Já de tornozeleira eletrônica, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou sentir que vai ser preso até o mês que vem, no âmbito do julgamento que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado. A declaração foi dada à agência Reuters.
"O sentimento é que (prisão) vai acontecer, até o mês que vem, que é o julgamento. Nunca se viu um processo tão rápido como o meu", disse ele ao ser perguntado sobre se acha que vai ser preso. "Eu estou no cadafalso. Na hora que o soberano Alexandre de Moraes achar que tem que chutar o banquinho, ele chuta".
Bolsonaro foi alvo de um mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF), que apreendeu, entre outras coisas, um pen-drive e 14 mil dólares em espécie em sua casa.
O ex-presidente se emocionou durante a entrevista ao falar de Eduardo, disse que, entre todas as medidas cautelares, a mais dura é a de não poder mais conversar com o filho — com quem afirmou se falar "dia sim, dia não" — e afirmou acreditar que o deputado não volta mais ao Brasil.
"Acredito que ele não voltará. Se voltar, vai ser preso. O Eduardo é um garoto inteligente, fala inglês muito bem, fala espanhol, domina o árabe. Tem bom relacionamento com o governo Trump. Eu acredito que ele vá buscar uma alternativa de se tornar um cidadão americano e não volte mais para cá. Enquanto o Alexandre de Moraes tiver o poder de prender quem ele bem entender", afirmou.
Mais cedo, o ex-presidente denunciou uma "suprema humilhação", ao deixar os escritórios da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, em Brasília. "Estou restrito a (permanecer em) Brasília com tornozeleira", declarou. "Nunca pensei em sair do Brasil, nunca pensei em ir para uma embaixada, mas as medidas cautelares são em função disso", acrescentou.
Já na chegada ao estacionamento do diretório do Partido Liberal, onde Bolsonaro se dirigiu após passagem na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária para a instalação da tornozeleira, ele tinha dito que Eduardo pode concorrer ao Senado Federal via procuração.
Ele afirmou que eventual saída do país ou refúgio em determinada embaixada nunca foi "pensada" e alegou que o inquérito do golpe é político. "Nada de concreto existe", afirmou a jornalistas. (Agência Estado e AFP)