O ex-governador Ciro Gomes se filia hoje ao PSDB. O evento, marcado para esta manhã no Hotel Mareiro, em Fortaleza, deve contar com a presença e a participação de aliados políticos do ex-ministro.
Ciro deixou o PDT após 10 anos, sendo a sigla brizolista a que mais tempo o teve como filiado. O retorno ao PSDB pode significar também sua volta às disputas dentro do Ceará, já que Ciro é apontado como o principal nome da oposição para a disputa ao governo em 2026.
Publicamente, não houve até aqui fala concreta de que sairá candidato ao governo ou à presidência, embora tenha, reiteradamente, pregado estar imbuído no projeto oposicionista para "salvar o Ceará" da gestão do PT.
A volta à sigla em que se elegeu governador do Ceará é simbólica, tendo sido Ciro o primeiro governador eleito do PSDB no Brasil. Com o passar do tempo, ele manteve relação por vezes conturbada com o partido. Houve momentos que teceu fortes críticas, que o afastaram inclusive do amigo e também ex-governador Tasso Jereissati, filiado histórico do PSDB.
A reaproximação com Tasso, como confirmam interlocutores do partido, foi talvez a principal responsável pelo retorno ao ninho tucano. Além de Jereissati, Ozires Pontes, prefeito de Massapê e presidente da legenda no Ceará, é presença confirmada entre os quadros do partido. Aliado de longa data, o ex-prefeito de Fortaleza, José Sarto, confirmou que está deixando o PDT e que assina também no evento a filiação ao partido.
Ao confirmar sua ida para o partido, Sarto reiterou críticas aos governos petistas. "Seguindo a liderança de Ciro Gomes, um dos maiores nomes da política brasileira, deixo o PDT na esperança de ajudar a salvar o Ceará das mazelas produzidas pelo atual governo do PT", afirmou.
Também ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (sem partido) deve estar presente, assim como outros membros da oposição estadual ao governo Elmano. São esperadas as presenças de André Fernandes, presidente do PL Ceará; e Capitão Wagner, presidente estadual do União Brasil. André e Wagner têm histórico de atrito com Ciro, mas se aproximaram dele após racha entre a ala cirista do PDT e o PT.
A saída de Ciro do PDT foi motivada exatamente por divergências internas - que provocaram um racha dentro da própria sigla - originadas ainda na eleição de 2022, para o Governo do Ceará. Aliados até então, PT e PDT não chegaram a um acordo sobre quem concorreria.
Com a confirmação de que Roberto Claudio seria o candidato, houve dissidências dentro do próprio PDT e o PT acabou lançando o então deputado Elmano, que venceu a disputa ainda no primeiro turno.
A cisão teve grandes consequências no partido, principalmente pelo atrito gerado entre os irmãos Ciro e Cid. Enquanto Ciro foi defensor da candidatura de RC, Cid preferia que Izolda Cela, que assumira o governo com a renúncia de Camilo Santana para disputar o Senado, concorresse à reeleição.
A dupla passou anos sem se falar e Cid migrou para o PSB, levando consigo parlamentares e dezenas de prefeitos, ampliando ainda essa bancada nas eleições municipais de 2024.
O PDT teve um duro baque, com Sarto não conseguindo chegar ao segundo turno em 2024, quando tentava reeleger-se. A reaproximação com o PT este ano selou por completo a saída de Ciro e Sarto da sigla pedetista.
RC deve se filiar ao União Brasil ainda este ano. Deputados estaduais alinhados com Ciro - que ainda estão no PDT - devem migrar para partidos como PL, União Brasil ou PSDB quando a legislação eleitoral permitir o movimento sem perda de mandatos.