A eleição para a comissão executiva do Diretório Estadual do Partido Verde (PV) no Ceará foi suspensa por decisão do juiz de direito Luciano Nunes Maia Freire, da 11ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza. A eleição havia sido realizada no dia 11 de junho. A posse estava marcada para a quarta-feira passada, dia 9.
A decisão ocorreu após integrantes da chapa opositora "Unidade Verde" apresentarem uma petição pela anulação da eleição interna, apontando supostas irregularidades durante o processo.
De acordo com o grupo opositor, o presidente Marcelo Silva, cuja a esposa, Virginia Carvalho, foi eleita pela chapa "Verdade Verde", agiu de forma arbitrária e "realizou chacota na presença de todos".
Dentre as irregularidades alegadas, estaria o fato de que a chapa vencedora não apresentou a documentação exigida para registro de candidatura. Por outro lado, Clóvis Cordeiro, secretário de Organização, da legenda não teria tido acesso a documentação de registro das chapas.
Além disso, os requerentes apontam que Marcelo teria atuado de "forma deliberada" para que sua esposa fosse eleita. Conforme a petição, ao ser questionado, ele chegou a dizer: "Sou ditador mesmo".
O juiz analisou e considerou verossímeis as alegações apresentadas, decidindo assim por suspender de forma imediata a eleição e a posse do novo diretório.
"Adicionalmente, as imputações de que o processo foi conduzido de forma personalista, com o afastamento de competências estatutárias e a supressão do debate sobre as impugnações apresentadas em plenário, sugerem um possível descompasso com os princípios democráticos que devem nortear a vida partidária", considerou o megistrado.
Com isso, foi determinada a prorrogação do mandato da diretoria anterior em caráter provisório. A gestão interina deverá limitar-se estritamente aos atos de administração ordinária até deliberação de novas eleições.
Em nota enviada ao O POVO, a direção do PV Ceará lamentou e repudiou o pedido feito à Justiça, que culminou na suspensão das eleições e da posse dos eleitos. O texto critica a postura da chapa "Unidade Verde" por "desrespeitar o processo eleitoral legítimo".
"A medida foi provocada por integrantes da chapa derrotada, os quais, apesar de terem firmado acordo formal que garantiu a participação proporcional das duas chapas na nova diretoria, optaram por desrespeitar o processo eleitoral legítimo e todos os seus participantes, buscando a anulação da Convenção pela via judicial".
O partido afirma que as alegações da ação não possuem fundamento legal suficientes e que por isso adotariam providências para reverter a situação.
"Ressalte-se que as atas do processo eleitoral foram devidamente assinadas por dois dos autores da ação, demonstrando sua concordância com as decisões então tomadas", afirma a nota.
"Lamentamos a postura de confronto adotada pela chapa vencida, sobretudo diante dos esforços contínuos da direção estadual pela conciliação e pela manutenção da paz interna", acrescenta o texto.
A nota enfatiza nãoi haver fundamento legal para a ação judicial e diz estarem sendo tomadas providências para reverter a decisão. "Até lá, o Partido Verde Ceará segue com suas atividades regulares, reafirmando sua confiança na democracia, na Justiça e na pronta restauração da legalidade", diz o texto.
O PV faz parte da federação Brasil da Esperança, juntamente com PT e PCdoB.