Anunciada dias atrás, a candidatura de Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência da República em 2026 divide aliados no Ceará. Senador pelo Rio de Janeiro, o zero-um de Jair Bolsonaro tem mantido rotativas com partidos de oposição para tentar se viabilizar para a disputa.
Em conversa com O POVO, a deputada estadual Silvana Oliveira festejou a escolha de Flávio para representar o bloco político no pleito. Segundo ela, é "alguém que leva o DNA do presidente".
"Flávio Bolsonaro é o mais político entre os filhos. Ele tem grande habilidade em caminhar e lidar com pessoas. É muito equilibrado. Veja o equilíbrio com que ele lidou com o problema do palanque do Novo", comparou a parlamentar, em referência ao episódio envolvendo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Durante lançamento da pré-candidatura do também senador Eduardo Girão (Novo) a governador, a presidente do PL mulher desautorizou aliança local entre o PL e Ciro Gomes, hoje no PSDB.
Em discurso ao lado de Girão de outros bolsonaristas, Michelle classificou a costura para a eleição cearense conduzida por André Fernandes como "precipitada".
A declaração provocou uma crise interna no PL, colocando em choque a esposa de Jair Bolsonaro e seu filho mais velho. Foi apenas depois do episódio que Flávio começou a se apresentar oficialmente como emissário do pai e, na sequência, como cotado para o Planalto. Até então, o principal nome para postular o Executivo contra a reeleição de Lula era Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
Questionada se Tarcísio não seria mais competitivo para o grupo, Silvana respondeu: "Eu acredito que haverá uma junção. O Tarcísio não ficará de fora dessa composição próxima. Eu entendo que estaremos juntos no projeto libertador para a nação".
Vereadora de Fortaleza pelo PL e pré-candidata ao Senado, Priscila Costa foi enfática sobre a escolha de Flávio: "Eu tenho um líder: Jair Messias Bolsonaro. Ele apontou Flávio, e eu confio totalmente na sua escolha e estratégia".
Ainda conforme a parlamentar, "Flávio é um político habilidoso, experiente e sensível às causas que eu defendo, exatamente o que precisamos agora". Priscila acrescentou: "É fundamental seu anúncio nesse momento da nação. Flávio Bolsonaro terá meu total apoio".
Aliado do ex-presidente Bolsonaro, o senador Eduardo Girão evitou cravar se apoiaria a empreitada de Flávio para a Presidência. "Achei o anúncio legítimo e interessante a pré-candidatura presidencial do Flávio. Temos um ótimo relacionamento aqui no Senado".
Sobre a formação de chapa e definição de adesões para o ano que vem, no entanto, Girão, que busca se firmar como pré-candidato ao Abolição, limitou-se a dizer que o "nome dele se une a outros excelentes quadros nacionais com experiência em gestão, como o Tarcísio (SP) e (Romeu) Zema (Novo)".
"O Brasil clama por mudança e temos boas alternativas, graças a Deus. Estarei ao lado do candidato que consolide a oposição ao Lula", complementou, sem dizer se Flávio era esse quadro que congregava mais legendas nesse campo.
Embora tenha comunicado intenção de concorrer ao Executivo, Flávio modulou o discurso ontem, depois de compromisso no qual foi perguntado se poderia desistir da briga pela eleição.
"Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho um preço para não ir até o fim", assinalou Flávio, colocando em dúvida a continuidade de postular o Planalto, disse.
Para seu entorno político, esse preço seria a aprovação de uma anistia no Congresso aos condenados pelo 8 de janeiro de 2023, entre os quais seu pai. Essa possibilidade, contudo, é mais remota. Na Câmara, apoiadores do ex-presidente vêm tentando aprovar um projeto que recalcule as penas aplicadas aos alvos da Justiça.