Três quartos dos países-membros da ONU reconhecem o Estado palestino, proclamado por líderes no exílio há mais de 35 anos, um ato diplomático ao qual mais de 10 países se somaram desde o início da guerra em Gaza.
Até 2024, aproximadamente 147 países que reconheciam o Estado palestino, de um total de 193 membros das Nações Unidas. França Canadá e Austrália anunciaram que também irá reconhecer e o Reino Unido sinalizou que seguirá o mesmo caminho.
A eclosão da guerra entre Israel e o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza, após o ataque do grupo islamista ao território israelense em 7 de outubro de 2023, reavivou os apelos ao reconhecimento de um Estado palestino.
Em 15 de novembro de 1988, durante a primeira intifada (revolta), o líder palestino Yasser Arafat proclamou unilateralmente um Estado palestino independente com Jerusalém como capital.
Arafat fez o anúncio em Argel durante uma reunião do Conselho Nacional Palestino no exílio, que adotou como objetivo uma solução de dois Estados, um israelense e outro palestino.
Poucos minutos depois, a Argélia reconheceu oficialmente o Estado palestino. Em poucas semanas, dezenas de países, incluindo a maioria dos Estados árabes, a China, a Índia e a Turquia, adotaram esta política. Pouco depois, foram seguidos por quase todos os países africanos e nações do bloco soviético.
Desde dezembro de 2010, primeiro o Brasil e depois a Argentina, a Bolívia, o Equador, o Chile, o Peru e o Uruguai reconheceram o Estado palestino. Na região latino-americana, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Costa Rica já o tinham feito e Colômbia, Honduras e El Salvador também aderiram, marcando distância dos Estados Unidos, principal aliado de Israel.
Sob a liderança de Mahmoud Abbas, a Autoridade Palestina lançou uma ofensiva diplomática em organizações multilaterais.
A Unesco foi a primeira organização multilateral da ONU a abrir as portas aos palestinos em 2011, o que gerou a indignação de Israel e dos Estados Unidos, que abandonaram a organização, embora Washington tenha retornado a ela em 2023.
Em uma votação histórica em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU decidiu pela concessão aos palestinos do status de Estado observador nas Nações Unidas.
A decisão, denunciada por Estados Unidos e Israel, abriu caminho para a adesão ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em 2015 e permitiu o início de investigações sobre as operações militares israelenses nos Territórios Palestinos.
Em 2014, a Suécia, lar de uma grande comunidade palestina, tornou-se o primeiro membro da União Europeia a reconhecer o Estado palestino.
Outros seis países europeus já tinham adotado esta política antes de aderirem à UE: Bulgária, Chipre, Hungria, Polônia, República Tcheca e Romênia.
Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram em maio de 2024 que seguiriam os passos da Suécia, uma decisão que rompe com a concepção de que o reconhecimento do Estado palestino está atrelado a um processo de paz com Israel. O Parlamento da Eslovênia, país-membro da União Europeia (UE) e da Otan, aprovou, em 4 de junho do ano passado, decreto que reconhece um Estado palestino.
Em meio à comoção pela fome em massa em Gaza durante ofensiva issraelense, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou em 24 de julho que o país vai reconhecer a Palestina como Estado em reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro.
Em 29 de julho, o Reino Unido informou que reconhecerá o Estado palestino na mesma ocasião, a não ser que Israel assuma série de compromissos, a começar pelo cessar-fogo em Gaza.
Em 30 de julho, o anúncio do reconhecimento foi feito pelo Canadá. Nessa segunda-feira, 11 de agosto, foi a vez da Austrália comunicar a decisão.