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Moraes mantém prisão de blogueiro cearense
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Moraes mantém prisão de blogueiro cearense

Wellington Macedo foi condenado por atentado à bomba em Brasília
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WELLINGTON Macedo é condenado por atentado á bomba (Foto: Reprodução/Twitter)
Foto: Reprodução/Twitter WELLINGTON Macedo é condenado por atentado á bomba

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou nesta segunda-feira, 22, o pedido de soltura do blogueiro cearense Wellington Macedo de Souza, de 49 anos. Macedo é um dos três condenados por terem planejado e executado uma tentativa de atentado a bomba nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília, em dezembro de 2022.

A defesa do cearense diz que o motivo para a prisão preventiva seria um "crime impossível", pois laudo mostrou não haver detonador. o que tornaria impossível a explosão. O advogado de Wellington, Síldilon Maia Thomaz do Nascimento, disse que irá recorrer (veja manifestação completa abaixo). 

A decisão do ministro se deu após a Procuradoria-Geral da República (PGR) opinar contra a soltura. Moraes decretou a nova prisão preventiva do blogueiro em junho de 2025, juntamente com os outros dois condenados, em razão do descumprimento das medidas cautelares.

Descumprimento e comportamento desafiador

A manutenção da prisão é fundamentada no fato de que Wellington Macedo, mesmo após deixar o regime fechado e ter sido autorizado a cumprir pena no regime semiaberto em dezembro de 2024, deliberadamente descumpriu a prisão domiciliar imposta.

No despacho, Moraes destacou que o réu não foi localizado na residência e, em um "claro comportamento desafiador", publicou vídeos nas redes sociais afirmando que estava fugindo do mandado de prisão e solicitando contribuições financeiras para fazê-lo. O ministro afirmou que tal atitude demonstra desrespeito à Suprema Corte e que as medidas cautelares anteriores não se mostraram eficazes para garantir a aplicação da lei penal e a ordem pública.

A defesa citou que o rompimento de tornozeleira eletrônica e a fuga, citadas como motivo para negar o pedido de soltura, ocorreram em 2022, porém aquele processo já prescreveu e não poderia mais ser usado como justificativa.

Veja a manifestação da defesa de Wellington Macedo:

A decisão que negou o pedido de revogação de prisão preventiva feito pela defesa de Wellington Macedo de Souza teve por fundamento um rompimento de tornozeleira eletrônica ocorrido no ano de 2022 e seguido de fuga. Contudo, o processo que deu origem à instalação de tal equipamento de monitoração (Inq 4.879-DF) está prescrito, não servindo mais para tal justificativa. Além disso, o fato utilizado para a decretação da prisão preventiva configura um crime impossível, eis que a Polícia Científica do Distrito Federal emitiu laudo atestando que não existia detonador junto às dinamites encontradas e dinamite não explode sem detonador. Iremos recorrer e esperamos reverter a decisão no menor tempo possível.

Síldilon Maia Thomaz do Nascimento

Advogado

Quem é Wellington Macedo?

Wellington Macedo de Souza, natural de Sobral, é um blogueiro bolsonarista que ganhou destaque pela forte presença nas redes sociais. Ele coleciona dezenas de acusações por dano moral e crimes por atos contra a democracia, e responde a diversas denúncias por espalhar notícias mentirosas sobre vacinas e contra a honra de políticos que se opõem à sua linha ideológica.

O destaque nas pautas políticas o levou a ocupar um cargo comissionado no governo Bolsonaro (PL), como assessor na Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos). Ele foi exonerado do cargo, que ocupou entre fevereiro a outubro de 2019, quando passou a ser investigado.

Histórico de prisões e fuga

O envolvimento de Macedo com atos antidemocráticos é extenso:

  • Agosto de 2021: foi alvo de mandado de busca e apreensão expedido pelo STF por incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia, em uma ação que também investigou o cantor Sérgio Reis. 
  • Setembro de 2021: foi preso em um hotel em Brasília por determinação de Alexandre de Moraes, em um inquérito que apurava o financiamento de atos contra as instituições e a democracia.
  • Outubro de 2021: foi solto por Moraes sob regime de prisão domiciliar com monitoramento de tornozeleira eletrônica, pois a data do ato investigado havia passado.

Mesmo monitorado e investigado, Wellington Macedo continuou frequentando o acampamento bolsonarista, onde se envolveu com George Washington Oliveira de Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, também acusados no caso do atentado a bomba.

Atentado à bomba e condenação

O plano para o atentado a bomba, que seria na véspera do Natal de 2022, mudou de última hora. A ideia inicial era que o artefato fosse colocado próximo a um poste para prejudicar a distribuição de energia elétrica na Capital, mas acabou sendo instalado no eixo de um caminhão-tanque carregado de querosene de aviação, nas proximidades do aeroporto de Brasília.

O artefato foi identificado pelo motorista e desarmado a tempo pela Polícia Militar do Distrito Federal, não impactando as operações aeroportuárias.

Na data em que a bomba foi colocada, Wellington Macedo já era considerado foragido da Operação Nero, relacionada a uma tentativa de invasão ao edifício-sede da Polícia Federal.

Ele, George e Alan foram denunciados pela Justiça do Distrito Federal pela tentativa de explosão. George foi preso em 24 de dezembro e confessou ter montado a bomba. Alan e Wellington não foram localizados à época.

Wellington Macedo foi condenado a seis anos de prisão, em regime inicial fechado, e multa de R$ 9,6 mil. Essa condenação já é definitiva.

Captura no Paraguai

Macedo permaneceu foragido por nove meses. Ele foi capturado no Paraguai, onde estava escondido, em uma ação que contou com a colaboração da Polícia Federal. O blogueiro foi entregue às autoridades brasileiras em 14 de setembro de 2023 na Ponte da Amizade. Em dezembro de 2024, ele obteve o benefício de passar ao regime semiaberto, medida que culminou na nova prisão preventiva decretada em junho de 2025 devido ao seu descumprimento.

Atualizada às 11h33min para inclusão da manifestação da defesa

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