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Deputados do PL são alvos de operação da PF por suspeita de desvio de verba pública
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Deputados do PL são alvos de operação da PF por suspeita de desvio de verba pública

|Ação| Um total de R$ 430 mil em dinheiro vivo foi apreendido na residência do deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara. Também do PL, Carlos Jordy também foi alvo da operação
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DEPUTADOS foram alvos de mandados de busca e apreensão  (Foto:  Michel Jesus/ Câmara dos Deputados e Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados )
Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados e Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados DEPUTADOS foram alvos de mandados de busca e apreensão

A Polícia Federal (PF) apreendeu um total de R$ 430 mil em dinheiro vivo na residência do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) em uma operação realizada nesta sexta-feira, 19, para apurar desvios na cota parlamentar. A investigação suspeita que o deputado, que é líder do PL na Câmara, fez repasses para uma locadora de veículos com o objetivo de desviar recursos da Casa. 

No endereço onde o parlamentar vive em Brasília, em um flat, os investigadores encontraram no armário uma sacola preta cheia de notas de R$ 100, que foram contabilizadas e apreendidas sob suspeita de serem provenientes do desvio de recursos públicos. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) também foi alvo de busca e apreensão, mas não foi encontrado dinheiro vivo em seu endereço. 

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A Polícia Federal apontou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a existência de em torno de R$ 28 milhões em movimentações suspeitas, sem justificativa plausível, em contas de assessores dos gabinetes dos deputados, bem como funcionários do partido, entre outras pessoas próximas aos parlamentares.

Um assessor Sóstenes movimentou R$ 11 milhões em débitos e R$ 11 milhões em créditos e seria um dos responsáveis por operar os desvios de recursos da cota parlamentar, segundo os investigadores.

Essas expressivas transações financeiras foram do assessor Adailton Oliveira dos Santos, que já esteve lotado no gabinete de Sóstenes e depois foi vinculado à liderança do PL, função atualmente exercida pelo deputado na Câmara. A defesa dele não tinha se manifestado até o fechamento desta página. 

As informações constam no relatório parcial, cujo sigilo foi levantado pelo ministro Flávio Dino, relator do caso no Supremo, e que embasou a Operação Galho Fraco. Ontem, os agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão autorizados por Dino com o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). As diligências incluíram busca pessoal, veicular e em imóveis de Jordy e Sóstenes.

Segundo as investigações, os dois parlamentares são suspeitos de usar locadoras de veículo de fachada para desviar a cota parlamentar - verba a que cada congressista tem direito para pagar custear o funcionamento de seus gabinetes, incluindo despesas com o aluguel de frota de carros para deslocamento do deputado ou senador.

Os desvios de recursos ocorriam, de acordo com a investigação, por meio de pagamentos a uma locadora de veículos. Para a PF, essa empresa era uma fachada com o objetivo de devolução de dinheiro pago por meio da cota parlamentar. A PF afirmou que os deputados e os assessores integraram organização com divisão clara de tarefas e "objetivo claro e certo de ocultar/dissimular valores oriundos de infração penal".

Em parecer, a  PGR, como dito da decisão de Dino, diz que: "As hipóteses criminais apontadas pela Autoridade Policial guardam pertinência com a prática dos crimes de peculato, integração de organização criminosa e lavagem de dinheiro".

 

 

 

 

O que dizem os deputados

Em relação ao dinheiro encontrado em um saco plástico dentro de um armário na casa de Sóstenes, o deputado disse que sua origem lícita será comprovada por seus advogados e que todo o caminho do dinheiro está registrado.

Questionado, Sóstenes disse não se lembrar de quando o imóvel foi vendido ou há quanto tempo guarda o dinheiro vivo em casa. “Com essa correria de trabalho acabei não fazendo o depósito”, explicou o parlamentar. “Ninguém pega dinheiro ilícito e bota dentro de casa ”, acrescentou o líder do PL.

Sobre os carros alugados, ele afirmou que utiliza os veículos, razão pela qual não se poderia falar em lavagem de dinheiro. “O carro sempre esteve aqui, é só olhar as câmeras para buscar e ver se estou colocando algum contrato para ressarcimento ilícito”.

Perguntado sobre a locadora contratada pelo gabinete, que parece não funcionar no endereço declarado nos contratos, Sóstenes respondeu não saber os detalhes sobre as contratações. “A única orientação que dou à minha equipe é para o preço baixo, não quero sobrepreço”, disse.

Jordy publicou um vídeo nas redes sociais no qual afirmou que, desde o início do seu primeiro mandato, realizou pagamentos à empresa investigada para o aluguel de carros. Ele disse que Sóstenes também utiliza os serviços da mesma locadora, assim como outros deputados. "Isso aqui é mais do que querer nos intimidar, é uma pesca probatória, é fishing expedition. Eu não vou me deixar abalar com isso", afirmou.

Ele alego estar sendo perseguido por Dino e negou qualquer esquema ilegal. “Hoje (ontem), no aniversário da minha filha, a PF fez busca e apreensão novamente na minha casa por determinação de Flávio Dino [ministro do STF]. Perseguição implacável!”, escreveu.

 

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