Logo O POVO+
União e PP enfrentam desafios pela falta de consenso na relação com o governo Lula
Politica

União e PP enfrentam desafios pela falta de consenso na relação com o governo Lula

|Planalto| As siglas formalizaram federação e deram ultimato para afastamento do governo. Decisão não foi seguida por todos os membros
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Partidos pressionam saída de ministros, mas titulares insistem em permancer (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil Partidos pressionam saída de ministros, mas titulares insistem em permancer

O União Brasil enfrenta, a um ano das eleições, o cenário mais turbulento entre os principais partidos de centro e centro-direita. Com três indicações em cargos de primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mais uma série de indicados em outros postos, o partido se prepara para um movimento de afastamento formal do Palácio do Planalto, mas sem uma coordenação central capaz de fechar esse consenso.

Enquanto o presidente da sigla, Antônio Rueda, trabalha para unificar a legenda com um discurso de distanciamento - quase de oposição - ao governo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), segura uma ala do partido dando sustentação ao Planalto.

Esse movimento ganhou força nos últimos dias com a decisão do ministro do Turismo, Celso Sabino, de ficar no cargo, apesar da ordem dada por Rueda para deixar o ministério. Antes de decidir ficar no cargo, Sabino e aliados vinham tentando emplacar a atual secretária-executiva da pasta, Ana Carla Machado Lopes, como sua sucessora.

Diferentemente do ainda ministro do Turismo, ela não é filiada ao União Brasil. Poderia assumir a pasta sem desrespeitar a ordem dada pela legenda.

O União Brasil surgiu da fusão do Democratas (DEM) - ex-PFL e que historicamente fez oposição ao PT - com o PSL, pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. As duas siglas eram formadas por políticos essencialmente antipetistas. Alguns remodelaram o discurso para participar da base de apoio ao governo nos anos iniciais.

Antes de Sabino decidir ficar no ministério, fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que a indicação de Ana Carla para o Turismo seria uma forma de manter ao menos parte do apoio dos parlamentares da sigla. O quadro virou. Com apoio de 46 dos 59 integrantes da bancada da legenda, o ministro decidiu ficar no governo.

Ao lado de Lula, em Belém, na semana passada, Sabino mandou recados ao União Brasil e deu a entender que será voz governista dentro da legenda. O posicionamento pode não durar muito tempo, já que o partido analisa hoje se o expulsa ou não da legenda. Desejando o apoio de Lula na disputa por uma cadeira no Senado, o ainda ministro afirmou, na semana passada, que "nenhum partido vai afastá-lo do povo" e que o petista pode contar com ele "onde estiver para segurar a mão".

O União Brasil tem 59 deputados e seis senadores, a maior bancada do Centrão. No Senado, conta com a força de Alcolumbre, que influencia outras siglas. Fontes afirmam que não há espaço, por ora, para reaproximação com Lula, apesar da boa relação de alguns integrantes com o Planalto. Avaliam que esse momento "já passou", sobretudo após a federação firmada com o Partido Progressista (PP) nos últimos meses.

No PP, também há resistência. Mesmo com ultimato do partido para que ele deixe o governo, o ministro dos Esportes, André Fufuca (PP-MA), afirmou: "Eu estou com Lula". A fala foi dita publicamente em evento. Ele disse que "cometeu um erro em 2022", quando apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Em 2026, pode ser que o meu corpo esteja amarrado, pode ser, mas minha alma, meu coração, minha força de vontade estarão livres para ajudar Luiz Inácio Lula da Silva", disse ainda no evento na segunda-feira, 6.

União Brasil e PP formaram a União Progressista - federação que obriga atuação conjunta por quatro anos. A aliança se aproxima do bolsonarismo e deve apoiar um candidato da direita.

Além da proximidade com Bolsonaro, o União Brasil ainda tem um pré-candidato próprio ao Planalto. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, colocou-se na disputa presidencial. Integrantes avisaram que ele tem os próximos meses para mostrar viabilidade eleitoral. O indicativo é que a sigla não lançará um nome sem chance, como ocorreu em 2022 com a candidatura da senadora Soraya Thronicke, hoje no Podemos de Mato Grosso do Sul.

Lula disse ontem que o União Brasil e o PP agem com "pequenez" ao pressionarem pela saída dos ministros André Fufuca (Esporte), Celso Sabino (Turismo) da Esplanada. Segundo o presidente, os partidos querem atrapalhar os auxiliares que fazem um bom trabalho no Executivo.

Lula também disse que vai conversar com Fufuca e manifestou não desejar que ele deixe o cargo. O PP quer que ele saia do comando do Esporte até o final desta semana. Já Sabino entregou uma carta de demissão para Lula há duas semanas, mas ainda não deixou o Turismo.

O presidente também mandou recados para a oposição ao governo, afirmando que não vai implorar para que partidos fiquem do lado dele no ano que vem. 


O que você achou desse conteúdo?