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Hostilidades entre EUA, Venezuela e Colômbia levam tensão à América Latina
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Hostilidades entre EUA, Venezuela e Colômbia levam tensão à América Latina

Militares dos EUA atuam na costa da Venezuela sob a justificativa de combate ao narcotráfico. Além de caças, drones, helicópteros e bombardeiros, presença ostensiva foi reforçada agora com porta-aviões. Presidente colombiano foi sancionado
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O USS Gravely, navio de guerra da frota dos EUA, atracou em Trinidad e Tobago (Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
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Foto: MARTIN BERNETTI / AFP O USS Gravely, navio de guerra da frota dos EUA, atracou em Trinidad e Tobago

Sob a justificativa oficial de combater o narcotráfico e deter o envio de drogas aos Estados Unidos, o governo do presidente americano Donald Trump mobiliza desde agosto tropas no mar do Caribe, em frente à costa da Venezuela. A tensão aumentou nos últimos dias. O maior navio de guerra do mundo — o porta-aviões USS Gerald R. Ford — agora navega em direção ao Mar do Caribe. O navio de guerra USS Gravely, um destróier de mísseis guiados, atracou na capital de Trinidad e Tobago, na vizinhança venezuelana.

A mobilização inclui destróieres com mísseis guiados, caças F-35B, drones MQ-9 Reaper, um grupo de assalto anfíbio com 4,5 mil militares (sendo cerca de 2,2 mil fuzileiros navais), um submarino de propulsão nuclear e um navio de apoio a operações de guerra especial. Isso representa 8% de toda a frota global americana de navios de guerra.

Nas últimas semanas, os Estados Unidos também fizeram demonstrações de força aérea. O 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais, que dá apoio de helicóptero em missões das forças de operações especiais Navy SEALs, Boinas Verdes e Força Delta, parece ter sobrevoado a costa venezuelana.

O Exército americano também posicionou três bombardeiros estratégicos B-52 na região. E ao menos um bombardeiro supersônico B-1B foi visto voando em direção à Venezuela, segundo sites de rastreamento de tráfego aéreo. Trump, porém, negou que a aeronave tenha realizado o trajeto.

Na sexta-feira, 24, autoridades americanas anunciaram o reforço do porta-aviões USS Gerald R. Ford, capaz de transportar mais de 75 aeronaves, incluindo destróieres. A embarcação, com mais de 5 mil homens a bordo, se encontrava em um porto na Croácia. Os EUA têm apenas 11 porta-aviões. O Gerald Ford tem um reator nuclear próprio e um arsenal de mísseis de médio alcance e terra-ar, além de radares sofisticados que podem ajudar a controlar o tráfego aéreo e marítimo.

A ostensiva presença militar americana suscitou dúvidas sobre o real interesse de Trump na região, que tem especulado sobre a possibilidade de atacar a Venezuela e protagonizado embates recorrentes com seu presidente, Nicolás Maduro.

O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, declarou que os EUA darão aos "narcoterroristas" o mesmo tratamento dispensado à organização terrorista Al Qaeda de Osama bin Laden, responsável pelo atentado de 2001 às Torres Gêmeas. 

Ante o destacamento de forças americanas no Caribe, Maduro ordenou uma série de exercícios militares. O mais recente foi acionado na madrugada desta quinta em 73 pontos da costa venezuelana.

Maduro também revelou que testou equipamento comprado de Rússia e China nessas manobras. "Obrigado presidente [Vladimir] Putin, obrigado Rússia, obrigado China e obrigado a muitos amigos no mundo, a Venezuela tem equipamento para garantir a paz."

"No crazy war, please!", disse o presidente venezuelano. "Não à guerra", disse Maduro durante uma assembleia com sindicatos associados ao chavismo ao enviar uma mensagem aos trabalhadores dos Estados Unidos. "'Yes peace, yes peace, forever, peace forever. No crazy war!' Não à guerra louca! 'No crazy war!'"

