Com o resultado do julgamento da ação penal 2668, o ex-presidente Jair Bolsonaro permanece inelegível, o que inviabiliza qualquer candidatura em 2026. Para a professora de Ciência Política e Antropologia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Isabela Kalil, a tendência é que Bolsonaro postergue ao máximo a oficialização de um apoio a outro nome para ocupar a vaga de candidato à Presidência da República no pleito de 2026, utilizando esse tempo para reforçar sua liderança e capital político.
“Ele vai até onde conseguir sustentar a narrativa de que é o candidato para 2026”, explica a professora. Nesse processo, a transferência de apoio deve ocorrer apenas próximo ao pleito, como forma de preservar a influência sobre o eleitorado.
A professora considera ainda que a prisão de Bolsonaro pode servir como combustível para sua base manter a mobilização em torno do ex-presidente e, posteriormente, de quem vier a ser indicado por ele como sucessor, mas o protagonismo do ex-presidente pode se esvair com o tempo.
Na prática, Kalil prevê um aumento significativo de "Bolsonaros virtuais" gerados por inteligência artificial, que podem tanto parodiá-lo quanto simular discursos dramáticos, independentemente da inelegibilidade.
No âmbito legislativo, o PL da anistia encontra resistência no Congresso Nacional, com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), evitando pautar o tema e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, resistindo a versão apresentada por aliado de Bolsonaro. Para Alcolumbre, a anistia não deveria incluir os envolvidos no cerne do 8 de janeiro.
Segundo Kalil, depois da forma como os ministros Moraes e Dino foram enfáticos em dizer que não caberia perdão judicial, bem como indulto ou anistia, “o preço de defender uma anistia ficou bem mais alto”. No entanto, parlamentares bolsonaristas já apontam um aumento da pressão no Congresso com o objetivo de que o projeto avance.