PE) é complementar a um documento já apresentado contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em fevereiro.

O texto, diz que o envolvimento "direto" do parlamentar nas sanções econômicas unilaterais impostas por Donald Trump "constitui ato de afronta explícita à soberania nacional, ao princípio da independência dos Poderes e às normas éticas que regem a função parlamentar".

A notícia do tarifaço foi recebida com festa na direita. No plenário da Câmara dos Deputados, o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) abraçou colegas falando "duvidaram do galego, olha o que o galego conseguiu", referindo-se a Eduardo. Nos bastidores, porém, políticos de direita se disseram preocupados e afirmaram que a batalha da comunicação entre petistas e bolsonaristas nas redes sociais nas próximas é decisiva para dizer que lado vai faturar politicamente com o ocorrido.

Isso porque o tarifaço tem o condão de prejudicar atividades econômicas, como o agronegócio, que tem representantes que apoiam Bolsonaro.

Um dos deputados mais ativos nas redes sociais, Nikolas Ferreira (PL-MG), disse que já preparou o discurso de resposta aos petistas. "A carta (do Trump) fala expressamente, já no primeiro parágrafo, na primeira linha, que isso está acontecendo por conta do tratamento que o Lula está dando ao presidente Bolsonaro, e ao STF, que tem suprimido liberdades de expressão, inclusive, de americanos. Então, está na mão deles", disse Nikolas.

"Quer parar de ter 50% de sobretaxa, que é horrível pro Brasil? Resolve. Para de falar antes das eleições que o Trump é nazista, para de xingar o Elon Musk... Deixa o Bolsonaro ser candidato, para de perseguir. Começa a tratar os deputados de direita sem perseguição. Para de falar que o Eduardo está fazendo ataque à soberania nacional enquanto está pedindo liberdade para Cristina Kirchner, é simples", acrescentou.

Mais tarde, na tribuna da Câmara, Nikolas bateu boca com André Janones (Avante-MG), que foi empurrado por bolsonaristas sob gritos de "rachadinha", em alusão à suposta prática no gabinete do deputado.

Líder do governo na Câmara, o cearense José Guimarães afirmou que o governo Lula vai avaliar medidas de retaliação contra os Estados Unidos. "Quer o governo americano interferir na Justiça brasileira? O governo brasileiro não vai aceitar, isso fere todos os princípios do direito internacional. O governo vai avaliar medidas à altura dessa agressão que o governo brasileiro está sofrendo", disse Guimarães.

Para o senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do partido do presidente Jair Bolsonaro no Senado, o governo Lula está "colhendo o que plantou". Ele afirma que a medida terá impacto sobre o cidadão brasileiro, mas que as tarifas do governo americano são uma reação a violações que acontecem em território nacional.

"Os Estados Unidos já vêm denunciando o que acontece hoje aqui no Brasil, a questão da liberdade de expressão, inclusive sobre empresas americanas, as redes sociais americanas, o X, violações ao devido processo legal que extrapolam as nossas fronteiras e isso tudo causa ação e reação, causa um resultado", afirmou.

Dos Estados Unidos, Eduardo publicou longa nota em que elogia o ato de Trump e atribui a sobretaxa a atos como o julgamento do marco civil da internet no STF e a reunião dos Brics, com a presença de representantes do Irã e da China. Ele apelidou a sobretaxa de "tarifa Moraes".

"O presidente Trump, corretamente, entendeu que Alexandre de Moraes só pode agir com o respaldo de um establishment político, empresarial e institucional que compactua com sua escalada autoritária. O presidente americano entendeu que esse establishment também precisa arcar com o custo desta aventura", escreveu Eduardo.

Segundo ele, sem a aprovação da anistia aos participantes do 8 de janeiro e uma legislação que trate da liberdade de expressão na internet, Trump pode baixar mais medidas contra o Brasil.

Eduardo Bolsonaro foi aos EUA e pediu licença parlamentar não remunerada de 122 dias em março para permanecer no país americano sem perder o mandato parlamentar. Ele diz que está nos EUA para combater as ameaças à liberdade de expressão no Brasil. (Agência Estado)

Ministros de Lula criticam Tarcísio, que responde

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ministros do governo Lula trocaram críticas nesta quinta-feira, 10, após o anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governador "errou muito" ao responsabilizar o governo brasileiro. "Ou uma pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo, e não há espaço no Brasil para vassalagem".