"Isso se chama linguagem 'tarzaneada'. Se traduzimos ao espanhol tipo Tarzan seria [em português] 'não guerra, não guerra, não querer guerra, não à guerra dos loucos, não à loucura da guerra', essa seria a tradução de verdade", brincou Maduro.

O termo "tarzaneado" se refere a uma linguagem na qual se omitem artigos, preposições e conjugações complexas.

A tensão também envolve a Colômbia. Na mesma sexta-feira, 24, em que os Estados Unidos informaram o envio do porta-aviões para a América Latina, Washington anunciou sanções financeiras contra o presidente Gustavo Petro, por acusação de não combater o narcotráfico. trump classificou Petro de "líder narcotraficante". O mandatário de esquerda deu uma forte resposta e prometeu que não dará "nem um passo atrás".

O Departamento do Tesouro americano também impôs sanções contra a esposa do presidente e a um dos filhos, assim como contra o ministro do Interior, Armando Benedetti, braço direito dele.

Um dia antes, Petro havia condenado os ataques a embarcações em águas internacionais. Os Estrados Unidos contabilizam dez ataques, com 43 mortes, desde 2 de setembro. "Nesse tipo de manobras, que acreditamos violar o direito internacional, os Estados Unidos (...) estão cometendo execuções extrajudiciais", disse o presidente em entrevista coletiva. Ele defendeu que os supostos traficantes de drogas sejam levados à Justiça e não assassinados. (DW e AFP)

Como a CIA opera na América Latina

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou a CIA a realizar operações letais na Venezuela. A notícia foi divulgada pelo jornal The New York Times e confirmada em 15 de outubro pelo próprio Trump no Salão Oval, durante uma entrevista coletiva.

"Os Estados Unidos criaram uma rede de informações na América Latina a partir da Segunda Guerra Mundial com os OSS [sigla em inglês para Escritórios de Serviços Estratégicos], que mais tarde se transformaria na CIA", explica o historiador Lorenzo Delgado. Washington já tinha, na época, um vasto histórico de intervencionismo militar na América Latina. E continuaria depois, com a participação em vários golpes de Estado, como os citados por Maduro. A lista é longa.

"A primeira grande intervenção da CIA na América Latina foi na Guatemala contra o governo de Jacobo Arbenz [em 1954]", lembra Arturo López Zapico, professor de História Contemporânea.

Depois vieram a República Dominicana (1961), com a rebelião militar que pôs fim à ditadura de Rafael Trujillo, o golpe de Estado no Brasil contra João Goulart (1964) e, no Panamá, a invasão para capturar Manuel Noriega (1990). Há mais casos documentados, como os da Bolívia e da Argentina.

O caso do Chile é um dos mais citados "porque temos muitas fontes para seu estudo", explica López Zapico, que também lembra intervenções fracassadas como a invasão da Baía dos Porcos em Cuba, os planos para matar Fidel Castro e o apoio ao grupo paramilitar anticomunista Contras na Nicarágua.

"A CIA não é todo-poderosa, nem esse tipo de operação tem como objetivo gerar um caos total no país, mas sim buscar 'soluções' para substituir governos que não são, digamos, favoráveis aos Estados Unidos ou aos seus interesses", acrescenta o historiador.

Um dos exemplos desse vínculo foi a Operação Condor — uma campanha de repressão política e terror executada pelas ditaduras de direita da América Latina com o apoio americano. A operação envolveu operações de inteligência e assassinato de opositores políticos.

O pesquisador mexicano Carlos Pérez Ricart, do Centro de Investigação e Ensino Econômico, lembra que a CIA é um dos vários instrumentos da política externa dos Estados Unidos. "Neste momento, parece muito claro que seu objetivo é derrubar o governo de Nicolás Maduro, com ou sem razão", acrescenta.

Faria parte da estratégia americana associar Maduro ao narcotráfico. "Não é que não haja alguma verdade nisso, o regime tem zonas muito obscuras, mas essas são representações bastante vulgares de uma realidade muito mais complexa, como é o tráfico de drogas na região", afirma Ricart.

