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Glauber Braga e Carla Zambelli se livram de cassação na Câmara
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Glauber Braga e Carla Zambelli se livram de cassação na Câmara

|Câmara| Manobra costurada pelo governo com o Centrão salvou mandato de Glauber
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O deputado Glauber Braga não foi cassado (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados O deputado Glauber Braga não foi cassado

Após extensa negociação do governo, a Câmara dos Deputados trocou a cassação pela suspensão do mandato do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) por seis meses nesta quarta-feira, 10. Foram 318 votos pela suspensão de seis meses e 141 contra, além de três abstenções.

Ele foi acusado de agredir com chutes Gabriel Costenaro - à época integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) - dentro das dependências da Casa no ano passado. Glauber afirmou que agiu daquela forma por Costenaro, segundo ele, fazer insinuações sobre a mãe dele, a ex-prefeita de Nova Friburgo Saudade Braga, que na época estava doente. Ela morreu 22 dias após o incidente.

Substituirá Glauber, durante o semestre, a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ). A movimentação de troca de penas foi encabeçada pelo líder do governo, José Guimarães (PT-CE), que trabalhou para convencer os demais parlamentares recuarem da decisão de derrubar de vez o mandato de Glauber.

Lideranças do Psol dizem que as negociações por um texto alternativo se alongaram pela manhã. Parlamentares da sigla relatam que havia um certo desconforto do Centrão em aprovar essa cassação. "Essa é a saída política, responsável, que fortalece o Parlamento", afirmou o deputado Alencar Santana (PT-SP), vice-líder do governo.

O deputado Zé Trovão (PL-SC) acusou o secretário especial de assuntos parlamentares, André Ceciliano, de telefonar para deputados oferecendo emendas para impedir a cassação de Glauber. "Isso é uma injúria", respondeu o governista Hildo Rocha (MDB-MA), que ameaçou apresentar representação contra Trovão no Conselho de Ética. À reportagem, Ceciliano disse que ligou para deputados pedindo para votarem contra a cassação de Glauber, mas não mencionou emendas.

Mais cedo, em entrevista, Glauber dava como certa a cassação e acusou os ex-presidentes da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e Eduardo Cunha (Republicanos-RJ) e o presidente do PP, Ciro Nogueira (PP-PI) como outros articuladores da sua queda política.

Lira ficou inconformado com a costura feita pelo governo para trocar o encerramento do mandato do parlamentar por uma suspensão de seis meses. Ele foi visto andando pela Câmara inconformado com a votação de destaque que deu preferência à votação da suspensão do mandato em vez do relatório que pedia a cassação. "Duzentos e tantos votos...p****!", disse Lira, no telefone.

Na véspera da decisão do plenário da Câmara, Glauber ocupou a cadeira do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e foi retirado à força pela Polícia Legislativa. Glauber discursou por 25 minutos em defesa do seu mandato. "Sobre o que aconteceu, eu confesso para os senhores e senhoras: para defender a minha família, eu sou capaz de muito mais", afirmou. "Para defender a minha família, um chute na bunda é nada."

Todas as principais movimentações do processo ocorreram neste ano. Glauber chegou a fazer uma greve de fome em abril, logo após o Conselho de Ética aprovar a sua cassação. Ele ocupou um plenário de comissão e fazia apenas a ingestão de água, soro fisiológico e isotônico durante a greve, que durou nove dias.

Na pauta do Plenário, havia também a representação contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP). Ela foi condenada a dez anos de prisão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por ser mandante de invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A parlamentar fugiu para a Itália na intenção de driblar a Justiça. Lá, ela foi presa e segue presa. Os deputados da oposição trabalharam para fazer a mesma manobra para, em vez da cassação, a parlamentar ser suspensa. Mas a Mesa Diretora negou e disse que o caso seria analisado ou para manter ou cassar o mandato.

O advogado da deputada discursou e pediu que os parlamentares não cassassem o mandato de Zambelli. Ele apelou para a independência do Parlamento e que a condenação não teria provas. A votação foi aberta e, por volta de uma manhã, veio o resultado: 227 para cassar. Eram necessários 257 votos para a cassação. Assim, o caso foi para o arquivamento. 

 

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