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Vídeo de Ciro levou André a descartar aliança, mas oposição considera situação 'contornável'
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Vídeo de Ciro levou André a descartar aliança, mas oposição considera situação 'contornável'

Na semana passada, o deputado federal André Fernandes, futuro presidente do PL Ceará, afirmou que o partido terá candidato próprio ao governo do Ceará e ao Senado; descartando qualquer aliança com quem não aceite a cabeça de chapa do PL
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ANDRE Fernandes é a principal voz do bloco de oposição (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES ANDRE Fernandes é a principal voz do bloco de oposição

O anúncio pelo deputado federal André Fernandes (PL) de que o PL terá candidatura própria ao Governo do Ceará em 2026, pegou o bloco da oposição estadual de surpresa, segundo articuladores que integram o grupo confessaram ao O POVO. Segundo André, o partido não irá aderir a palanques liderados por alternativas de outras legendas — caso das eventuais candidaturas do ex-governador Ciro Gomes (PDT) ou do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (sem partido).

Interlocutores da oposição apontaram que a manifestação de Fernandes não foi comunicada previamente ao grupo. A motivação para o gesto, segundo O POVO apurou, foi a postagem na qual Ciro qualifica os movimentos da família Bolsonaro como "burrice".

O vídeo de Ciro foi postado nas redes sociais na sexta-feira, 21, na mesma manhã em que o ex-presidente foi alvo de operação da Polícia Federal e teve de colocar tornozeleira eletrônica.

A fala do ex-ministro e ex-governador acaba sendo mais direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que ao ex-presidente — mencionado por Ciro numa alusão geral à família. "É indisfarçável que Lula está comemorando essa perigosa situação. Isso quer dizer que nós devemos aceitar passivamente a violência econômica oposta a nós pelo estrangeiro? Claro, óbvio que não. Mas daí a celebrar como Lula está fazendo, os benefícios eleitorais de curto prazo que a soma da injustiça da medida ianque com a tremenda burrice dos Bolsonaros, vai um enorme e intransponível distância", disse.

Apesar de Fernandes ter descartado o apoio a Ciro ou a Roberto Cláudio, membros do bloco da oposição avaliam que a situação é contornável e não seria definitiva. "Acredito que essa situação possa ser resolvida e a paz volte a reinar na oposição", disse um parlamentar, reservadamente, ao O POVO.

Um deputado disse ainda não ter ouvido maiores repercussões entre os aliados da ala contrária ao PT, mas também declarou que a situação pode ser superada. "Acho que é contornável", disse.

Já uma terceira fonte afirmou que é como se a oposição voltasse dez casas em um jogo de tabuleiro e precisasse recomeçar os diálogos para a construção de uma aliança que englobe os diferentes atores. Ele completa dizendo que os bolsonaristas precisam da centro-direita, assim como a centro-direita precisa dos bolsonaristas no Ceará e que a construção de um bloco passa pelo cenário nacional.

A avaliação interna é de que a postura de André não encerra a aliança ou causa um rompimento automático na oposição que pretende disputar contra o PT e seus aliados, mas que deve se iniciar novamente um processo de discussões internas.

André presidirá o PL, a partir de setembro, para preparar o partido para as eleições de 2026. O deputado e é visto como principal líder político da ala bolsonarista no Ceará. O plano inicial da legenda era lançar o pai de André, deputado estadual Alcides Fernandes, a uma das vagas no Senado, e abrir a cabeça da chapa, para governador, para uma composição com outras legendas. Anteriormente, o deputado federal, o deputado federal fez elogios a Ciro como possível candidato a governador, tese que agora rejeita.

A articulação do bloco de oposição começou no segundo turno da eleição para a Prefeitura de Fortaleza, em torno da candidatura do próprio André Fernandes. Ele recebeu apoios de Roberto Cláudio, que havia sido o principal cabo eleitoral do então prefeito José Sarto (PDT) no primeiro turno, do ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) e do senador Eduardo Girão — os dois últimos que foram também candidatos. Embora derrotado por pequena margem para o hoje prefeito Evandro Leitão (PT), André saiu como político oposicionista eleitoralmente mais forte no Estado.

A partir do começo do ano, avançaram as conversas para transformar a aliança do segundo turno em coalizão eleitoral para concorrer em 2026. O objetivo é fazer frente à provável candidatura à reeleição do governador Elmano de Freitas (PT). André não terá a idade mínima para ser candidato — 30 anos na ocasião da posse. Assim, despontaram como principais alternativas da oposição para concorrer o governo Ciro e Roberto Cláudio, seguidos por Girão. Porém, sem o apoio, que André no momento descarta, a chapa corre risco de se inviabilizar.

 

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