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Cid diz ter "intuição" de que Júnior Mano "é do bem" e fala que Gilmar deveria deixar caso
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Cid diz ter "intuição" de que Júnior Mano "é do bem" e fala que Gilmar deveria deixar caso

O senador defendeu o deputado e disse não haver provas concretas das denúncias sobre emendas
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SENADOR Cid Gomes defendeu Júnior Mano com ênfase (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS SENADOR Cid Gomes defendeu Júnior Mano com ênfase

O senador Cid Gomes (PSB) defendeu o deputado federal Júnior Mano (PSB), alvo de investigação da Polícia Federal (PF) sobre suposto esquema de desvio de emendas parlamentares. Em entrevista coletiva nessa quarta-feira, 16, ele demonstrou confiança na inocência do aliado e questionou os vínculos políticos do ministro relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

"Eu fico na obrigação de depor, de testemunhar, de dar a minha palavra em defesa de alguém que acho que está sendo vítima de um processo complexo e que envolve interesses dos mais diversos, de onde você possa imaginar tem um interesse nessa questão", iniciou o senador.

O encontro ocorreu na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e contou com a participação do presidente da Casa, Romeu Aldigueri, e de deputados como Salmito Filho, Guilherme Bismarck e Sérgio Aguiar, todos os PSB. Eles saíram do local sem dar entrevista.

Ao longo do pronunciamento, Cid justificou a defesa por meio da própria "intuição" e do que considera falta de provas concretas, que não sejam baseadas apenas em testemunho.

"Eu não sou dono da verdade, mas eu tenho essa intuição. Eu já devo ter convivido com cinco mil pessoas na política. Dessas, eu me enganei com cinco. O que me faz continuar crendo na minha intuição. A minha intuição diz que o Júnior Mano é uma pessoa do bem, que está na vida pública para servir, ajudar e naturalmente, também segundo a sua vocação, seguir em frente, fazer carreira, crescer", avaliou. "Até que se prove o contrário, ele é uma pessoa do bem".

Ao mencionar a denúncia da ex-prefeita de Canindé Rozário Ximenes (Republicanos), que originou a investigação de Mano, Cid falou em "cortina de fumaça" em detrimento de investigações relacionadas à família dela.

"Não tem um papel. Veja se tem um papel que possa vincular o deputado Júnior Mano a desvios financeiros", repeliu. O senador também citou a falibilidade dos sistemas policial e judicial, sugerindo que o processo contra Júnior Mano carece de evidências além de um depoimento e menções indiretas em conversas de terceiros.

Cid questionou a lógica de acusar um deputado com o maior número de prefeitos aliados — 29, segundo conta — de desviar verbas, e reafirmou compromisso de defender a candidatura do correligionário ao Senado, caso o PSB tenha uma vaga.

"Vocês mesmo sabem quantos pretendem a vaga de senador no Ceará. Tem um que não: eu. Quantos outros pretendem? Será que enxergam no Júnior um amigo, um aliado? Certamente, não. Enxergam nele um oponente e tudo que puderem fazer, insinuar, mentir, vão fazer. Uma outra banda quer que eu seja candidato, uma ilusão que eu não tenho. E, portanto, para essa outra banda não interessa que o Júnior Mano esteja em boas condições", disse.

O ex-governador ainda externou que se fosse o ministro Gilmar Mendes, que autorizou operação da PF, pediria para sair do caso. "Não quero fazer aqui denúncia contra ninguém, mas todo mundo identifica uma ligação do ministro Gilmar Mendes com a política do Ceará. Isso, a meu juízo, recomendaria que ele passasse para outro ministro o processo. Era o que eu faria", afirmou.

Em outro momento, completou: "Como o ministro Gilmar Mendes é casado com uma pessoa do Ceará, se eu fosse ele, eu faço sempre assim: eu me coloco na situação; eu me julgaria suspeito para tratar desse caso. Se os familiares não tivessem relação política, mas tem. Tem. Não é razoável". Gilmar é cunhado de Chiquinho Feitosa, presidente do Republicanos e que tem desavenças com o deputado.

Para Cid, Júnior Mano "está sendo alvo de uma injustiça com um milhão de interesses escusos, desonestos, de gente mau caráter da política". "Tem gente que quer desmoralizar o parlamento", acrescentou.

Júnior Mano foi lançado e é defendido por Cid Gomes como pré-candidato ao Senado Federal pela base do governo Elmano de Freitas (PT), onde o PSB, partido deles, está alocado. Na semana passada, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no apartamento funcional do parlamentar em Brasília (DF), na residência dele no Ceará e no gabinete dele na Câmara dos Deputados. Mano nega irregularidades. Até essa quarta-feira, Cid ainda não tinha se manifestado sobre o assunto.

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