Para López Zapico, tanto no caso da Venezuela como em muitas das intervenções da CIA na América Latina, havia claros interesses econômicos por trás. Na Guatemala, a intervenção foi feita para "salvaguardar os interesses da United Fruit Company", aponta. No Chile, também estavam em jogo os investimentos da General Motors, que teve que deixar de operar com Salvador Allende.

No caso da Venezuela, sem dúvida, os interesses petrolíferos estão em jogo, avalia o especialista.

A única coisa que mudou foi a retórica e a forma de falar sobre o assunto, para um "intervencionismo muito mais claro" e sem rodeios, considera Pérez Ricart.

Por exemplo, antes do golpe de Estado no Chile, em 1973, o então secretário de Estado americano, Henry Kissinger (que receberia nesse mesmo ano o Prêmio Nobel da Paz pelo cessar-fogo na Guerra do Vietnã), garantiu a Augusto Pinochet o apoio dos Estados Unidos. No entanto, ele o advertiu que, em público, o então presidente, Richard Nixon, teria que expressar condenação ao golpe.

López Zapico atribui o estilo de Trump à falta de assessores tradicionais do presidente. "O que é novo é a falta de formalismo", concorda Pérez Ricart. "E reconhecer publicamente a participação da CIA na Venezuela também prejudica seus objetivos gerais", acredita. (DW)

Como as tensões entre Trump e Maduro escalaram no Mar do Caribe

Veja, abaixo, alguns dos momentos-chave da escalada militar dos Estados Unidos sob Trump na região.

Novo tom na Casa Branca

Ao assumir a Casa Branca em janeiro de 2025, Donald Trump revoga a extensão do status de proteção de 600 mil imigrantes venezuelanos nos Estados Unidos, expondo-os ao risco de deportação. Seu secretário de Estado, Marco Rubio, afirma que a Venezuela é "governada por uma organização do narcotráfico".

Maduro é designado chefe de organização terrorista estrangeira

Em julho, os EUA expedem nova licença autorizando a americana Chevron a extrair petróleo venezuelano após um acordo para troca de prisioneiros. No mesmo mês, Washington designa o "Cartel de los Soles", supostamente encabeçado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro e formado por militares associados ao narcotráfico, como uma organização terrorista estrangeira.

Cabeça a prêmio

Em agosto, Washington anuncia um prêmio de 50 milhões de dólares por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro por "violar leis antinarcóticos" e liderar um "Estado narcoterrorista" vinculado a cartéis de cocaína.

Pentágono autorizado a usar força militar contra cartéis de droga na América Latina

Também em agosto, jornais americanos noticiam que Trump assinou uma ordem secreta autorizando o Pentágono a usar força militar contra cartéis de drogas enquadrados como organizações terroristas.

Congelamento de bens

Em 12 de agosto, o regime de Maduro prende 13 supostos integrantes de "células terroristas" ligadas à oposição e as acusa de planejar um atentado na capital, Caracas. Eles acabariam sendo soltos cerca de duas semanas depois. Antes disso, em 13 de agosto, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, anuncia o congelamento de mais de 700 milhões de dólares em ativos ligados a Maduro.

EUA deslocam tropas para perto da Venezuela

Em 18 de agosto, Washington anuncia o envio de três destróieres e um grupo de navios de desembarque com 4,5 mil soldados (incluindo 2,2 mil fuzileiros navais) em direção à costa venezuelana. A justificativa: "Enfrentar as ameaças dos cartéis latino-americanos de drogas". Maduro reage prometendo mobilizar 4,5 milhões de milicianos em todo o país — observadores independentes estimam que o número real não passe de 300 mil — e intensifica os controles de fronteira. Uma semana depois, em 25 de agosto, um cruzeiro com mísseis guiados e um submarino de propulsão nuclear se juntam à missão americana no Mar do Caribe. Em resposta, Maduro anuncia a mobilização de drones e barcos ao longo da costa venezuelana.

