O MDB esteve na linha de frente para formar aliança na nova conjuntura política liderada por Camilo Santana (PT) desde o racha com o grupo de Ciro Gomes em 2022 e, para 2026, está em processo de recolocação no cenário cearense. A prioridade da legenda é ter Eunício Oliveira (MDB) candidato a senador, numa disputa ferrenha. Em paralelo, trabalha a montagem de chapas majoritárias, e pode sofrer desfalques importantes.
A sigla tem atualmente a vice-governadora, Jade Romero. Para 2026, a permanência dela na mesma posição não é tratada como prioridade pela legenda, de modo que ela já se prepara para concorrer a deputada federal. Isso pode não ocorrer pelo atual partido.
A vontade dela e de membros do governismo, inclusive do governador Elmano de Freitas (PT), seria mantê-la como vice, mas isso depende de ampla e complicada composição da chapa governista, com partilha de espaços com outros partidos e caciques como PSB de Cid Gomes e o PSD de Domingos Filho — que não estavam na coligação governista em 2022 — além do Republicanos de Chiquinho Feitosa e outras forças.
Com a perspectiva mais provável de Jade tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, pelo menos cinco partidos já fizeram convite ela se filiar. Entre eles, PT e PDT.
Na Assembleia Legislativa (Alece), o partido tem três deputados e pode perder dois. Danniel Oliveira, sobrinho de Eunício, é o 1° vice-presidente. Agenor Neto é vice-líder do governo. Davi de Raimundão completa a bancada.
O POVO apurou que Agenor e Davi podem estar de saída do partido. Agenor está insatisfeito e tem tratativas com o Republicanos. Davi procura uma sigla onde tenha mais viabilidade, pensando na reeleição. Danniel por sua vez, começou articulações e conversas para tentar ser o próximo presidente da Assembleia.
Quem também pode sair é o primeiro suplente do partido, Audic Mota, atualmente assessor especial de Desenvolvimento Regional da Casa Civil. Na noite de sexta-feira, 5, ele foi recebido pelo governador, confirmou que será candidato a deputado federal e atrelou o projeto à campanha de reeleição de Elmano. Além do tradicional reduto nos Inhamuns, Audic avançou em bases no Maciço de Baturité, no Cariri e nos Sertões de Crateús.
Ele disse ao governador que poderá "repactuar" a filiação partidária, "com vistas a encontrar a legenda mais adequada para seu projeto". De olho no quociente eleitoral, ele admite migrar para outra legenda governista.
No plano federal, o MDB tem atualmente dois deputados federais — Yury do Paredão, além do próprio Eunício. O primeiro possui grande força de prefeituras e aliados pelo Interior. Eleito pelo PL em 2022, ele se filiou ao MDB em 2023, depois de ser expulso da sigla bolsonarista depois de foto ao lado de ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na qual fazia o "L" com os dedos. É aposta como puxador de votos e para reeleição. Já Eunício pretende retornar ao Senado.
Suplente, Nelinho Freitas deverá ser novamente candidato. Há chance de Rodrigo Paes de Andrade Oliveira, filho de Eunício, ser candidato também.