Convidado especial do podcast Jogo Político, do O POVO, nesta sexta-feira, 10, o deputado federal e líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE) disse não estar disposto a recuar da ideia de concorrer a uma das vagas em disputa para o Senado Federal, em 2026, e avisou que irá para a disputa interna, nas instâncias petistas, caso seja necessário.
"Não tenho disposição de negociar a minha saída. Vamos para a luta, vamos para a disputa". respondeu o parlamentar, quando questionado. Indagado se estaria disposto a ir para a disputa voto a voto dentro da sigla ou da base aliada, Guimarães sinalizou que não irá recuar. "Vamos, porque quem decide o candidato é o PT".
O deputado destacou encontro recente do partido, lembrando que a base do governador Elmano (PT) gritou seu nome em apoio à pré-candidatura ao Senado.
"Alguém vai ter a ousadia de dizer, dentro do PT, que eu não possa ser candidato? Qual a razão? Portanto, eu não tenho disposição de recuar. Como vai ser? Tem um longo e tenebroso inverno ainda. É botar o pé na estrada, que é como eu faço", argumentou.
Guimarães disse ter duas importantes missões para o ano que vem: terminar a missão no governo Lula, como líder nas articulações, e consolidar o projeto do PT no Ceará. "Eu tô pro que vier. Firme, determinado, mas não vou aceitar qualquer apelo, não", disparou.
Confrontado com a tese defendida por alguns membros da base aliada, de que o Partido dos Trabalhadores não pode "ter tudo", já que tem a Prefeitura de Fortaleza, o Governo do Estado e a Presidência da República, o deputado rebateu citando o senador Cid Gomes (PSB) e outros líderes políticos cearenses.
"O Cid foi governador. Ele tinha 40 deputados estaduais, a Presidência da Assembleia, o prefeito de Fortaleza, a Presidência da Câmara de Fortaleza, tudo o Cid tinha e teve o direito de escolher o seu candidato a governador e ele escolheu o PT, escolheu o Camilo. O Tasso, quando era governador, tinha tudo! Esse tinha 100% dos deputados", lembrou
E continuou: "(...) portanto, essa é uma conversa que não prospera. Porque quem disse isso, que o PT podia ter (tudo), foi o eleitor. Eles não previam o Elmano ganhar no primeiro turno e deu a louca no povo, no bom sentido. Vamos encerrar essa eleição? Vamos. E o menino que ninguém conhecia direito foi eleito em primeiro turno", destacou.
O deputado disse nunca ter ouvido de Cid um veto ao nome dele para a disputa pelo Senado. "Se tem (veto), nunca me disse. Eu espero que não tenha, porque, se tiver, nós vamos para a luta. Até porque eu fiz tudo, nesses anos todos, para ajudar o Cid candidato, o Cid governador e o Cid na escolha dos seus candidatos", rebateu.
Quando o assunto é a disputa pelas duas vagas cearenses para o Senado nas próximas eleições, Guimarães lembra que a oposição foca na Casa como prioridade, para poderem questionar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo.
"Eles querem ter maioria no Senado. Nós precisamos de, no mínimo, esses partidos mais leais ao governo, de pelo menos fazer 20 senadores, deixando os que estão lá", adianta.
Dessa forma, afirma que a discussão de candidaturas será feita estado por estado, discutindo cada situação especificamente.
"Não é porque o PT quer, eu escuto que é capricho do governo, que o PT não pode disputar o Senado porque já tem o governo. Nós não estamos discutindo o governo, nós estamos discutindo que o país precisa de uma bancada no Senado que impeça esses golpistas de destruírem a democracia e destruírem uma boa relação com o Executivo", argumenta.
"O governo precisa, a democracia precisa, então nós vamos eleger", disse citando os estados nordestinos como locais propícios para elegerem nomes da base.
Falando dos estados nordestinos, citando diretamente Pernambuco e o Ceará, Guimarães afirmou que a ideia é eleger dois senadores, um do PT e outro da base. "Tem espaço para tudo, agora nós temos um projeto nacional. Nós não vamos deixar que as questões específicas de interesse de cada estado comprometam a globalidade de nosso projeto".
O deputado disse esperar que o partido, em 2026, eleja 100 deputados federais e pelo menos 15 senadores, para se somarem aos partidos aliados. "Porque se não for isso, não tem mais presidencialismo de coalizão", conclui.