A aplicação da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, provocou duras reações de figuras políticas do Ceará, principalmente do PT, que consideram a medida um ataque à democracia e à autonomia nacional.
Mais destacado líder do bolsonarismo cearense, o deputado federal André Fernandes (PL) usou a ironia para comentar a decisão do governo americano. “Os EUA terão 48h para explicar o motivo disso?”, escreveu o parlamentar, em alusão às exigências frequentemente dirigidas a opositores do STF no Brasil.
O parlamentar ainda compartilhou a notícia de que a punição a Moraes antes havia atingido xerife do talibã e líder de gangue haitiana. "Que grupo…", comentou Fernandes.
Também bolsonarista, o deputado estadual Carmelo Neto interpretou a sanção como fruto do trabalho de denúncia do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, e acusou Moraes de cometer excessos à frente do Supremo Tribunal Federal. Para Carmelo, a sanção representa um reconhecimento internacional dessas supostas violações.
Do mesmo campo da direita, senador Eduardo Girão publicou uma longa manifestação nas redes sociais, na qual disse que a sanção representa um “dia histórico” para o Brasil. Na avaliação dele, a aplicação da Lei Magnitsky por parte dos Estados Unidos expõe o que chamou de “ditadura da toga”.
Girão afirmou que a punição internacional ao ministro Alexandre de Moraes revela a gravidade das ações do Judiciário brasileiro e defendeu que o Congresso aprove uma anistia a presos políticos e inicie o processo de impeachment do ministro.
Já na base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Mauro Filho (PDT) adotou um tom crítico aos parlamentares que, segundo ele, agem contra os interesses nacionais. Em breve declaração, afirmou que o dever de um deputado é trabalhar pelo bem do país e pelo bem-estar do povo, e considerou como um equívoco qualquer ação que comprometa esses princípios.
Apesar de não mencionar diretamente as sanções dos Estados Unidos ou o ministro Alexandre de Moraes, a fala ocorre no contexto de articulações de Eduardo Bolsonaro e outros políticos para punições ao Brasil e a autoridades por Washington. Mauro é vice-líder do governo.
Líder do governo, o deputado federal José Guimarães (PT) afirmou que a sanção a Moraes é uma tentativa de interferência estrangeira no funcionamento das instituições brasileiras.
Para ele, a medida deve ser vista como uma afronta à democracia e à soberania nacional. "Fruto da conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil", afirmou.
Em resposta à publicação da entrevista de Lula ao New York Times, em que afirmaestar "indignado", o ex-prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PSB), escreveu:"The US is the newest banana republic", "Os EUA são a mais nova república de bananas", em tradução livre.
A expressão "república de bananas" é um termo pejorativo usado para descrever países considerados politicamente instáveis.
O ministro da Educação, Camilo Santana, não se pronunciou diretamente sobre o episódio. No entanto, compartilhou nas redes sociais a entrevista de Lula ao jornal dos Estados Unidos e defendeu a autonomia dos Três Poderes no Brasil.