Seis dias após o incêndio no hospital César Cals, deputados estaduais da oposição visitaram a unidade, nesta terça-feira, 18. A ida ao equipamento, marcada por críticas e cobranças, foi tratada pelos parlamentares como uma edição externa do tradicional “Café da Oposição”, normalmente realizado na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
Parlamentares, servidores e imprensa se concentraram na recepção, ao redor do diretor-geral do hospital Cesar Cals, Antonio de Pádua, e do assessor especial da Superintendência de Fortaleza da Secretaria de Saúde, Lino Alexandre, para discutir pontos sensíveis sobre o possível esvaziamento da unidade e a gestão de seus leitos.
Participaram da visita os deputados Cláudio Pinho (PDT), Lucinildo Frota (PDT), Antonio Henrique (PDT), Dr. Silvana (PL), Heitor Ferrer (União Brasil), Queiroz Filho (PDT) e Felipe Mota (União Brasil).
A maior preocupação de deputados e servidores é de que o César Cals seja fechado definitivamente ou tenha os serviços drasticamente reduzidos. A Secretaria da Saúde e o governador Elmano de Freitas (PT) afirmaram, um dia após o incêndio, que o Estado iniciará a reforma estrutural da unidade, referência materno-infantil. “Vamos entregá-lo ainda mais forte e preparado para os cearenses”, disse o governador.
O deputado Antônio Henrique, entretanto, não acredita que os serviços transferidos retornem ao César Cals e sugeriu que a unidade passe a atuar exclusivamente na área materno-infantil. “Minha opinião é que essas cirurgias gerais não voltam mais para cá. Isso é um caso perdido. Temos que trabalhar para intensificar os 195 leitos no campo da medicina feminina”, afirma.
Os deputados foram ao hospital com a intenção de visitar a área onde o incêndio começou na quinta-feira, 13. Inicialmente, a direção negou o acesso. Após pressão de servidores, a administração autorizou a entrada dos parlamentares, mas sem assessores nem presença da imprensa.
Após permanecerem em uma área restrita, os deputados relataram, em coletiva, que não viram o local exato do incêndio e afirmaram que, mesmo que tivessem acesso, não possuíam conhecimento técnico para emitir um parecer sobre as causas.
“Recebemos atendimento em uma sala, todo mundo opinou, escutou e pôde tirar dúvidas”, disse o deputado Felipe Mota. “Nossa missão agora é ir à Enel e à Pefoce para agilizar os laudos, porque eles estão diretamente ligados ao retorno das atividades do Hospital César Cals”, acrescentou Heitor Ferrer.
O diretor-geral Antonio de Pádua reiterou que a causa do incêndio ainda não está elucidada, podendo ser física, química ou mecânica. “O que ficou comprometido foi a subestação elétrica, de onde vem o fornecimento de energia para o restante do hospital. Toda a parte assistencial, administrativa e o almoxarifado não estavam próximos ao incêndio”, explicou.
A deputada Dr.ª Silvana questionou sobre a fiação elétrica da unidade. Em resposta, o diretor-geral Antonio de Pádua afirmou que a suspensão total dos serviços ocorreu por segurança e que uma revisão completa do sistema elétrico já havia sido feita em 2022. Segundo ele, o sistema interno do hospital não foi afetado.
Os parlamentares afirmaram, em entrevista coletiva, que antes mesmo do incêndio 195 leitos de especialidades médicas e cirurgia geral já estavam sendo transferidos para o hospital universitário, na Universidade Estadual do Ceará (Uece), como parte de um plano governamental para deixar o César Cals focado somente em maternidade. Segundo eles, as mudanças não são criação de novos leitos, e sim de uma reorganização.
“Não foram abertos 195 leitos, foram transferidos, e estão sendo abertos conforme a escala. Para deixar bem claro: cai por terra essa história de que tivemos 835 leitos novos. Se a gente examina bem, são 835 leitos novos, menos os 195 leitos que tínhamos aqui ativados e que estão sendo transferidos para lá”, argumentaram.
Por causa do incêndio, bebês precisaram ser retirados da unidade e levados para espaços próximos, e o hospital chegou a ser evacuado. Atualmente, somente a área administrativa segue funcionando no local.