Primeiro ataque no Mar do Caribe

Em 2 de setembro, os EUA divulgam um vídeo que mostra a destruição, em "águas internacionais", de uma embarcação supostamente carregada de drogas e ligada ao cartel de drogas venezuelano Tren de Aragua, também classificado por Washington como organização terrorista. Onze pessoas morreram.

Trump não descarta ataques em solo venezuelano

"Vamos ver o que acontece", diz Trump ao ser perguntado, em 14 de setembro, se atacaria alvos em solo venezuelano. No dia anterior, caças F-35 americanos haviam chegado a Porto Rico. O ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino, ameaça retaliar países da região que servirem de base americana para ataques contra Caracas. Em 2 de outubro, Padrino denuncia o que chamou de "assédio militar" por caças que estariam sobrevoando próximo da costa venezuelana.

Novos ataques no Mar do Caribe

Em 3 de outubro, o secretário americano de Defesa, Pete Hegseth, anuncia que os EUA bombardearam um barco em águas internacionais próximo à Venezuela, e que quatro "narcoterroristas foram mortos". De 2 de setembro até 24 de outubro, dez embarcações — nove barcos e um semi-submersível — foram alvo dos militares americanos, com um saldo total de 43 mortos, de diferentes nacionalidades, sendo oito delas no Mar do Caribe. Em nenhum dos casos as autoridades americanas divulgaram evidências de que elas de fato transportavam drogas. Especialistas consideram as execuções sumárias ilegais, mesmo que tenham como alvo traficantes confirmados.

Nobel da Paz para opositora venezuelana

Em 10 de outubro, a líder da oposição venezuelana María Corina Machado é premiada com o Nobel da Paz e dedica a láurea a Trump. Maduro reage dias depois com o fechamento das embaixadas da Venezuela na Noruega e na Austrália.

Trump autoriza operações da CIA contra a Venezuela

Em 15 de outubro, reportagens na imprensa americana revelam que Trump autorizou operações secretas da CIA na Venezuela. A informação foi posteriormente confirmada pelo próprio Trump, que declarou cogitar também ataques terrestres contra cartéis de drogas do país. "Vamos atingi-los de forma muito dura quando eles vierem por terra", disse em 22 de outubro. "Estamos totalmente preparados para fazer isso, e provavelmente vamos voltar ao Congresso e explicar exatamente o que estamos fazendo quando chegarmos ao país [Venezuela]." No dia seguinte, Trump afirmou que não vai "necessariamente pedir [ao Congresso americano] uma declaração de guerra" para autorizar operações militares contra supostos traficantes, e sugeriu que pretende atacar o país em breve.

Maduro diz que Venezuela tem 5 mil mísseis antiaéreos russos

Reagindo às ameaças de Trump, Maduro afirmou em 22 de outubro que o país conta com "mais de 5 mil" mísseis antiaéreos russos Igla-S — arma concebida para abater aviões a baixa altitude. No dia seguinte, porém, adotou um tom mais conciliatório, após Trump confirmar que autorizou operações secretas da CIA na Venezuela: "Paz, sim; paz, sim, para sempre; paz para sempre. Sem guerra maluca, por favor!", disse, em inglês, durante um encontro com sindicalistas leais a Caracas. Já na quinta-feira, 23, porém, o ministério das Relações Exteriores de Trinidad e Tobago, que divide parte de sua costa com a Venezuela, anunciou que receberá um navio de guerra e um grupo de fuzileiros navais americanos para realizar exercícios militares no final de outubro.

