O deputado federal Júnior Mano (PSB) considerou exagero da parte do colega de bancada cearense José Guimarães (PT), que afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não apoiará quem vota contra o governo — casos de Moses Rodrigues (União Brasil) e do próprio Mano, que votaram contra a medida provisória 1303/2025, que renderia ao governo R$ 17 bilhões em arrecadação.
O deputado do PSB reconheceu que Guimarães pode, sim, defender o governo, mas sem atacar nomes que também são governistas. "Ele ficou desse jeito porque a MP tava caducando e ele não tinha os votos para aprovar. Como líder do governo, ele tem o direito a fazer essa defesa, mas não esse ataque. Exagerou totalmente", opinou Junior Mano.
Em entrevista ao podcast Jogo Político na sexta-feira, 10, Guimarães chegou a destacar que “quem vota contra o governo não terá apoio de Lula”. O petista também indicou que não está disposto a recuar da ideia de concorrer a uma das vagas no Senado e admitiu disputar a indicação no PT.
Guimarães e Júnior Mano brigam pelos disputados espaços na chapa governista do ano que vem, que terá duas candidaturas a senador.
Hoje dono de uma das cadeiras na Câmara Alta, Cid Gomes (PSB), principal aliado de Mano no Ceará, disse que não foi consultado sobre o voto, mas afirmou que o deputado tem o direito de votar como ele pensa.
"Em relação à PEC da Blindagem, o que existia era um acerto grande entre o centro e os partidos do governo para aprovar. Na última hora, com a reação popular, os deputados foram saindo. Enfim, cada um cuida da sua votação e fica com a responsabilidade de dar satisfação ao povo", avaliou Cid Gomes, ao citar outra votação na qual Mano teve postura questionada por Guimarães.
Cid e o outro líder do governismo, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), falam que a definição será apenas em 2026. "As candidaturas precisam ser definidas até o dia 10 de agosto (do próximo ano), então nós temos muito tempo ainda. Os candidatos ao Senado devem ser definidos lá, depois de decidir presidente da República, vice-presidente e governadores. Só depois disso que se definem os senadores”, afirmou Cid Gomes.
Questionado se há ainda dúvida sobre a candidatura a governador, Cid afirmou que o nome do grupo para concorrer é o governador Elmano de Freitas (PT) e considera boas as chances de reeleição. Sobre ele próprio disputar o Palácio da Abolição mais uma vez, o senador descartou completamente. “Chance zero! O candidato natural é o Elmano”.
Camilo evitou comentar os votos de Júnior Mano e Moses, favoráveis à retirada de pauta da medida provisória 1303/2025. Ele afirmou que o assunto deve ser tratado com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman (PT).
"Quem trata essas questões chama-se Gleisi Hoffman, líder do governo. Eu sou ministro da Educação. Se quiser perguntar alguma coisa da educação, eu respondo", disse.
Sobre a disposição de Guimarães de levar a definição de candidatura a uma disputa interna no partido, Camilo Santana também não comentou sobre o assunto e disse que a eleição será discutida em 2026.
Na quarta-feira passada, 8, os deputados federais Júnior Mano e Moses Rodrigues foram favoráveis à retirada de pauta da medida provisória 1303/2025 na Câmara dos Deputados. Ao todo, foram 251 votos a favor e 193 contrários à medida.
A MP estabelecia novas regras para a tributação de aplicações financeiras e ativos virtuais no Brasil. A derrubada da medida representou uma derrota para o governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a decisão da Câmara.
Entre os deputados da bancada cearense, 10 parlamentares foram contra a retirada e oito a favor, enquanto quatro não votaram.
Camilo, Cid e Júnior Mano participaram nessa segunda-feira, 13, da entrega da Comenda Governadores pela Alfabetização das Crianças na Idade Certa; entregue a governadores brasileiros pelos índices positivos de alfabetização em seus respectivos estados. O governador Elmano de Freitas foi um dos homenageados.