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Detidos em prisão no deserto, Luizianne e outros brasileiros recebem assistência do Itamaraty
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Detidos em prisão no deserto, Luizianne e outros brasileiros recebem assistência do Itamaraty

|Flotilha| Participantes do movimento foram transferidos para a prisão de Kesdiot, no deserto de Negev, instalação localizada entre Gaza e o Egito
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LOCAL onde fica a prisão para qual integrantes da Flotilha Global Sumud foram levados (Foto: Reprodução / Google Maps)
Foto: Reprodução / Google Maps LOCAL onde fica a prisão para qual integrantes da Flotilha Global Sumud foram levados

A deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), e 13 brasileiros da Flotilha Global Sumud, receberam assistência de diplomatas da Embaixada do Brasil em Israel e de outros países nesta sexta-feira, 3, após dois dias após serem interceptados pelas forças armadas israelenses.

Conforme nota da equipe da parlamentar, foram mais de oito horas de procedimentos relacionados à detenção. Além disso, Luizianne recebeu assistência do Centro Jurídico para os Direitos das Minorias Árabes em Israel (Adalah). "A situação continua sendo acompanhada de perto pelo Itamaraty e por organismos internacionais de defesa dos direitos humanos", informa.

Líder do PT na Câmara, o deputado federal Lindbergh Farias comentou sobre a assistência brasileira ao grupo. "Hoje, graças a Deus, o corpo consular brasileiro conseguiu ter acesso a essas pessoas. Infelizmente, as provocações são muitas. É uma prisão dura. Dois ministros de extrema-direita de Israel foram lá atacar essas pessoas que estavam naquela missão humanitária", relatou.

"A gente exige que esses brasileiros sejam devolvidos ao nosso País com segurança. Não cometeram nenhum crime", complementou o líder petista. "Tem muita gente me perguntando sobre a deputada Luiziane Lins. Ela tá lá firme, sabe o que está fazendo, sabe a importância dessa causa".

A diplomacia brasileira fez dois encontros com a delegação brasileira, um com as mulheres e outro com os homens. Segundo a nota, todos estão "em condições gerais de saúde estáveis". Relatos mencionados pela equipe de Luizianne informam ainda que, no primeiro dia da interceptação, o governo de Israel não ofereceu comida e água ao grupo que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. 

"Além de serem privados de acesso à água, banheiro e medicamentos, também foram impedidos de acessar advogados, o que viola seus direitos fundamentais ao devido processo legal, julgamento justo e representação jurídica", explica comunicado da flotilha.

A flotilha disse que os brasileiros receberam mensagens transmitidas por seus familiares. De acordo com o movimento, os participantes foram transferidos para a prisão de Kesdiot, no deserto de Negev, instalação localizada entre Gaza e o Egito, distante aproximadamente 30 quilômetros da fronteira egípcia. 

Ketziot é a maior prisão israelense em extensão territorial, com 400 mil m². Fica a 72 km de Berseba (ou Beersheba) e abriga presos políticos e migrantes considerados em situação irregular pelo governo de Israel.

Eles seguem submetidos aos trâmites jurídicos definidos pelas autoridades locais e no aguardo de deportação. Por meio de nota, o movimento informou que os integrantes são representados juridicamente pelo Centro Jurídico para os Direitos das Minorias Árabes em Israel (Adalah, justiça em árabe). Os advogados da Adalah se encontraram com 331 dos 461 participantes da flotilha. 

“Até o momento, pouquíssimos participantes assinaram o Pedido de Saída Imediata. Os participantes foram informados previamente, que poderiam assinar o documento que permitiria um processo de liberação mais rápido. No entanto, sem a assinatura desse pedido, a legislação israelense permite a detenção por até 72 horas (três dias).”

Segundo a nota, tal documento implica o reconhecimento da entrada ilegal em Israel e o banimento por mais de 100 anos da região.  Quatro brasileiros assinaram os papéis de deportação, mas não havia ainda informações sobre quando iriam regressar ao Brasil. 

De acordo com o relato dos juristas que acompanham o caso, durante os interrogatórios, os ativistas foram visitados por dois ministros israelenses, inclusive o da Defesa, Itamar Ben-Gvir.

O Ministério das Relações Internacionais de Israel publicou fotos de alguns integrantes da Flotilha Global Sumud com a afirmação de que “estão em andamento procedimentos para encerrar a provocação do Hamas-Sumud e finalizar a deportação dos participantes dessa farsa”, destaca o órgão. De acordo com a publicação, quatro cidadãos italianos já foram deportados e os demais estão em processo de deportação.

Todas as embarcações que faziam parte da Flotilha Global Sumud foram interceptadas e os 461 integrantes foram capturados. A última abordagem ocorreu às 4h29 (horário de Brasília), quando os tripulantes do barco Marinette foram levados pelas forças navais israelenses. 

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