Maria de Lourdes Negreiros de Paula, conhecida como Tia Lourdes, morreu na noite de sábado, 6, aos 95 anos. Enfermeira e servidora pública aposentada, Lourdes foi sindicalista, militante feminista e ativista anticapitalista, tornando-se figura marcante das manifestações de segmentos de esquerda no Ceará ao longo de décadas.
A morte de Tia Lourdes foi anunciada pelo grupo Crítica Radical nas redes sociais. Segundo relato de integrantes do movimento, ela enfrentava quadro de saúde delicado nos últimos dias. A família informou que a causa do falecimento foi insuficiência respiratória.
Maria de Lourdes passou a fazer parte, no fim da década de 1970, do movimento que tinha como expressões a ex-vereadora e ex-presa política Rosa da Fonsêca, falecida em 2022, e a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenele.
Em depoimento sobre a militante, Maria Luiza relembrou passagem ao lado de Lourdes. A ex-prefeita a conheceu no período em que era deputada estadual no Ceará, entre 1979 e 1985.
Lourdes se aproximou do movimento por meio da luta dos servidores da área de saúde, entrando pelo viés das lutas específicas e sindicais. Durante o regime militar, abraçou a luta contra a ditadura, que posteriormente se transformou em movimento contra o capitalismo e pela emancipação humana.
Maria Luiza relata que Lourdes tinha um corpo pequeno e magro, mas não vacilava em levar as mensagens de luta.
"Não dá para dizer que ela se foi, porque como dissemos quando as outras companheiras partiram, nós dizemos que Lourdes está presente ontem, hoje e sempre, porque as marcas da sua luta estão no nosso corpo, na nossa mente, no nosso coração, firmes, avançando na perspectiva da emancipação".
O sepultamento ocorreu neste domingo, no cemitério São João Batista, em Fortaleza. Homenagem à Lourdes ocorre na tarde deste domingo na Praça Gentilândia, no bairro Benfica.
O grupo atualmente chamado Crítica Radical se organizou em meados da década de 1970 e se notabilizou no ativismo contra a ditadura militar, pela anistia aos perseguidos pelo regime e se espalhou por movimentos de mulheres, sindicatos e por moradia, entre outros. Desde o fim da década de 1990, deixou a política institucional.