Brasil reage: "Não podemos aceitar intervenção externa"

Sem citar diretamente a Venezuela ou Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou na sexta-feira, 24, a atuação dos militares americanos na região, afirmando que o combate ao narcotráfico precisa ser feito dentro da lei e com respeito à soberania de outros países. "Se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer", declarou. "Se o mundo virar uma terra sem lei, vai ser difícil viver." Já Celso Amorim, assessor especial de Lula, foi mais direto: "Não podemos aceitar uma intervenção externa, pois isso provocaria um enorme ressentimento", afirmou à agência de notícias AP. "Isso poderia inflamar a América do Sul e levar à radicalização da política em todo o continente." Além de Lula, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também tem criticado a ação americana no Mar do Caribe, qualificando os ataques como "execuções extrajudiciais".

Governo Trump avalia atacar pontos de produção de cocaína na Venezuela

Os planos foram noticiados na sexta-feira, 24, pela emissora CNN, que cita três emissários da Casa Branca. O martelo da decisão, porém, ainda não teria sido batido.

Porta-aviões amplia tensão

Os Estados Unidos anunciaram na sexta-feira, 24, o envio de um porta-aviões e da frota para "combater o narcoterrorismo" na América Latina. Embora tenha havido regularmente presença de porta-aviões para exercícios de treinamento com forças de países vizinhos, é a primeira vez que os Estados Unidos deslocam uma força dessa magnitude na América Latina contra o narcotráfico.

Navio de guerra atraca em Trinidad e Tobago, próximo à Venezuela

O USS Gravely, um destróier de mísseis guiados, atracou na capital de Trinidad e Tobago. Funcionários norte-americanos disseram que o navio permanecerá em Trinidad até quinta-feira, 30, para que sejam realizados exercícios de treinamento. Kamla Persad-Bissessar, primeira-ministra de Trinidad e Tobago, tem defendido a presença militar dos Estados Unidos e os ataques feitos pelo país contra barcos suspeitos de tráfico de drogas em águas próximas à Venezuela. Caracas classificou a atitude como "provocação militar".

Fonte: DW

Lula

O presidente brasileiro Lula disse, em 20 de outubro, "intervenções estrangeiras" na América Latina "podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar". Ele não citou diretamente os EUA. No domingo, 26, ao se encontrar com Trump, Lula se dispôs a ser mediador com a Venezuela

Ações encobertas dos EUA "violam a soberania da Venezuela", dizem especialistas da ONU

Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas alertam que as ações encobertas e as ameaças dos Estados Unidos de usar a força armada contra Caracas "violam a soberania da Venezuela e a Carta da ONU".

"Essas ações também violam obrigações internacionais fundamentais de não intervir nos assuntos internos de outro país ou ameaçar usar força armada contra outro país", disseram três especialistas independentes da ONU em um comunicado, em 21 de outubro.

Eles também alertaram que "essas ações constituem uma escalada extremamente perigosa, com graves implicações para a paz e a segurança na região do Caribe".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está travando uma campanha militar sem precedentes que, segundo ele, visa conter o fluxo de drogas da América Latina para os Estados Unidos. Porém, não foram apresentadas evidências de que os mortos, ao menos 37 até o momento, fossem traficantes de drogas. 

"Mesmo que tais acusações fossem comprovadas, o uso da força letal em águas internacionais sem base jurídica adequada viola o direito internacional do mar e constitui execuções extrajudiciais", disseram os especialistas, cujo trabalho foi encomendado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas que não falam em nome das Nações Unidas. 

Ao mesmo tempo, eles afirmaram que grupos como o Tren de Aragua, que Trump chama de organização "terrorista", não estão atacando os Estados Unidos, o que significa que, segundo o direito internacional, Washington não pode invocar o direito à legítima defesa. 

"Os preparativos para uma ação militar secreta ou direta contra outro Estado soberano constituem uma violação ainda mais grave da Carta das Nações Unidas", disseram os especialistas, incluindo os relatores especiais sobre execuções extrajudiciais e sobre a proteção dos direitos humanos no combate ao terrorismo. 

"A longa história de intervenções externas na América Latina não deve se repetir", afirmaram os especialistas. 

"A comunidade internacional deve permanecer firme na defesa do Estado de Direito, do diálogo e da resolução pacífica de conflitos". (AFP)

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