O deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, afirmou nesta sexta-feira, 15, que chegou a dizer para o presidente, para não deixar a medida provisória alternativa ao IOF “cair”, porém segundo ele, Lula preferiu que a medida fosse derrotada no Congresso Nacional.
"Eu cheguei a propor para o presidente que avaliássemos se nós não deveríamos deixar a medida provisória cair, para o governo não ser derrotado. Ele falou 'de jeito nenhum! Pelo contrário, eu quero é derrotem, porque cada derrota que eles impuserem, sobretudo nessas matérias econômicas, eu faço é crescer'. Estão dando um tiro no pé", avaliou.
As falas foram em entrevista ao podcast Jogo Político, do O POVO, e seguem a análise de que o governo cresce quando o Congresso veta medidas consideradas populares, como na primeira votação do IOF na Câmara quando o governo conseguiu emplacar nas redes a mote pobres x ricos, e nos protestos contra a PEC da Blindagem.
Para Guimarães, a cada disputa do Executivo com o Congresso, a popularidade do presidente cresce, já que segundo ele decisões que considera erradas fortalecem Lula. "A cada decisão dessa do Congresso, o Lula cresce de três a cinco pontos. Isso é bom. Essas decisões erradas do Congresso fortalecem e o presidente Lula recupera a sua popularidade".
Ainda segundo ele, nem todas derrotas do governo são derrotas, já que algumas têm “cheiro de vitória”. "Para quem é governo, ter derrota não é bom, mas tem derrotas que têm cheiro de vitória. E quem vai perder são eles que não querem que os ricos paguem imposto", completou.
A medida provisória 1.303/2025, enviada pelo Governo Federal como alternativa ao IOF, tinha o objetivo de ampliar a arrecadação com novas regras sobre operações financeiras e compensar perdas fiscais previstas para o próximo ano. A proposta, no entanto, enfrentou forte resistência entre parlamentares da oposição e até mesmo de setores da base, que apontavam risco de aumento de impostos e falta de clareza no texto.
Na sessão de terça-feira, 8, a Câmara dos Deputados decidiu retirar a MP da pauta por 251 votos a favor e 193 contra, o que impediu sua votação e levou à perda de validade. A decisão representou mais uma derrota do governo no Congresso, mas foi tratada com naturalidade pelo presidente Lula e por aliados próximos, que enxergam efeito político positivo no embate com o Legislativo.