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Lula diz que quer negociar com EUA, mas "democracia e soberania não estão sobre a mesa"
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Lula diz que quer negociar com EUA, mas "democracia e soberania não estão sobre a mesa"

Presidente brasileiro respondeu sobre aspectos políticos e econômicos e defendeu a decisão do Supremo sobre Bolsonaro
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LULA respondeu a Trump (Foto: Evaristo SA / AFP)
Foto: Evaristo SA / AFP LULA respondeu a Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu, neste domingo, 14, às críticas do governante dos Estados Unidos, Donald Trump, que denunciou uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado na quinta-feira, 11, por tentativa de golpe.

Na primeira reação após a decisão contra seu opositor, Lula disse que o processo "não foi uma 'caça às bruxas'", em um artigo de opinião publicado no jornal americano New York Times. Trump qualificou a condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão como "muito surpreendente".

Lula disse estar "orgulhoso do Supremo Tribunal Federal do Brasil por sua decisão histórica", em um texto intitulado A democracia e a soberania do Brasil não são negociáveis.

O Brasil enfrenta uma crise diplomática com os Estados Unidos devido ao julgamento contra Bolsonaro e seus aliados. Trump puniu o país com tarifas alfandegárias de 50%, uma das mais altas do mundo, sobre boa parte de seus produtos.

Além disso, vários membros do STF são alvo de sanções de Washington por sua atuação no caso contra Bolsonaro.

“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão sobre a mesa”, escreveu Lula no principal jornal dos Estados Unidos.

Planos de assassinato

Bolsonaro, de 70 anos, foi condenado por liderar uma organização destinada a impedir a posse de Lula, que o derrotou nas eleições de 2022.

“O julgamento foi resultado de um processo conduzido de acordo com a Constituição de 1988 do Brasil, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar”, afirmou o presidente no texto publicado em inglês.

"Meses de investigações (...) descobriram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do Supremo Tribunal", acrescentou. A trama golpista não foi executada por falta de apoio das lideranças militares, segundo a decisão do STF.

Esse julgamento "realmente se parece com o que tentaram fazer comigo", declarou Trump após a condenação de Bolsonaro, em referência a seus próprios problemas judiciais com relação à invasão do Capitólio por seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021.

O STF responsabilizou o ex-presidente por planos de golpe de Estado que culminaram no ato do dia 8 de janeiro de 2023 contra as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Bolsonaro se declara vítima de "perseguição" e sua defesa anunciou que recorrerá da decisão do Supremo, inclusive em instâncias internacionais.

Ele já cumpre uma ordem preventiva de prisão domiciliar em Brasília.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, assegurou que Washington "responderá" à "injusta" sentença contra o ex-presidente brasileiro.

Medidas econômicas

No artigo, Lula ainda rebateu os argumentos do presidente dos Estados Unidos a respeito do tarifaço imposto aos produtos brasileiros pelos Estados Unidos.

Lula ressaltou que nos últimos 15 anos, os Estados Unidos registraram um superávit de US$ 410 bilhões nas relações comerciais com o Brasil. Também disse que não há excessos nas cobranças de tarifas por parte do Brasil e que aproximadamente 75% das exportações aos Estados Unidos para o Brasil são isentas de impostos.

O presidente brasileiro defendeu o multilaterialismo como melhor caminho para as relações entre os países, apontou os números favoráveis aos Estados Unidos na balança comercial entre os dois países e disse que a decisão de taxar os produtos brasileiros é política.

Outro ponto defendido pelo presidente Lula foi a implantação do sistema de pagamentos digital, o Pix, que possibilitou a inclusão financeira de milhares de cidadãos e empresas do país. Além de facilitar as transações e estimular a economia.

A Amazônia foi outro tema tratado pelo brasileiro no artigo, recordando que nos últimos dois anos a taxa de redução do desmatamento caiu pela metade e que, no ano passado, a polícia brasileira apreendeu milhões de dólares utilizados em esquemas criminosos contra o meio ambiente.

Por fim, o presidente Lula reafirmou a disposição de o Brasil negociar o tema das tarifas com os Estados Unidos, recordou que os dois países mantêm relações há mais de 200 anos, sendo que as diferenças ideológicas não podem prejudicar o trabalho conjunto das duas nações.

Clique aqui e leia a íntegra do artigo 

Com Agência Brasil

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