Logo O POVO+
Zelensky rejeita plano dos EUA para fim da guerra, mas Trump mantém pressão
Comentar
Politica

Zelensky rejeita plano dos EUA para fim da guerra, mas Trump mantém pressão

|Conflito| Presidente ucraniano falou em "dilema" diante de um cenário em que o país pode perder ou a "dignidade" ou a aliança com os EUA
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, o presidente estadunidense Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin (Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)
Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, o presidente estadunidense Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, rejeitou, nesta sexta-feira, 21, o plano dos Estados Unidos para pôr fim a quase quatro anos de guerra com a Rússia e garantiu que não "trairá" seu país. Apesar disso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que Zelensky terá que se conformar com o plano, que contempla a cessão de territórios por parte de Kiev. Trump fixou o dia 27 de novembro, Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, como prazo para receber uma resposta de Kiev.

"Ele terá que gostar, e se não gostar, então simplesmente terá que seguir lutando", declarou Trump à imprensa no Salão Oval. "Em algum momento, ele terá que aceitar algo", acrescentou.

O republicano também lembrou que disse a Zelensky, durante um encontro áspero em fevereiro na Casa Branca, que o ucraniano "não tinha as cartas na mão".

28 pontos constam no plano apoiado pelo presidente americano, Donald Trump. A proposta exige que Kiev ceda territórios ocupados à Rússia, renuncie à adesão à Otan, reduza o número de integrantes das Forças Armadas e organize eleições.

A Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022 e anexou a península da Crimeia em 2014. Segundo Putin, a "Ucrânia e seus aliados europeus ainda se iludem e sonham em infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha", e garantiu que Moscou está disposto, em caso de rejeição, a alcançar seus objetivos "pelas armas, no âmbito de uma luta armada".

O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou, por sua vez, que o plano proposto pode "estabelecer as bases" para um acordo definitivo, embora ao mesmo tempo tenha ameaçado conquistar mais território caso Kiev o rejeite.

Perder aliado ou a dignidade

Para Zelensky, a "Ucrânia pode enfrentar uma escolha muito difícil: a perda da dignidade ou o risco de perder um parceiro-chave", que seria os Estados Unidos, declarou o presidente ucraniano em uma mensagem à nação.

"Estamos atravessando um dos momentos mais difíceis da nossa história", acrescentou, afirmando que as propostas americanas prenunciam "uma vida sem liberdade, sem dignidade, sem justiça". 

 

Zelensky prometeu que apresentará "alternativas" à proposta de Washington e assegurou que não "trairá" seu país. Pouco depois, ele conversou sobre o plano com o vice-presidente americano, JD Vance, garantindo-lhe que "continua respeitando" a vontade de Trump de encerrar a guerra.

O presidente ucraniano também entrou em contato em caráter de urgência com líderes de França, Alemanha e Reino Unido, seus principais aliados frente à Rússia e aos Estados Unidos.

Segundo a Presidência francesa, os parceiros reafirmaram que "todas as decisões que tenham implicações para os interesses da Europa e da Otan requerem o apoio conjunto e o consenso dos parceiros europeus e dos aliados da Otan".

"Nada deve ser decidido sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", insistiu a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou, por sua vez, que qualquer "solução de paz" para a Ucrânia deveria respeitar sua "integridade territorial".

O que diz o plano

Segundo o plano, Kiev deveria se comprometer a nunca entrar na Otan e não poderia implantar forças ocidentais em seu território, embora preveja a presença de aviões de combate europeus na Polônia para proteger o país.

A proposta retoma várias demandas formuladas pela Rússia e rejeitadas por Kiev, entre elas que a Ucrânia ceda o leste do país e aceite a ocupação de uma parte do sul da Ucrânia.

As duas regiões administrativas da bacia mineradora e industrial do Donbass, Donetsk e Luhansk (leste), assim como a península da Crimeia anexada em 2014, seriam "reconhecidas de fato como russas, inclusive pelos Estados Unidos", e Moscou receberia outros territórios ucranianos que ainda hoje estão sob controle de Kiev.

A Rússia também veria o fim de seu isolamento do Ocidente com sua reintegração ao G8 e a suspensão gradual das sanções, assim como seu desejo de afastar para sempre Kiev da Aliança Atlântica, algo que deveria ser inscrito na Constituição ucraniana.

Kiev precisaria, ainda, limitar seu exército a 600 mil militares e se contentar com uma proteção de aviões de combate europeus baseados na Polônia, enquanto a Otan se comprometeria a não estacionar tropas em território ucraniano.

Deveria, além disso, organizar eleições em menos de 100 dias, um ponto que atende às reivindicações de Moscou, que insiste na destituição de Zelensky.

 

O que você achou desse conteúdo?