No mesmo dia em que foram proferidos dois votos para condenação de Jair Bolsonaro (PL), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o governo Trump está disposto a "usar meios militares" para "proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo". A fala acontece em referência a uma eventual condenação de Bolsonaro.
A porta-voz foi perguntada, pelo repórter Michael Shellemberger, do site Public News, se Trump estava "considerando ações adicionais, dado que parece que vão resultar em uma condenação contra o presidente Bolsonaro, impedindo-o de concorrer?"
Ela respondeu: "Atualmente, não há nenhuma ação adicional" contra o Brasil, que já é alvo do aumento de tarifas. Entre as justificativas, Donald Trump citou o tratamento dado pelo País ao ex-presidente e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia. Antes, Trump havia publicado nota afirmando que Bolsonaro sofria perseguição e "caça às bruxas".
Apesar da fala, a porta-voz acrescentou: "O presidente (dos EUA, Donald Trump) não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo".
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, criticou a declaração. Em uma postagem nas redes sociais, a ministra afirmou que chegou ao "cúmulo" a "conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil", apontando para a articulação conduzida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro para que os EUA sancionem o Brasil.
"Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível'", disse a ministra.
O Itamaraty também se pronunciou sobre as falas. "O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia. O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania", apontou nota.
E seguiu: "O governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais". (Com Agência Brasil)