Para Haddad, o anúncio de Trump foi articulado por "forças extremistas" de dentro do País. Segundo o ministro, entretanto, a direita vai ter que reconhecer mais cedo ou mais tarde que deu um "enorme tiro no pé", já que a medida prejudica exportações de empresas e produtores do Estado de São Paulo, governado pelo aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Tarcísio rebateu a declaração, afirmando que Haddad "deveria cuidar da economia". "Se estivesse cuidando, talvez o Brasil estivesse indo melhor", disse o governador. "A gente tem um problema fiscal sério. Então, cabe a ele falar menos e trabalhar mais."

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reforçou o prejuízo para o Estado. "Lamento que o governador de São Paulo defenda uma tarifa de 50%, imposta pelo governo dos EUA, que, a partir de 1 º de agosto, penalizará a indústria e a agroindústria paulista, em vez de defender a população do seu Estado e do Brasil como nação", disse Rui Costa, em publicação no X.

O governador de São Paulo culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa", afirmou Tarcísio nas redes sociais na noite de quarta.

"A única explicação plausível para o que foi feito ontem (quarta) é porque a família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil, com um objetivo específico, que é escapar do processo que está em curso, do processo judicial que está em curso", disse Haddad.

"A única explicação é de caráter político envolvendo a família Bolsonaro. Isso não é uma acusação infundada que eu estou fazendo", acrescentou o ministro, citando declarações do Eduardo Bolsonaro de que as coisas podem piorar se o pai não tiver o perdão. Segundo Haddad, Eduardo está nos Estados Unidos "conspirando contra o Brasil". (Agência Estado)

Assembleia aprova manifesto, sem voto de bolsonaristas e pedetistas

A Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) aprovou nesta quinta-feira, 10, o "Manifesto em Defesa do Brasil", um dia após o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, anunciar taxação de 50% sobre produtos brasileiros.

Ao todo, 32 deputados estaduais votaram favoráveis ao manifesto, de autoria do presidente da Casa, Romeu Aldigueri (PSB) e de coautoria de Salmito Filho (PSB), assinada também por outros parlamentares de partidos diversos. Votaram contra 8 deputados estaduais.

A bancada de deputados pedetistas ligadas aos ex-prefeitos Roberto Cláudio (sem partido), José Sarto (PDT) e o ex-governador Ciro Gomes (PDT), se aliou à bancada bolsonarista e votou contrário ao manifesto.

Em contrapartida, parlamentares de oposição votaram favoravelmente. Felipe Mota (União Brasil), representante do agronegócio, e Heitor Férrer (União Brasil) seguiram a maioria e se manifestaram pela defesa da nota.

O presidente da Assembleia, Romeu Aldigueri (PSB), informou que levará o documento ao colegiado de presidentes de assembleias legislativas do Brasil, em busca de apoio para um manifesto nacional.

Segundo o texto, a postura do governo Trump "não corresponde à histórica boa relação diplomática entre os dois países, entre os dois Estados nacionais". (Guilherme Gonsalves)

Discurso de soberania supera críticas a Lula por tarifaço

O anúncio por Donald Trump de que as exportações brasileiras sofrerão uma taxação adicional de 50%, e a resposta do presidente Lula (PT) acumulavam mais de 240 milhões de impressões e 9,1 milhões de curtidas no X nas primeiras horas de quinta-feira, 10, mostra o levantamento da Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados.

No X (antigo Twitter), o nome de Trump apareceu na 1ª colocação dos Trending Topics Brasil, acumulando mais de 36,5 milhões de citações (até as 9h15min desta quinta). Em segundo lugar, o termo "Respeita o Brasil" aparecia com cerca de 1,99 milhão; puxado por aqueles que defendem a resposta de Lula à tentativa de interferência por parte de Trump.

"O volume de menções é muito maior do que em dias normais, indicando que a decisão de Trump de taxar a economia brasileira em 50% mobilizou um sentimento nacionalista nas redes sociais, que em sua maioria saiu em defesa do Brasil e, por tabela, do governo brasileiro", analisa Marcelo Tokarski, CEO da Nexus. "No X, as hashtags em defesa do Brasil são muito mais mencionadas do que aquelas críticas ao governo brasileiro", completa.

O levantamento mostra também que o nome de Eduardo Bolsonaro é o 3º colocado, citado mais de 693 mil vezes. A ordem dos Trending Topics respeita uma série de variáveis, além do número de citações ao termo, como o fator novidade — o quão recente é o tópico. (Agência Estado)

Alckmin

O vice-presidente Geraldo Alckmin, culpou Bolsonaro pela tarifa.
"O clã Bolsonaro trabalhou contra o interesse do País e do povo brasileiro". Ele acrescentou: "Antes, era um atentado contra a democracia, mas agora é um atentado contra a
economia"

Louvor

Horas antes de Trump anunciar a elevação das tarifas, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou moção de louvor e regozijo ao presidente dos Estados Unidos

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