O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que achou "muito surpreendente" a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF)."Assisti ao julgamento, conheço-o muito bem. Como líder estrangeiro, acho que ele era um bom presidente", disse a repórteres.
"É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram", acrescentou. Segundo Trump, Bolsonaro é um bom homem e ele não via isso acontecendo. O republicano não respondeu se acrescentaria mais sanções ao Brasil.
Trump foi processado por causa da invasão no Capitólio em 6 de janeiro de 2021, mas não chegou a ser julgado pela insurreição. A Suprema Corte americana garantiu imunidade parcial a ele, exceto a atos não oficiais. As quatro ações - por conspiração e obstrução - foram retiradas pela acusação após sua eleição em novembro de 2024 por causa do impedimento de processar um presidente no exercício do cargo.
Mas em outra frente, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que os Estados Unidos responderão adequadamente a "essa caça às bruxas", uma referência à condenação de Bolsonaro. "As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros do Supremo decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro", escreveu Rubio na rede X. A mensagem foi compartilhada na conta da Embaixada do Brasil
O chefe da diplomacia americana usou a mesma expressão "caça às bruxas" já empregada antes por Trump e pelo Departamento de Estado para se referir à ação penal sobre a tentativa de golpe no Brasil.
Autoridades do Palácio do Planalto aguardam novas ações punitivas. Eles especulam que as medidas possam recair sobre o âmbito comercial entre os países ou agentes públicos do Supremo ou do Executivo, na esfera financeira (Lei Magnitsky) ou pessoal (vistos). Quando impôs o tarifaço de 50% sobre a pauta de exportações brasileiras, Trump se referiu ao processo penal do golpe como uma "caça às bruxas" e exigiu que fosse “imediatamente” abandonado. Segundo o republicano, a ação criminal seria uma "vergonha internacional".
Representantes do governo Trump indicaram a interlocutores do Brasil nas últimas semanas que há um impasse e que a questão de fundo é política. Eles também reiteraram publicamente, por meio do Departamento de Estado, que haveria novas medidas em razão do que consideram perseguição a Bolsonaro.
Publicamente, o Itamaraty se manifestou sobre a condenação de Bolsonaro e rebateu uma ameaça feita Rubio. "O Poder Judiciário brasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados pela frustrada tentativa de golpe de Estado, que tiveram amplo direito de defesa. As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo", respondeu o Ministério das Relações Exteriores (MRE), em nota postada nas redes sociais.
"Continuaremos a defender a soberania do país de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem. Ameaças como a feita hoje pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia", prosseguiu o ministério liderado pelo embaixador Mauro Vieira. (Com Agência Brasil)