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Bastidores: Oposição projeta mais de 300 votos por anistia; esquerda tenta derrubar
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Bastidores: Oposição projeta mais de 300 votos por anistia; esquerda tenta derrubar

Os defensores da anistia precisam obter 257 votos para aprovar a urgência e de maioria simples para o mérito
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HUGO Motta recebe pressão para pautar a anistia (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)
Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados HUGO Motta recebe pressão para pautar a anistia

Deputados federais de oposição projetam mais de 300 votos em favor do requerimento de urgência para uma anistia moderada aos condenados pelos atos golpistas de 2023, enquanto governistas sustentam que há condições de derrubar o pedido, em votação acirrada. Caso a anistia inclua o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), parlamentares avaliam que a aprovação do mérito pode ser mais difícil.

As avaliações ocorrem em meio a indicativos de que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pode incluir a urgência para a anistia na pauta desta semana. A questão deve ser decidida em reunião de líderes nesta terça-feira, 16, em Brasília. Os defensores da anistia precisam obter 257 votos para aprovar a urgência e de maioria simples para o mérito.

O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), defende a anistia a Bolsonaro e tem utilizado o número de signatários do pedido de urgência, 262, para argumentar que há mais votos para aprovar o requerimento e o projeto. Segundo cálculos de outros deputados da oposição, no entanto, o placar da urgência deve ficar entre 320 e 330 votos, somente se a proposta não incluir Bolsonaro.

No entorno de Motta, há avaliações de que a votação chegue a 320 votos, caso a anistia envolva apenas os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A extensão a Bolsonaro arrisca não só a aprovação do mérito, como também a urgência. A expectativa de aliados é de que o presidente da Câmara insista em um acordo com o governo e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Um deputado do centrão destacou que as "variáveis" da anistia são decisivas para o cálculo dos apoiamentos ao texto. Este parlamentar considera que, com a condenação de Bolsonaro, vários pontos têm de ser resolvidos no que tange à extensão do texto, antes mesmo de o texto ser pautado.

O aliado de Motta não descarta que a Câmara não vote nesta semana nem a urgência da anistia, justamente em razão da falta de definição sobre os detalhes do texto. Para este deputado, por exemplo, o centrão pode até querer tentar estender a anistia a Bolsonaro, mas já estaria precificado que o grupo não deve embarcar na proposta de devolver a elegibilidade ao ex-presidente após a recém condenação por crime de golpe de Estado.

Na opinião de um líder governista, há chances de a Câmara derrubar o requerimento de urgência com uma margem estreita, "meio a meio". Nessa avaliação, os signatários do pedido não necessariamente darão votos para aprová-lo, porque a adesão ocorreu antes da condenação de Bolsonaro. Embora a punição já estivesse precificada, esse líder avalia que agora a condenação é um fato, e houve uma reação limitada do bolsonarismo.

Em paralelo, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), já indicou que não será contrário a uma proposta de anistia em consenso com o STF. No cálculo de governistas e parlamentares de centro, uma anistia reduzida enfraqueceria a anistia a Bolsonaro

O Senado está em compasso de espera. Governistas e oposicionistas evitam arriscar um placar de quantos votos um projeto de anistia teria. O argumento é o mesmo: há incertezas se o projeto sequer conseguirá sair da Câmara e seria precipitado propagandear vantagem agora.

Também mencionam o fato de que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), e o comandante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), já terem descartado a chance de pautarem em comissão e em plenário um perdão de penas do 8 de janeiro.

Alcolumbre articula um texto "meio-termo", sem anistia, mas com redução de penas. A expectativa é que ele leve o assunto aos líderes de bancadas nos próximos dias. Na semana passada, ele manifestou a intenção de submeter à votação: "Vamos ver quem vota a favor e quem vota contra", disse. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), já se disse aberto a debater o projeto de Alcolumbre. O texto também tende a ter apoio de outras alas governistas no Senado.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), principal nome da oposição na Casa, descartou, porém, qualquer chance de um apoio a esse texto "light". Segundo ele, a oposição insistirá em um texto próprio, com uma anistia que também alcance o pai dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a mais de 23 anos por tentativa de golpe de Estado. (Agência Estado)

Votos na anistia

De acordo com um mapeamento de opositores, desses 320 votos, seriam:

PL:
88 votos

União Brasil:
50 a 52 votos

Progressistas:
45 votos

PSD:
30 a 33 votos

Republicanos:
30 a 33 votos

MDB:
20 a 25 votos

Defensores da anistia contam ainda com votos de bancadas menores, como Podemos, PSDB, Avante, PRD
e Partido Novo

2026

O PL tenta ampliar o apoio dos partidos de centro a um projeto de anistia que beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O Republicanos, no entanto, quer emplacar uma candidatura à Presidência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, filiado ao partido

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