A Polícia Civil do Ceará, por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), deflagrou nesta sexta-feira, 12, operação de busca e apreensão em endereços ligados ao suplente de vereador Júlio Rocha Aquino Júnior, o Juninho Aquino (Avante). A deflagração da operação ocorre no mesmo dia em que o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) analisou recursos apresentados pelo vereador cassado.
A ação é parte de um inquérito instaurado após denúncias feitas pelo ex-vereador Marcio Cruz (PSD) durante o período eleitoral de 2024. Foram apreendidos o telefone celular de Aquino e outros materiais. O inquérito segue sob sigilo.
Aquino teve o mandato cassado por decisão unânime em agosto. Ainda nesta sexta-feira, o TRE-CE retomou o julgamento dos embargos de declaração apresentados pelo vereador. Em agosto, o pleno do Tribunal decidiu, por unanimidade, cassar o registro e o diploma de Juninho, por abuso de poder econômico.
Nesta sexta-feira, o relator do caso, juiz federal José Maximiliano Machado Cavalcanti, votou para manter a cassação, afastando as alegações de omissão, erro material e insuficiência probatória, e ressaltou que os embargos não servem para rediscutir a matéria já decidida. No entanto, o desembargador Leonardo Vasconcelos solicitou vista dos autos e interrompeu o julgamento.
Em 2024, Cruz registrou boletim de ocorrência relatando ter sido ameaçado por dois homens armados durante ato de campanha no bairro Jardim Iracema. Os suspeitos teriam se apresentado como integrantes da facção criminosa Comando Vermelho. No dia seguinte, segundo o ex-vereador, os mesmos homens foram até o comitê dele e determinaram o fechamento do espaço.
O ex-vereador relatou que, após a cassação de Juninho Aquino em agosto, novos episódios de ameaça teriam ocorrido. Um dia após a decisão, dois homens teriam ido à casa da família dele, o que o levou a registrar nova ocorrência na Polícia Federal e a entregar mais informações à Draco. “Estou aqui para acompanhar porque foi também fruto da minha denúncia. Eu fiz essa denúncia porque me senti prejudicado, ameaçado, tanto a minha integridade física como da minha família”, afirmou ao O POVO.
A defesa de Aquino é formada pelos advogados Adailton Campelo, André Quezado e Arsênia Breckenfeld. O advogado Adailton Campelo afirmou ao O POVO que a defesa acompanha “com tranquilidade” a operação da Draco realizada nesta sexta-feira, 12. Segundo ele, nem o parlamentar, nem a equipe tiveram acesso aos autos da investigação até o momento, mas ambos confiam no trabalho da Polícia Civil e do Judiciário.
Campelo declarou que Juninho Aquino considera ser alvo de “perseguição política”. “São coisas que a gente vai, com o decorrer do desenrolar dos acontecimentos, das apurações, nós com serenidade teremos o momento para rebater todas essas acusações”, afirmou o advogado.
O representante jurídico destacou ainda que Juninho possui atuação expressiva em bairros como Padre Andrade, Jardim Iracema e Barra do Ceará, o que, segundo ele, teria provocado incômodo a adversários políticos. Ele reforçou que a defesa aguarda o avanço das investigações e acredita que “a verdade será restabelecida”.
“É só questão de tempo demonstrar que o Juninho realmente é um vereador com mais de 8.000 votos, que tem feito um belíssimo trabalho na periferia, mais especificamente no bairro Padre Andrade, Jardim Iracema, Barra do Ceará, que tem incomodado os adversários”, disse.
O POVO procurou a Polícia Civil e a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para obter mais detalhes sobre a operação, mas não houve retorno até o fechamento.