O ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) tem se aproximado da direita bolsonarista no Ceará desde o segundo turno das eleições para prefeito de Fortaleza, no final de 2024. Nesta conciliação com ex-adversários políticos, estão acenos, diálogos, discursos de "desculpas" e até mesmo a retirada de processos de uns contra os outros.
Nesta semana, o ex-presidenciável retirou processos contra o vereador de Fortaleza Inspetor Alberto (PL). Em 2020, o parlamentar gravou diversos vídeos atacando Ciro. Em reação, o ex-governador entrou com ação judicial pedindo indenização de R$ 50 mil por danos morais.
Na justificativa do pedido de desistência do processo, assinada pelas defesas tanto de Ciro quanto de Alberto, é dito que ambos estão em aproximação, por isso optaram por quitação mútua.
"Considerando a recente e amigável aproximação entre as partes, que optaram por resolver todas as controvérsias de forma extrajudicial, o autor vem manifestar a perda superveniente do interesse de agir no prosseguimento da demanda judicial em epígrafe que move em desfavor do ora promovido", diz a manifestação apresentada em novembro e homologada no último dia 16.
Ciro Gomes já tinha feito o mesmo com antigos desafetos. Entre estes, está o ex-deputado federal Capitão Wagner (União). O tucano pediu desculpas públicas a Wagner pelas ofensas e ataques num passado não tão distante.
"Eu tinha três processos contra o Ciro. Tirei os processos, porque não faz mais sentido eu estar processando o Ciro por uma fala que ele fez que, agora, ele reconhece que foi equivocada para aquele momento", disse Wagner.
As ações diziam respeito a uma série de acusações feitas por Ciro contra Wagner ao longo das eleições de 2016, 2018 e 2020. Uma delas chegou a ter decisão favorável na 1ª instância ao ex-deputado do União, com condenação em R$ 20 mil contra Ciro.
Da mesma forma, Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, também retirou três processos que tinha na Justiça contra Ciro Gomes. Em cada ação, o dirigente partidário pedia R$ 100 mil em indenização por danos morais.
Em um debate presidencial realizado pela Revista Veja, em 2022, Ciro acusou Valdemar de corrupção enquanto geria o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O Bolsonaro repete a mesma prática. Valdemar Costa Neto, o Lula deu o Dnit para roubar, foi preso e condenado, no Mensalão. Agora o Bolsonaro é filiado ao Dnit", afirmou Ciro na época.
Em setembro de 2025, Valdemar deu entrevista sinalizando que o PL iria apoiar Ciro para governador do Ceará, antes da suspensão da aliança por atrito com Michelle Bolsonaro. Ele afirmou ser "o único jeito de vencer o PT".
"Eu tenho três processos contra o Ciro. Liguei pro Marcelo Bessa no dia seguinte e falei: Marcelo, como é que tão os processos contra o Ciro? Ele disse, 'Tá tudo parado, faz tempo, Valdemar.' Eu falei, 'Tira os três. Esquece'. Porque o Ciro mete o pau até na sombra, agora é um fenômeno. Pra você ver. Agora, é o único jeito de tirar o PT no Ceará", declarou.