Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) ouvia as defesas dos réus da ação da trama golpista, parlamentares do Congresso discutiam o projeto de anistia. Nesta quarta-feira, 3, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto projetou que o texto de anistia que deve beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) "em segundo momento". Segundo o dirigente partidário, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atua em Brasília pela aprovação do perdão aos condenados pelo 8 de Janeiro.
"Não podemos fazer uma anistia se Bolsonaro não foi condenado ainda. Esperamos que haja o entendimento que esse pessoal que não teve direito a defesa possa ser anistiado. Todos foram presos no 8 de Janeiro sem se defender", afirmou Valdemar em entrevista à GloboNews. Os réus tiveram direito de defesa no curso do processo.
Valdemar também citou os esforços do governador de São Paulo para articular no Congresso a aprovação do perdão político aos golpistas. "Ele tem trabalhado, tem ajudado dentro do Republicanos, para que a gente faça a anistia", disse. Negou, entretanto, que essa seja uma condição para apoiá-lo como candidato à Presidência em 2026.
Ainda sobre a anistia, o presidente do PL afirma que é preciso "valorizar" o trabalho do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), porque é preciso de seu apoio para o projeto caminhar na Casa.
Segundo as contas do dirigente partidário, há apoio dos partidos PP, União Brasil, Republicamos, PSD e do próprio PL, afirmando que deve computar cerca de 300 votos pela anistia, duas semanas após o resultado do julgamento do STF que pode condenar ou absolver Bolsonaro.
Para o governo, o temor é que o texto possa ser pautado já na semana que vem. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou estar preocupado com a possibilidade de que Motta inclua na pauta do plenário da semana que vem o requerimento de urgência para o projeto que concede anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. As declarações ocorreram em entrevista à GloboNews.
"Tem gente ameaçando que eles podem votar a urgência na próxima semana. Eles vão ter que colocar 257 votos. A gente vai se mobilizar. Um assunto como esse, o governo tem que se mexer, porque é um ataque frontal ao Supremo", declarou. "Eu acho que hoje não é certo que eles tenham os 257 votos. A gente vai conversar com cada deputado de cada partido."
Lindbergh disse ainda que a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a contar os votos para evitar a aprovação da urgência. Além disso, segundo o petista, há a possibilidade de que os deputados misturem a anistia ao projeto que aumenta a proteção a parlamentares contra processos judiciais. O texto tinha perdido fôlego nas últimas semanas após não conseguir consenso pra ir ao Plenário.
Na ocasião, Lindbergh disse que o avanço da anistia é "inacreditável" e uma "provocação infantil" contra o STF. Segundo ele, Lula vetará o projeto de anistia, se aprovado pelo Congresso Nacional. "Querem aprovar isso, o Lula vai vetar, o Supremo vai dizer que é inconstitucional, mas eles criam uma confusão. É como se o Parlamento tivesse entrado na chantagem do Eduardo Bolsonaro", declarou.
Em meio a articulações de bolsonaristas, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tenta construir um texto que não conceda indulto a Bolsonaro e alcance apenas os condenados pelos atos do 8 de janeiro.