Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aguarda resposta do ministro Alexandre de Moraes à manifestação da defesa, os dois filhos com mandatos no Congresso Nacional adotaram postura ofensiva na quarta-feira, 23.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) protocolou pedido de impeachment de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele acusa o ministro de crimes de responsabilidade, afirmando que ele agiu de forma parcial e censurou manifestações políticas do pai e do irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Esta é a 176.ª vez que um ministro do STF é alvo de um pedido de impeachment. Só Moraes já recebeu 48 representações para perder o cargo. O segundo colocado em número de requerimentos é Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF, com 28 pedidos, seguido por Gilmar Mendes, decano da Corte, com 22.
O pedido de destituição do ministro ficará a cargo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a quem compete a eventual instauração de um processo de impedimento.
Já Eduardo assegurou que não "haverá recuo" na decisão dos Estados Unidos em taxar todos os produtos brasileiros em 50%. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a única forma de haver uma mesa de negociação é se o Brasil der "um primeiro passo naqueles pontos da carta do Trump".
No início do mês, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciando o tarifaço, que entrará em vigor a partir de 1º de agosto, e criticou o "tratamento" contra Bolsonaro, réu por tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo o encerramento do processo penal contra ele.
"E aí a minha sugestão é: deixem o Congresso votar a anistia. Se quiserem sacrificar o País inteiro, achando que vale a pena", disse o deputado. A declaração ocorreu durante participação no podcast Inteligência Ltda.
"Eu estou disposto a ir às últimas consequências. Pode prender o meu pai, eu não vou mudar a minha conduta", acrescentou.
Bolsonaro se limitou a dizer que não poderia dar entrevistas a jornalistas ao chegar à sede do PL, em Brasília, na manhã da quarta-feira, 23. O ex-chefe do Executivo federal estava acompanhado do filho Jair Renan, vereador de Balneário Camboriú (SC). "Vocês sabem que eu não posso falar", afirmou.
Bolsonaro cumpre medidas restritivas ordenadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Além de usar tornozeleira eletrônica, o ex-presidente não pode se comunicar via rede social própria ou de terceiros.
Bolsonaro esteve na Câmara na tarde de segunda-feira, 21, e, na saída, mostrou aos jornalistas a tornozeleira eletrônica e afirmou que o dispositivo simbolizava a "máxima humilhação". As imagens foram compartilhadas nas redes sociais por aliados e pela imprensa.
Moraes pediu explicações sobre o episódio à defesa, que afirmou que ele não descumpriu as ordens da Justiça e prometeu que Bolsonaro permanecerá calado.
A defesa ainda solicitou que o ministro esclareça o que Bolsonaro pode ou não fazer. Moraes ainda não respondeu a essa manifestação dos advogados.