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Elmano diz que oposição "não tem projeto" e destaca "contradições" em episódio de Ciro e o PL
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Elmano diz que oposição "não tem projeto" e destaca "contradições" em episódio de Ciro e o PL

|Ceará| Governador citou frase usada pelo senador Flávio Bolsonaro que afirmou que seria preciso "tapar o nariz" ao comentar apoio a Ciro
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GOVERNADOR Elmano de Freitas esteve no O POVO nesta sexta-feira, 5 (Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO)
Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO GOVERNADOR Elmano de Freitas esteve no O POVO nesta sexta-feira, 5

O governador Elmano de Freitas (PT) afirmou que a oposição não apresenta projeto para o Ceará e disse “não querer estar na pele” do ex-governador Ciro Gomes (PSDB), após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarar que, para se aliar com Ciro no Ceará seria preciso "tapar o nariz”. Declarações ocorreram durante visita ao O POVO, nesta sexta-feira, 5.

O petista comentou os recentes atritos dentro da oposição no Estado, que envolveram afastamentos entre o núcleo bolsonarista e o grupo liderado pelo ex-ministro Ciro Gomes, sem acreditar que seja necessariamente o fim da aliança.

"Eu não sei se foi o fim, primeira coisa. Acho que se revelou apenas a profunda contradição que existe. O que está revelado pelas lideranças é que tem uma contradição de quem a vida inteira atacou tanta gente, e de maneira tão desrespeitosa. E agora eu fico imaginando o que é que significa para o Ciro ouvir do Flávio Bolsonaro que, para apoiar o Ciro, tem que tapar o nariz. Eu não gostaria de estar nessa posição. Ouvir de um bolsonarista que para ele votar em mim, ele tapa o nariz, acho que diz muito o que é que essa aliança expressa", afirmou.

O governador criticou a oposição cearense, apontando que não há propostas concretas para melhorias no Estado. "Não tem projeto nenhum, não tem proposta. A única proposta do grupo que o Ciro hoje representa e do grupo do bolsonarismo no Ceará é: sou contra o PT. Isso é muito pouco para avançar a educação pública do Ceará, melhorar a saúde, gerar emprego", rebateu.

Nesse cenário, Elmano comentou sobre a federação União Progressista (PP), que vem sendo alvo de disputa da base e da oposição. O governador disse ter informações que o deputado federal Moses Rodrigues (União) deverá presidir a federação no Ceará, com a deputada federal Fernanda Pessoa (União Brasil) como vice-presidente.

Questionado sobre o apoio do União Brasil-PP no ano que vem, Elmano afirmou ainda ter esperança, destacando que a federação será presidida pela dupla. Apesar de integrarem o partido de oposição ao governo no Ceará, os dois parlamentares apoiam o petista.

“As informações que tem é de que o presidente da federação deve ser o Moses. A vice-presidente da federação deve ser a Fernanda. Ambos me apoiam. Por que que eu não devo ter esperança de que o União Brasil e o PP estejam conosco? Se de cinco deputados federais, três estão conosco, dois não estão e um realmente é contra, o outro não tem uma posição ainda totalmente definida, que é o deputado Danilo Forte. Então, eu tenho uma expectativa de que nós estamos em negociação. E acho que tudo isso, depende, se no plano nacional tem uma candidatura que atrai União Brasil e a federação, é uma situação do Ceará”, considerou.

A presidência da federação tem também ex-deputado Capitão Wagner (União), presidente estadual do partido, como um dos cotados. Questionado pelo O POVO nesta sexta sobre a informação apresentada por Elmano em relação à federação, o ex-deputado ironizou e disse que esse seria “o sonho” do petista.

A oposição trabalha para sair unida em 2026 em estratégia para não dividir votos. PL, União Brasil, deputados estaduais filiados ao PDT conversam nesse sentido. A sinalização era que Ciro encabeçasse a chapa para o Governo do Ceará, mas visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ao Ceará parece ter mudado os rumos. Críticas de Michelle a Ciro abriram crise no PL, que, posteriormente resultou na suspenção das negociações com o ex-ministro. Apesar disso, deputados estaduais seguem defendendo Ciro como cabeça do projeto da oposição.

Para a vice, um dos nomes ventilados seria o do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos). Em entrevista às rádios O POVO CBN e O POVO CBN Cariri, Elmano destacou divergências políticas e de gestão que tem com Glêdson. Segundo o governador, embora faça parte da dinâmica democrática lidar com aliados e opositores, algumas posturas do gestor juazeirense representam, na avaliação dele, "frases injustas".

"O prefeito Glêdson, eu tenho evidentemente divergência com ele. Ele volta no Bolsonaro. Eu voto no Lula. Eu voto com o Camilo, ele vota nos adversários nossos." Ele prosseguiu: "Às vezes, tem um discurso bastante sereno, tranquilo. Mas aqui e acolá gosta de fazer, penso eu, frases injustas."

O governador também criticou a decisão da Prefeitura de fechar o Hospital Estefânia Rocha Lima, classificando o ato como “um caso único no Ceará” e lamentando que a população tenha perdido um equipamento próprio de saúde.

"Parece que é uma coisa quase que da minha oposição. O (José) Sarto (PSDB, ex-prefeito de Fortaleza) fechou hospital do (bairro) Conjunto Ceará. O Glêdson fecha o hospital de Juazeiro". Ele então provocou: "A oposição no Ceará, o que ela sabe fazer é fechar hospital. Nós fazemos é abrir hospital".

Colaborou Samira Ribeiro/Especial para O POVO

Elmano quer evitar disputa na base por vagas ao Senado

O governador Elmano de Freitas (PT) afirmou esperar que o debate sobre os nomes que irão compor a chapa governista em 2026 não provoque rupturas na base aliada. Mesmo diante de muitos pré-candidatos ao Senado, ele não descartou a possibilidade de novos nomes surgirem.

Durante visita ao O POVO, ele foi questionado sobre a possibilidade do PT deliberar internamente se o deputado federal José Guimarães (PT) deverá ser um dos candidatos ao Senado. Guimarães já chegou a afirmar que não abre mão da indicação e que iria para a disputa nas instâncias partidárias, caso seja necessário.

"Eu prefiro que a gente tenha unidade. Não quero levar para o voto nem dentro da aliança, imagine dentro do PT. Acho que nenhum pré-candidato vai dizer que não é candidato, que não vai até o final lutando pela sua candidatura, mas todos nós sabemos que candidatura majoritária é um conjunto de fatores", explicou.

Ainda sobre a base, Elmano comentou sobre a possibilidade de o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), disputar a eleição estadual em 2026. Para ele, o ex-governador e atual titular do Ministério da Educação (MEC) deve intensificar a presença nacional, percorrendo o País e se consolidando como um nome forte do PT no cenário nacional.

O petista foi questionado sobre a hipótese de Camilo substituir sua tentativa de reeleição. O governador foi categórico: "Nós conversamos a ideia de que nós temos que dar prosseguimento ao projeto", afirmou, referindo-se à própria tentativa de reeleição.

Elmano afirmou que Camilo tem se destacado como ministro e deve ganhar cada vez mais visibilidade nacionalmente."Camilo, para mim, é um nome preparado para o projeto nacional do PT", disse. (MB)

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