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Defesa de Garnier tenta fazer frente aos chefes das outras Forças
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Defesa de Garnier tenta fazer frente aos chefes das outras Forças

|Constrate|Maior desafio da defesa é contrapor Garnier com ex-comandantes de Exército e Aeronáutica
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MINISTROS Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia diante do advogado Demóstenes Torres (Foto: Victor Piemonte/STF)
Foto: Victor Piemonte/STF MINISTROS Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia diante do advogado Demóstenes Torres

A defesa do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, defendeu ontem no Supremo Tribunal Federal (STF), que não há provas para condená-lo pela trama golpista. Ele é o único comandante das Forças Armadas acusado de apoiar o plano de golpe em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O advogado e ex-deputado Demóstenes Torres, que representa Garnier, afirmou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou na denúncia uma "narrativa globalizante" sem discriminar com profundidade o papel de casa denunciado.

"Todo processo tem que ter uma individualização. Embora o crime seja multitudinário, tem que se deixar claro o que foi que eles fizeram", argumentou.

O maior desafio da defesa é fazer frente aos ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica), que confirmaram em seus depoimentos que Garnier apoiou as intenções golpistas de Bolsonaro e colocou suas tropas à disposição do ex-presidente.

Demóstenes afirmou que, se estivesse de fato articulando um golpe, Bolsonaro poderia ter substituído os comandantes do Exército e da Aeronáutica para conseguir apoio ao plano antidemocrático.

O plano golpista teria sido tratado em reuniões no Palácio do Alvorada no dia 7 de dezembro de 2022 e no Ministério da Defesa no dia 14 de dezembro de 2022, segundo a denúncia. A defesa afirma que a PGR não foi capaz de cravar em qual encontro o comandante da Marinha supostamente aderiu ao plano golpista.

A denúncia menciona ainda a nota conjunta dos chefes militares autorizando a permanência de manifestantes nos acampamentos golpistas. Os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica condenaram no texto "eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos". Delator, Mauro Cid disse em depoimento que partiu do ex-presidente Jair Bolsonaro a ordem para a divulgação do texto. A defesa de Garnier alega que na verdade o objetivo da nota era "abaixar a temperatura do País".

O advogado negou ainda que o desfile de carros blindados da Marinha nas imediações do Palácio do Planalto, em agosto de 2021, durante a análise da PEC do voto impresso, tenha sido uma forma de pressão ao Congresso. Demóstenes alega que o evento já estava previsto.

 

Advogado se oferece para levar cigarro a Bolsonaro

Durante a sustentação oral de Demóstenes Torres, defensor de Almir Garnier, o advogado disse gostar do ministro Alexandre de Moraes e de Jair Bolsonaro e afirmou que levaria cigarro para o ex-presidente "onde quer que seja".

Torres usou cerca de 20 minutos do tempo total de 1 hora para cumprimentar e relembrar a trajetória dos ministros. Ele contou sobre um encontro que teve com o ex-presidente em um aeroporto após ter saído da política. O advogado é ex-senador e teve o mandato cassado em 2012.

"De repente, passou Bolsonaro parecendo um soldadinho de chumbo. Falei para a minha mulher: 'Até o Bolsonaro está me evitando'. Aí ele parou no raio-x, voltou correndo, me deu um abraço. Então, se Bolsonaro precisar de eu levar cigarro para ele em qualquer lugar, conte comigo. Ele é uma pessoa que eu gosto. Então, talvez seja a única pessoa no Brasil que goste do ministro Alexandre de Moraes e goste do ex-presidente Jair Bolsonaro", continuou.

Outros defensores também elogiaram os ministros. O advogado Cezar Bitencourt, parte da defesa do tenente-coronel Mauro Cid, chegou a chamar Luiz Fux de amoroso e atraente. A fala causou risadas nos ministros e no público do local. (Taynara Lima)

Políticos cearenses reagem ao julgamento

O primeiro dia do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de outros réus acusados de participação em trama golpista mobilizou políticos cearenses nas redes sociais. Da base à oposição, parlamentares reagiram ao início do julgamento do processo.

Foto com pipoca, pedidos de oração e lamentações marcam o teor das publicações. O vereador de Fortaleza Gabriel Aguiar (Psol) publicou uma foto acompanhando a primeira sessão do julgamento. No registro, ele aparece sorrindo e com um pacote de pipoca, demonstrando apreciar a cena a qual assiste por meio de um computador. Na legenda, uma provocação: "Vai uma pipoquinha aí?", escreveu.

A deputada estadual Larissa Gaspar (PT) também fez publicação similar. Em postagem nas redes sociais, ela disse: "Prepare a pipoca, começa hoje! Vai ser condenado com voto impresso e auditável!!".

Na legenda, ela completa: "O julgamento do golpista tá aí e a gente segue acompanhando, porque democracia é coisa séria, compartilhou Larissa Gaspar, que também é 2ª vice-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

O deputado suplente em exercício David Vasconcelos (PL), conhecido como David Pró-armas, utilizou as suas redes para apoiar o ex-presidente. "Seguiremos fazendo nossa parte independente desse julgamento absurdo!".

A deputada estadual Dra. Silvana (PL), em postagem colaborativa com o seu marido, o deputado federal Dr. Jaziel (PL), fala em mais "uma luta" para a nação.

"Mais um dia de guerra do bem contra o mal, da justiça contra a injustiça, mas cremos no poder soberano de Deus para mudar roteiros", escreveu. E seguiu: "Querido Presidente, o senhor não está sozinho. Estamos em oração pela sua vida e pelo Brasil!", finalizou a deputada. O vereador Inspetor Alberto (PL) também pediu orações. (Rogeslane Nunes/Especial para O POVO)

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